Com a chegada do Dia dos Namorados, os gestos de afeto ganham protagonismo nas ruas, comerciais, nas redes sociais e nos corações principalmente, mas os benefícios do amor vão muito além do romantismo. Estudos recentes reforçam a importância dos relacionamentos amorosos para a saúde mental, emocional e cognitiva, apontando que uma vida afetiva equilibrada pode ser um verdadeiro investimento no bem-estar.
O amor tem ajudado casais como Regina Célia e Rene Luiz a superar inclusive problemas de saúde mental. Eles se conheceram dentro da Colônia Juliano Moreira – antigo hospício no Rio de Janeiro – e hoje fazem juntos o acompanhamento em saúde mental no Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) Manoel de Barros, na Taquara, e moram na mesma residência terapêutica (RT). Com a sincronização perfeita, os dois constroem uma linda história de amor e superação e fazem aniversário de casamento neste dia 12.
Uma pesquisa publicada em 2024 pela American Psychological Association revelou que indivíduos em relacionamentos amorosos saudáveis têm 50% menos probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, em comparação com aqueles que enfrentam relações conflituosas ou vivem em isolamento emocional. O estudo também mostrou que esses indivíduos relatam níveis mais altos de satisfação com a vida, maior resiliência diante de situações adversas e menor incidência de distúrbios do sono.
Além disso, uma pesquisa conduzida no mesmo ano pela Aalto University, na Finlândia, demonstrou que o chamado “amor romântico” ativa áreas específicas do cérebro associadas à recompensa, empatia e regulação emocional como os gânglios da base e o córtex pré-frontal. Essa ativação neurológica está diretamente ligada à sensação de segurança emocional, fortalecimento das funções cognitivas e estímulo à memória e ao aprendizado.
Uma relação afetiva saudável atua como um fator protetor. Isso ajuda a reduzir níveis de estresse, melhora a saúde do cérebro de forma geral, ou seja, estar emocionalmente conectado com alguém libera substâncias que nutrem o cérebro, fortalecendo suas funções gerais” explica Ana Carolina Gomes, neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Relacionamentos pautados na confiança, no apoio mútuo e na intimidade emocional são fundamentais para uma vida mais saudável e equilibrada, contribuindo significativamente para a longevidade. Os impactos positivos dessas conexões vão além do campo emocional, refletindo também na saúde biológica e neurológica, ao reduzir o estresse, fortalecer o sistema imunológico e melhorar a qualidade de vida ao longo dos anos, reforça a especialista.
Neste Dia dos Namorados, vale lembrar que cultivar um relacionamento é também uma forma de autocuidado. Mais do que um gesto simbólico ou uma data comemorativa, amar e ser amado contribui de maneira concreta para o bem-estar integral, funcionamento pleno do cérebro e uma conexão que é boa para o coração e essencial para a mente”, diz a neurologista.
Casal de pacientes é exemplo de cuidado e companheirismo
O folhetim de Regina Célia Freire da Silva, de 61 anos, e Renê Luiz Brito Rodrigues, de 65 anos, começou em 2022, no Centro de Cultura e Convivência (CECCO) Pedra Branca, localizado na antiga Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá. Os olhares se cruzaram em um dia comum de trabalho, ou melhor, o olhar de Regina.
Ela estava trabalhando como de costume na cantina do CECCO, quando avistou Renê. Com os olhos encantados, ela prometeu ao coração acelerado que seria namorada do moço que trabalhava no brechó do CECCO. O CECCO faz parte das Redes de Atenção Psicossocial (RAPS) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
O trabalho das RAPS nesses espaços é direcionar assistência integral e humanizada para os pacientes de saúde mental, além de integração através da arte. Desta forma, o modelo adotado favorece o cuidado territorial e evidencia a diversidade artística da região, contribuindo diretamente na luta antimanicomial.
Desde o início, a primeira iniciativa foi de Regina, puxando conversa com o moço do brechó, até então então tímido, e convidando para sair. Depois de algumas semanas, veio o pedido de namoro.
Com a memória um pouco falha, os dois não se lembram de quando trocaram alianças. Mas também não casaram oficialmente, foi um casamento moderno, com troca de alianças para firmar compromisso.
Não lembro qual ano foi, mas sei que foi no dia 12 de junho. Deve ter sido em 2020 ou 2021. Não consigo lembrar o ano que trocamos alianças. Mas todo dia 12 de junho a gente comemora o ‘casório’. Eu faço um bolo e festejamos”, conta Regina.
Além do convívio no trabalho no CECCO, os dois são pacientes do CAPS Manoel de Barro, o que aumentou ainda mais o contato entre Regina e Renê quando se conheceram. Com o início do relacionamento, também veio o apoio para os respectivos tratamentos em saúde mental.
Quando se conheceram, Renê morava em uma RT em outro bairro, e poucos meses depois abriu uma vaga na moradia de Regina, então ele pediu transferência para morar com a amada.
Não temos uma lembrança especial, todo dia é especial. A Regina é muito bondosa com as pessoas, sou apaixonado pela bondade dela”, Renê conta o que mais gosta na namorada.
Com Assessorias