O Agosto Dourado foi batizado com este nome em função da cor dourada, estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera o leite materno um “alimento de ouro”. A “hora de ouro” é a primeira hora após o nascimento, que potencializa o sucesso do aleitamento para a mãe e o bebê.
O contato entre eles imediatamente após o parto promove a continuação do vínculo que começou durante a gestação e ajuda o bebê nesta transição do útero para o mundo. Esse é o momento preferencial para que o recém-nascido receba sua primeira alimentação, o leite materno.
A OMS orienta que os bebês recebam apenas leite materno até os seis meses de vida. Após esse período, a criança deve receber alimentos saudáveis, de acordo com a orientação do pediatra, mantendo a amamentação até os dois anos ou mais.
Entretanto, mesmo diante de tantos benefícios e amplos estudos e debates, barreiras como o desconhecimento de profissionais, que não promovem o aleitamento materno, crenças populares não comprovadas cientificamente, dificuldades enfrentadas pela lactante, entre outros fatores, podem resultar no desmame precoce de bebês.
‘Reduzindo a lacuna: apoio à amamentação para todos’
No Brasil a campanha Agosto Dourado é instituída pela Lei Federal n°13.345 de 12 de abril de 2017. O tema escolhido esse ano pela WABA – Alliance for Breastfeeding Action – para a campanha é “Reduzindo a lacuna: apoio à amamentação para todos”.
Entre os objetivos da data estão: informar as pessoas sobre as desigualdades que existem no apoio e prevalência da amamentação; envolver-se com indivíduos e organizações para melhorar a colaboração e o apoio à amamentação e mobilizar ações para reduzir as desigualdades no apoio à amamentação, concentrando-se nos grupos vulneráveis.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reforça a campanha de conscientização sobre o aleitamento materno e reafirma a importância das iniciativas em prol do incentivo à amamentação, conforme indicação da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Reunimos aqui informações da ANS e de especialistas do Sabará Hospital Infantil para ajudar a esclarecer alguns mitos e verdades sobre a amamentação e as principais perguntas das mães durante o período de internação que podem ajudar as mães que estão em casa também.
MITOS E VERDADES SOBRE AMAMENTAÇÃO
1 – O leite materno é um superalimento
VERDADE – Na amamentação, o bebê recebe os anticorpos da mãe para proteção contra diversas doenças, tais como diarreia e infecções, principalmente as respiratórias. O risco de asma, diabetes e obesidade é menor em crianças amamentadas. A amamentação é um excelente exercício para o desenvolvimento dos ossos e músculos da face da criança, incluindo dentição, fala e respiração.
2 – Amamentação é um ato íntimo e deve ser feito apenas em lugares reservados
MITO – A amamentação não é um ato íntimo e a mãe não precisa se privar desse momento: pode ser feita em qualquer lugar, a hora que quiser, pelo tempo que for necessário, sem que a mãe passe por qualquer tipo de constrangimento.
3 – Algumas mães produzem leite mais fraco.
MITO. Muitas mulheres, especialmente as mães de primeira viagem, já ouviram a frase “seu leite é fraco”. A ideia do leite fraco, ainda nos dias de hoje, continua sendo uma das principais causas da complementação precoce. Mas especialistas garantem que não há nenhum leite materno fraco. O leite materno contém todos os nutrientes de que a criança necessita, sendo o alimento ideal e exclusivo até o sexto mês de vida e recomendado até os dois anos ou mais.
A nutricionista Fernanda Rabelo, coordenadora do Serviço de Nutrição do Sabará Hospital Infantil, explica que a composição do leite materno varia em função da faixa etária do bebê. Normalmente são três fases:
– a primeira: colostro possui maior concentração de proteínas e anticorpos, sendo considerado “a primeira vacina do recém-nascido”, com repercussões para a vida toda.
– a segunda: o leite de transição normalmente até o 15º dia, este leite é rico em gordura e lactose;
– a terceira: o leite maduro, que possui um equilíbrio perfeito entre macro e micronutrientes, e representa a nutrição ideal para alimentação exclusiva do bebê até o 6º mês de vida. Nas consultas de rotina, deve ser aferido peso e estatura para acompanhar o desenvolvimento do bebê.
4 – A amamentação é uma grande aliada para a saúde do bebê
VERDADE – O colostro é o primeiro leite que a mulher produz quando começa a amamentar. É altamente concentrado, repleto de proteínas e rico em nutrientes – por isso, mesmo uma pequena quantidade, pode fazer toda a diferença no estômago do bebê. Ainda combate infecções, ajuda no sistema imunológico, contribui para o funcionamento do intestino do bebê e previne contra a icterícia (condição que ocorre quando as células vermelhas do sangue quebram, levando o bebê a produzir bilirrubina, substância amarelo-alaranjada de difícil eliminação, pois seu fígado não está totalmente desenvolvido).
5 – A alimentação da mãe influencia na qualidade do leite.
VERDADE. A alimentação da mãe durante a amamentação deve conter alimentos in natura ou minimamente processados. No período de aleitamento materno, a mulher deve dar preferência a comidas feitas em casa e pratos que incluam alimentos naturais como frutas, legumes, verduras, arroz, feijão, carnes e ovos, ou seja, comer comida de verdade! Se a mãe tem uma alimentação saudável vai ajudar também na hora da introdução alimentar do bebê.
O recomendado é que a mãe tenha uma alimentação variada, saudável e equilibrada, evitando longos períodos sem se alimentar. É fundamental a hidratação, e incluir na alimentação fontes de cálcio, vit. A e beta caroteno. Reduzir o consumo de cafeína, como café, chocolates, refrigerantes a base de cola, chá mate, preto e verde. Importante o equilíbrio, não realizar restrições alimentares sem a orientação de um profissional habilitado”, diz a nutricionista Fernanda Rabelo.
6 – Mamadeira e chupeta interferem no aleitamento.
VERDADE. Mamadeira e chupeta interferem na amamentação uma vez que o trabalho de sucção que o bebê realiza no seio materno pode ser equiparada a uma ordenha, enquanto a sucção em mamadeira e chupeta ocorrem de maneira mais superficial e não conseguem alcançar grupos musculares tão amplos como ocorre com a extração do leite materno. ao serem expostos à chupeta e/ou mamadeira os bebês poderão abandonar o peito materno.
7 – Estresse e nervosismo podem atrapalhar a produção do leite.
VERDADE. O estresse e o nervosismo podem reduzir a ocitocina e prolactina, e dificultar o processo de amamentação.
8 – O intervalo ideal entre as mamadas é de 3 em 3 horas.
MITO. “Normalmente há dúvidas sobre o horário certo para amamentar. Ressaltamos que não existe um período nem uma frequência exata — cada bebê tem seu ritmo de mamada. Como o leite materno é bem digerido pela criança, tantas vezes o intervalo é menor (nada a ver com leite fraco!). Bebês amamentados em livre demanda não passam fome”, diz a nutricionista.
As mães também não devem ficar preocupadas em excesso com o ganho de peso do bebê. Cada um tem seu ritmo próprio de crescimento e desenvolvimento. o essencial aqui é realizar o acompanhamento com o pediatra regularmente e estar atento às eliminações de xixi e cocô. se o bebê parar de urinar e evacuar, o pediatra deve ser comunicado imediatamente
9 – O bebê deve arrotar depois de mamar.
VERDADE. Ao arrotar o bebê elimina o ar que pode ter deglutido durante a mamada. Coloque o bebê no seu colo, na posição vertical, por 10 minutos. Pode ser útil colocar uma fralda no ombro para proteger a roupa, pois é comum a saída de um pouco de leite. Vale ressaltar que nem sempre é possível ouvir o som da saída do ar (arroto).
10 – Quando o bebê está com algum quadro respiratório, como bronquiolite ou gripe, ele pode ser amamentado.
VERDADE. A equipe multidisciplinar realizará a avaliação para definir a melhor via de alimentação (dieta oral e/ou enteral) para este momento, porém deve-se manter a oferta do leite materno independente da via escolhida para alimentação.
11 – Quem tem prótese de silicone não pode amamentar.
MITO. O silicone não interfere na qualidade do leite materno, pois as próteses ficam localizadas abaixo das glândulas mamárias. “A prótese, em si, não impede a amamentação por não alterar a glândula responsável pela produção do leite. O problema pode ocorrer no tipo de cirurgia escolhida, que envolve o local do corte e a região onde o implante é colocado”, ressalta a especialista.
12. Amamentar dói.
MITO. Amamentar não dói. É esperado que a mulher sinta certa sensibilidade no início, mas nada que a impeça de amamentar. Se ocorrer uma dor insuportável, rachaduras nos mamilos ou feridas, ela deve procurar um banco de leite humano em sua cidade ou serviço de saúde especializado em aleitamento materno para ajustar a pega do bebê, avaliar a língua e as técnicas de amamentação. Se estiver tudo certo, essa sensibilidade passa nos primeiros dias. Caso sinta qualquer desconforto, a mulher não deve hesitar em procurar ajuda especializada o mais rápido possível.
13. Amamentar tem efeitos contraceptivos.
VERDADE. Sim, mas é um efeito temporário e a mãe precisa estar com o aleitamento exclusivo, sem mamadeira ou fórmula. Esse efeito ocorre pelo alto índice de prolactina (hormônio que estimula a produção do leite), fazendo com que a mulher não ovule e nem menstrue. A mulher que amamenta pode voltar a menstruar de dois meses a um ano após o parto.
14. Amamentar emagrece.
MITO. Amamentar pode queimar entre 500 e 700 calorias extras por dia. Apesar de ser uma quantidade expressiva, isso não significa que apenas amamentar ajudará a retornar ao peso anterior à gravidez.
Com informações da ANS e Sabará Hospital Infantil