Cães e gatos são grandes parceiros, muitas vezes considerados membros das famílias, mas precisam de cuidados para ficarem saudáveis e não representarem um risco à saúde pública. Raiva, esporotricose e leishmaniose são exemplos de doenças transmissíveis entre animais e seres humanos – as chamadas zoonoses.
Neste dia 6 de julho é celebrado o Dia Mundial das Zoonoses, para lembrar sobre a importância da prevenção e tratamento dessas doenças, que têm como um dos principais fatores para sua disseminação a falta de controle sobre populações animais.
Para combater e prevenir as zoonoses no Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS-Rio), por meio do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (Ivisa-Rio), conta com duas unidades de medicina veterinária, responsáveis pela vigilância, prevenção e controle das zoonoses e por prestar assistência médica veterinária à população animal da cidade.
Uma das zoonoses mais comuns é a esporotricose, caracterizada por lesões na pele. Embora mais frequentes em gatos, cães também podem ser infectados se houver contato com animal doente. A doença começa com aparecimento de feridas na face e nas patas, que progridem para o restante do corpo.
Só neste ano, até o mês de junho, foram realizadas 6.574 consultas clínicas para esporotricose no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) Paulo Dacorso Filho, em Santa Cruz, e no Centro de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman (CJV), na Mangueira. Em média, são realizados 100 atendimentos por dia nos dois centros.
Tratamento da esporotricose é fornecido gratuitamente
A esporotricose é tratada com medicamento, fornecido gratuitamente nos dois centros de medicina veterinária da prefeitura. Durante esse período, o animal deve permanecer isolado, em ambiente limpo, livre de matéria orgânica, sem contato com terra, plantas e árvores, que são locais onde o fungos da doença é encontrado.
O tratamento recomendado dependerá da avaliação individual de cada animal a partir do atendimento médico veterinário e é fundamental para reduzir a possibilidade de transmissão da doença. Em alguns casos pode durar mais de 6 meses, mas a cura pode ser observada após o desaparecimento de todas as lesões.
Um dos exemplos de sucesso é a cadela Rebeca: “Ela chegou com muitas lesões graves e ninguém sabia ao certo o diagnóstico, só havia a história de contato com gato com esporotricose. Iniciamos o tratamento e fizemos a coleta para o exame laboratorial. Em 15 dias as lesões começaram a regredir. Ela ficou cerca de um ano em tratamento e ficou totalmente curada”, conta a coordenadora Kemle Miranda.
Pessoas também podem ser infectadas
As pessoas também podem ser infectadas por arranhões de gatos contaminados. Os sintomas começam com surgimento de uma lesão avermelhada, que pode desaparecer ou aumentar de tamanho e vir acompanhada de outras lesões enfileiradas, e também podem incluir dores nas articulações e febre. Nesse caso, a pessoa deve procurar uma unidade de Atenção Primária do município.
Pessoas que trabalham diretamente com animais ou estão em contato diário com eles têm mais chances de contrair uma zoonose, já que o contato direto com dejetos ou secreção de animais infectados é uma das principais formas de transmissão.
Para evitar a contaminação, é importante que esses profissionais utilizem equipamentos de proteção individual no momento de trato do animal. Além do contato, a transmissão também pode ocorrer por meio de mordeduras e arranhaduras de animais doentes, picada de insetos, imersão em água ou solo infectados e ingestão de água ou alimentos contaminados.
Após contato com animal doente ou agressão por cães e gatos, é recomendado procurar uma unidade de Atenção Primária do município para receber as devidas orientações de um profissional de saúde. Em casos de agressão, o CCZ deve ser acionado por meio da Central de Atendimento 1746 para notificar a ocorrência.
Além disso, é recomendado que o animal seja observado durante 10 dias para identificar se há sinais de raiva. Se o animal adoecer, sumir, mudar de comportamento ou morrer, um novo contato deve ser feito com o CCZ e uma equipe será enviada ao local para avaliação ou remoção, e realização de exame diagnóstico de raiva.
Prevenção da raiva animal, erradicada há 30 anos
Zoonose muito grave que acomete o sistema nervoso central dos mamíferos, a raiva é transmitida por meio de mordedura ou lambedura de animal doente, tendo como principal transmissor o morcego hematófago, que se alimenta do sangue desses animais.
Nos cães e gatos a doença pode se manifestar de duas formas: furiosa, em que animal apresenta angústia, inquietação, excitação e agressividade; ou paralítica, forma mais leve sem manifestação de agressividade, apresentando sinais de paralisia que evoluem para a morte.
Em humanos, a raiva se manifesta, inicialmente, com mal-estar, febre, falta de apetite, dor de cabeça, enjôos, dor de garganta e irritabilidade, podendo também apresentar dor, queimação e formigamento no local da mordedura.
Por ser uma doença sem cura e fatal, é imprescindível que, em caso de mordedura, a pessoa procure uma unidade de saúde para avaliação e, se necessário, aplicação da vacina antirrábica ou do soro antirrábico, conforme indicação clínica.
A profilaxia antirrábica é oferecida em unidades de referência, cujos endereços podem ser consultados aqui.
Na cidade do Rio de Janeiro, a raiva encontra-se sob controle, tendo seu último caso registrado em humanos há mais de 30 anos e em animais domésticos há mais de 20 anos. Para a prevenção da doença, o tratamento mais eficaz é a vacinação antirrábica de cães e gatos, concedida gratuitamente no CCZ e no CJV, de segunda a sexta-feira das 9h às 16h.
Para ampliar a cobertura vacinal de animais domésticos, a Prefeitura do Rio, por meio do Ivisa-Rio, também realiza anualmente a campanha de vacinação antirrábica em toda a cidade. Cerca de 5 mil animais foram vacinados até o mês de junho.
Inquérito epidemiológico
O Ivisa-Rio monitora os casos suspeitos e confirmados de zoonoses por meio de inquérito epidemiológico e notificações no site da vigilância sanitária. Em relação à esporotricose, se o animal apresentar risco à saúde pública, pode ser feito o recolhimento.
“Nós fazemos inquéritos epidemiológicos de casa em casa em regiões onde é verificado maior número de casos positivos de leishmaniose em animais, com coleta de sangue para análise e diagnóstico em laboratório, e orientamos a população. Este ano já realizamos 824 inquéritos caninos e investigamos 204 animais confirmados de leishmaniose em atendimento e notificados pelo site do Ivisa”, conta Kemle Miranda.
Da SMS-Rio, com Redação