Apesar dos tratamentos e conhecimentos sobre o HIV terem evoluído significativamente nos últimos anos, a imagem que muitos ainda carregam é a do vírus relacionado à promiscuidade, ao castigo e a debilidade física. Há muito que ser feito para a desconstrução da visão social sobre alguém soropositivo. Mesmo que existam recursos para garantir uma vida segura e saudável para o paciente e para aqueles que venham a se relacionar com o mesmo, a falta de informação costuma atrapalhar os relacionamentos interpessoais.

“Não é necessário parar uma vida afetiva por conta do HIV e menos necessário ainda, excluir uma pessoa que se descobre soropositivo”, afirma a psicóloga Vivian de Jesus Correia e Silva, professora do curso de Psicologia da Unitoledo. A profissional explica que o acompanhamento psicológico é essencial para a pessoa diagnosticada com o HIV, colaborando no enfrentamento dos estigmas sociais e até na dissolução do auto preconceito, bastante presente em alguns casos.

“A ajuda, em primeiro lugar é com a autoaceitação, que implica, necessariamente, no modo de recepção do próprio diagnóstico. Em segundo lugar, é necessário apoio para lidar com a manutenção do tratamento medicamentoso, pois sabemos que os remédios podem trazer efeitos colaterais, principalmente no início e isso pode desencorajar o paciente a manter o tratamento, que é fundamental para sua saúde. Por fim, em terceiro lugar, ninguém precisa comprometer qualidade de vida passando sozinho por algo tão complexo”, declara a doutora Vivian. 

Desde 1988, após escolha da Organização Mundial da Saúde, o dia 1º de dezembro é considerado o Dia Mundial de Luta contra a Aids. Com o intuito de reduzir o preconceito, a data representa a mobilização de gerações de pacientes e profissionais de saúde para a conscientização sobre a doença e seus métodos de prevenção e tratamento. O laço vermelho passou a ser usado como símbolo dessa luta a partir de 1991, como forma de homenagear todas as pessoas que sofrem e morrem em decorrência da doença, marcando a campanha Dezembro Vermelho.

“Infelizmente, o preconceito ainda está presente, embora tenha diminuído nas últimas décadas. Pessoas infectadas pelo HIV podem demorar a procurar o serviço de saúde por medo de discriminação e isso pode levar a diagnósticos tardios que, sem tratamento adequado, podem se manifestar em estágios avançados da AIDS, com risco de morte e sequelas graves”, afirma o médico infectologista e docente do Idomed, Íris Ricardo Rossin. 

Como prevenir, reduzir a transmissão e impactos do vírus

Íris Ricardo Rossin explica que a AIDS é a sigla formada a partir do inglês “Acquired ImmunoDeficiency Syndrome” e se refere a uma síndrome multissistêmica adquirida (não congênita) causada pelo vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana). Esse vírus ataca o sistema imunológico do infectado e resulta em um estado no qual ocorre perda da capacidade de defesa imune do organismo, ocasionando o surgimento frequente de doenças, o que leva a quadros infecciosos muito graves com risco de morte.

“O HIV é o causador da AIDS e se conseguirmos evitar a transmissão do vírus, não ocorrerá a doença. As medidas de prevenção para evitar a transmissão do vírus envolvem um conjunto de abordagens, desde questões relativas ao comportamento e educação sexual como o uso de métodos preservativos de barreira (ex. Camisinha ou condom), até testes no pré-natal e em campanhas de testagem. Além do tratamento precoce dos indivíduos contaminados pelo vírus”, avalia Íris.

O médico frisa que ser portador do HIV não significa que pessoa tenha AIDS. A síndrome representa o estágio extremo da imunodeficiência provocada pelo vírus e só aparece em pessoas infectadas pelo HIV que não foram tratadas adequadamente. O vírus pode ser transmitido por uma relação sexual desprotegida, pelo contato com sangue contaminado, devido à transfusão ou ao compartilhamento de seringas, por exemplo, e da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou aleitamento.

Ainda, indivíduos que passaram por alguma situação de risco de contaminação podem procurar atendimento médico e serem orientados a usar medicações profiláticas contra a transmissão do HIV, seja em situações de exposição imediata (profilaxia pós exposição – PEP) ou com comportamentos de risco aumentado para a transmissão (profilaxia pré-exposição – PrEP). O médico com treinamento específico é quem determina a abordagem mais adequada, no Brasil estes atendimentos podem ser feitos tanto na rede de referência do SUS quanto em consultórios privados.

“O diagnóstico da AIDS se faz quando um indivíduo tem o teste anti-HIV positivo em uma amostra de sangue e apresenta sinais e sintomas de imunossupressão, com infecções graves e, na maioria das vezes, com manifestações não comuns. Podem ocorrer pneumonias por fungos como a pneumocistose, lesões cerebrais por toxoplasmose e até mesmo meningite por tuberculose”, completa o especialista Íris Ricardo Rossin.

As situações de imunodeficiência provocadas pela AIDS podem levar a sequelas definitivas como lesões neurológicas e pulmonares além de complicações muito graves com risco de morte como insuficiência respiratória, crises convulsivas ou arritmias que podem provocar parada cardíaca.

O tratamento é feito com medicamentos antirretrovirais, como o AZT, Tenofovir, lamivudina e Dolutegravir, por exemplo. Esses medicamentos alteram etapas do ciclo de vida do HIV e provocam a morte do vírus, que se encontra replicando no sangue e demais tecidos. No Brasil estão disponíveis, de forma gratuita pelo SUS, vários medicamentos antirretrovirais e o médico infectologista determina o tratamento adequado para cada paciente conforme as características individuais.

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