Estudo divulgado em julho pela revista científica Thorax trouxe um alerta inédito: o consumo elevado de alimentos ultraprocessados está associado a um aumento de 41% no risco de câncer de pulmão. Foi a primeira pesquisa a relacionar diretamente esses alimentos, presentes na rotina de grande parte da população, com a incidência da doença.
Refrigerantes, salgadinhos, sopas prontas, nuggets de frango, sorvetes e outros produtos ultraprocessados possuem ingredientes artificiais como conservantes, emulsificantes, corantes e gorduras modificadas. Segundo os pesquisadores, esses aditivos podem alterar a absorção de nutrientes e liberar contaminantes nocivos ao organismo, elevando o risco de doenças graves.
Apesar do impacto do resultado, os cientistas reforçam que não se pode afirmar que os ultraprocessados causam câncer de pulmão. A pesquisa mostra uma relação estatística significativa, mesmo após controlar fatores como tabagismo.
Às vezes, pode parecer distante imaginar que a alimentação tenha relação com o câncer de pulmão. Mas esse estudo chamou a atenção porque mostrou justamente isso: um aumento de 41% de risco em pessoas que consomem ultraprocessados”, afirma o oncologista Maikol Kurahashi, diretor técnico do Eco Oncologia, em Curitiba. Ele reforçou que os alimentos que escolhemos são fundamentais para prevenir não só o câncer de pulmão, mas também de outros tipos de tumores em diversos locais do corpo.
Câncer de pulmão: números preocupantes
O câncer de pulmão é o que mais mata no mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é o terceiro mais comum entre os homens e o quarto entre as mulheres no Brasil, com mais de 32 mil novos casos previstos por ano. Apenas em 2020, a doença foi responsável por 28.618 mortes no país.
Se o padrão atual de consumo de tabaco for mantido, a estimativa é que até 2040 o número de casos cresça 65% e a mortalidade aumente 74%.
O câncer de pulmão é um tumor extremamente letal, mas a mortalidade tem diminuído graças ao avanço das terapias e também à queda no tabagismo. Hoje, no entanto, cresce muito o número de pacientes que nunca fumaram e que desenvolvem a doença por outros fatores”, explica Dr. Maikol.
Além do cigarro: poluição ambiental também preocupa
Se durante décadas o tabagismo foi o principal vilão, hoje especialistas observam outra ameaça: a poluição do ar. O número de pacientes com câncer de pulmão que nunca fumaram cresce em ritmo acelerado. E a poluição é apontada como uma das principais causas.
Esse é um tópico difícil, porque não temos como escolher o ar que respiramos. Mas é uma pauta urgente que precisa de ações governamentais e sociais para reduzir a exposição da população a agentes poluentes comprovadamente relacionados ao câncer de pulmão”, alerta o oncologista.
Tratamento e prevenção
Nos últimos anos, o tratamento do câncer de pulmão avançou com a imunoterapia e as terapias alvo, que permitem combater mutações genéticas específicas do tumor. Esses recursos já possibilitam que pacientes vivam por muitos anos, mesmo em casos metastáticos.
Ainda assim, a prevenção segue sendo a melhor forma de enfrentar a doença: evitar tabaco (incluindo cigarros eletrônicos), reduzir ultraprocessados, praticar atividade física e adotar uma alimentação equilibrada. Estes dois últimos itens são fundamentais para a prevenção de diversos outros tipos de câncer.
A campanha Agosto Branco, voltada à conscientização sobre o câncer de pulmão, reforça a importância de olhar para hábitos de vida que podem reduzir riscos. Este ano, além do combate ao tabagismo, a campanha ganha força com a discussão sobre poluição e alimentação saudável como fatores preventivos.
Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão estão o tabagismo, a exposição ao fumo passivo, a poluição atmosférica, a exposição a substâncias químicas e a predisposição genética.
Os dados são alarmantes e representam uma preocupação significativa para a saúde pública em todo o planeta. O câncer de pulmão é uma das formas mais comuns de câncer, sendo o primeiro em incidência em homens no mundo, e o terceiro em mulheres. São 1,8 milhão de mortes anuais (o mais letal de todos, respondendo por 18,4% de todas as mortes por câncer), segundo o levantamento Globocan, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS).
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que por ano, ocorrem mais de 32 mil novos casos de câncer de pulmão no Brasil, sendo responsável por cerca de 13% de todos os casos de câncer. O câncer de pulmão é o terceiro mais frequente entre homens e o quarto mais comum entre as mulheres, com estimativas de 32.560 novos casos em 2023, sendo 18.020 entre homens e 14.540 em mulheres.
De acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer – SIM, em 2020 foram registradas 28.620 mortes por câncer de pulmão no Brasil. Além disso, é a principal causa de morte por câncer em homens e a segunda em mulheres, representando um grande desafio para a saúde pública, já que os sinais podem ser inespecíficos e frequentemente confundidos com outras patologias pulmonares.
Os sintomas do câncer de pulmão podem variar, sendo os mais comuns a tosse persistente, falta de ar, dor no peito, perda de peso, fadiga e presença de sangue no catarro. No entanto, é importante destacar que muitas vezes esses sintomas só aparecem em estágios avançados da doença, o que ressalta a importância do diagnóstico precoce.
Atualmente, as principais dificuldades dos tratamentos anticâncer incluem a crescente resistência dos tumores às drogas e a heterogeneidade do tumor. É necessário levar em conta que cada paciente é único, cada tumor é único e as respostas de tratamento também devem ser assim consideradas.
Alguns tumores mostram-se resistentes a certos medicamentos e saber previamente quais terapias são mais eficazes para cada caso particular contribui para a tomada de decisão dos médicos oncologistas. Com os avanços da medicina, desde que seja realizado um diagnóstico precoce, a probabilidade de cura aumenta no câncer de pulmão.
Agosto Branco alerta para os fatores de risco e prevenção
No mês de agosto, a atenção se volta para uma importante campanha de conscientização: o Agosto Branco, dedicado à prevenção e combate ao câncer de pulmão. O objetivo dessa iniciativa é informar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, sintomas, causas e tratamentos disponíveis para essa doença que afeta milhares de pessoas em todo o Brasil.
Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão estão o tabagismo, a exposição ao fumo passivo, a poluição atmosférica, a exposição a substâncias químicas e a predisposição genética. É importante ressaltar que o tabagismo é o fator de risco mais relevante, estando associado a aproximadamente 90% dos casos da doença.
Por isso, a campanha Agosto Branco destaca os aditivos utilizados nos produtos derivados do tabaco para conferir sabor e aroma. Conforme o entendimento do INCA, tais produtos incentivam a experimentação e o consumo por crianças, jovens e adolescentes.
Marcela Roiz, do Programa Nacional de Controle de Tabagismo do INCA, afirma que o Brasil tem uma legislação bastante avançada. “Nossa política nacional de controle ao tabagismo é reconhecida mundo afora, uma das mais exitosas. O que temos observado é que o tabagismo vem caindo entre a população adulta, mas percebemos um ligeiro aumento de outras parcelas da população. Dispositivos eletrônicos vivem chamando a atenção entre os mais novos.”
FATORES DE RISCO
Os principais fatores de risco para o câncer de pulmão são:
– História ou uso atual de tabaco
– Exposição ao fumo passivo
– Exposição a amianto, arsênico, cromo ou outros produtos químicos
– Viver em uma área com poluição do ar
– História familiar de câncer de pulmão
– Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)
SINTOMAS
Os sintomas do câncer de pulmão variam de pessoa para pessoa. Muitas vezes, os sintomas são facilmente confundidos com doenças respiratórias comuns, como bronquite ou pneumonia, atrasando um diagnóstico preciso. Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão incluem:
– Tosse que não desaparece e piora com o tempo
– Dor no peito constante e muitas vezes agravada pela respiração profunda, tosse ou riso
– Dor no braço ou ombro
– Tosse com sangue ou catarro cor de ferrugem
– Falta de ar
– Chiado
– Rouquidão
– Infecções como pneumonia ou bronquite que não desaparecem ou voltam com frequência
– Inchaço do pescoço e rosto
– Perda de apetite e/ou perda de peso
– Sentir-se fraco ou cansado
– Alargamento das pontas dos dedos e leito ungueal também conhecido como “baqueteamento digital”
Se o câncer de pulmão se espalhar para outras partes do corpo, pode causar:
– Dor no osso
– Fraqueza no Braço ou dormência na perna
– Dor de cabeça, tontura ou convulsão
– Problemas de equilíbrio ou uma marcha instável
– Icterícia (coloração amarela) da pele e dos olhos
– Gânglios linfáticos inchados no pescoço ou ombro
Com Assessorias