Por Márcia Tolotti*
O mês de agosto carrega alguns mitos populares que nos acompanham por muito tempo. Quem já ouviu falar que “Quem casa em agosto tem desgosto”, “Agosto é mês do desgosto” ou ainda que “Agosto é o mês do cachorro louco”? Vivemos cercados de mitos que a cultura popular propaga e muitas vezes repetimos e acreditamos sem sequer questionar.
A explicação mais plausível é a mais simples também, em função do clima (chuvas, temperatura, ar) o período do cio das cadelas é mais sincronizado. Com as fêmeas mais férteis, os machos disputam mais entre si, para decidir quem vai acasalar e caso ele esteja com raiva, vai transmitir através da saliva criando um ciclo de animais contaminados.
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Aliás, falar sobre a história, a antropologia e o tratamento da loucura poderia ser um capítulo à parte. Agora, nosso foco aqui é simplesmente chamar atenção para o quanto somos preconceituosos e até maldosos em relação ao que consideramos “loucura”. Friso que para a psicanálise a loucura não existe, o que existe são diferentes estruturas de personalidade, quer dizer, funcionamentos diferentes com abordagens distintas de tratamento.
Mas quando somos considerados loucos por acordar cedo para treinar, por abrir mão de um estilo de vida mais suntuoso para viver de forma mais simples, quando abrimos mão de parte do trabalho para cuidar dos filhos, ou quando desistimos de uma competição, podemos realmente considerar isso loucura? Trabalhar alucinadamente para bancar coisas que nos trazem uma efêmera satisfação egóica é menos “louco” do que ser mais simples?
Em agosto, tenha gosto pela vida que possui e repense o que de fato é loucura.
*Márcia Tolotti é psicóloga e psicanalista, consultora e especialista em educação psicofinanceira pessoal e corporativa. Já publicou sete livros sobre autoconhecimento e mercado psicofinanceiro, como ‘O Desafio da Independência – Financeira e Afetiva’, que já teve mais de 50 mil exemplares vendidos, e ‘As Armadilhas do Consumo’.