Uma pesquisa divulgada em novembro de 2024 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que o consumo de álcool causa, em média, 12 mortes por hora no país. O estudo Estimação dos custos diretos e indiretos atribuíveis ao consumo do álcool no Brasil considera as estimativas de mortes atribuídas ao álcool pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, o uso abusivo de álcool causou 104,8 mil mortes em 2019, a grande maioria (86%) entre homens. Quase a metade relacionam o consumo de álcool com doenças cardiovasculares, acidentes e violência. Mulheres são 14% das mortes: em mais de 60% dos casos, o álcool provocou doenças cardiovasculares e diferentes tipos de câncer.

De acordo com a  pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde. 18,4% da população brasileira é bebedora abusiva, sendo 25,6% entre os homens. A mesma pesquisa mostra que 27% dos brasileiros consomem álcool moderadamente, enquanto 17% consomem abusivamente.

A maioria da população (58,1%) acima de 15 anos bebe regularmente, e 40,8% dos jovens de 15 a 19 anos. O consumo médio de álcool no Brasil é de 8,7 litros por pessoa por ano, superior à média mundial, que é 6,2 litros.

Semana Nacional de Combate ao Alcoolismo

O alcoolismo é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Estima-se que aproximadamente 10% da população global sofra de transtornos relacionados ao consumo de álcool. No Brasil, o cenário também é alarmante, com milhares de famílias enfrentando desafios decorrentes desse problema.

Em fevereiro, duas datas chamam atenção para essa questão: 18 é o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo e 20 é o Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo. A Semana Nacional de Combate ao Alcoolismo, que começa em 20 de fevereiro, traz à tona a necessidade urgente de conscientização sobre os impactos do consumo excessivo de álcool para a saúde.
A Semana Nacional de Combate ao Alcoolismo (18 a 24 de fevereiro) reforça a importância de hábitos saudáveis e da prevenção. O álcool não afeta apenas o fígado, mas pode comprometer toda a saúde do indivíduo e da sociedade caso seja utilizado em excesso ”, afirma o gastroenterologista Decio Chinzon.

Advogado em abstinência há 28 anos

Autor de livros sobre como superar o problema, o advogado Paulo Leme Filho, que está em abstinência há 28 anos, acredita que datas como estas são importantes para alertar a sociedade e convidam a refletir sobre os impactos devastadores dessa doença e a importância da conscientização e prevenção.

Não há quantidade segura para bebidas alcoólicas. A menor dose pode ser prejudicial. Quer você tenha tendência a desenvolver a doença do alcoolismo, ou não”, diz o ativista, traduz os mais recentes estudos e debates sobre o consumo de bebidas no mundo.

Excesso de álcool aumenta número de acidentes de trânsito

Estatísticas de acidentes de trânsito também revelam o risco do excesso de álcool. Os dados de 2021, 2022, 2023, atestam que a ingestão de álcool ou outras substâncias psicoativas foi a principal causa de, em média, 16,2 sinistros por dia durante o período de carnaval.

Comparando com os demais dias do ano, a média de sinistros por dia com a mesma causa principal foi de 12,7. Isso representa um aumento aproximado de 25% na média de sinistros por dia durante o carnaval, cuja principal causa foi a ingestão de álcool ou outras substâncias psicoativas.

Durante a época de carnaval nesses três anos, foram registrados 3.363 sinistros em rodovias federais, com 3.064 feridos leves, 862 feridos graves e 277 óbitos.

Mundo inteiro se mobiliza para frear consumo de álcool

No início de janeiro de 2025, o Vivek Murthy, médico e autoridade máxima em saúde pública nos Estados Unidos, emitiu uma recomendação para que as bebidas alcoólicas tenham no rótulo uma advertência sobre o risco de câncer.

O documento sinalizou o álcool como a terceira principal causa evitável de câncer nos EUA, depois do tabaco e da obesidade, e destacou a conscientização limitada das pessoas sobre a relação entre álcool e risco de neoplasias. O risco de câncer de mama, boca e garganta pode aumentar com o consumo de apenas uma bebida por dia, ou até menos, disse Murthy.

Nos EUA, os rótulos atualmente afixados em garrafas e latas de bebidas alcoólicas alertam sobre beber durante a gravidez ou antes de dirigir e operar outras máquinas, e sobre “riscos gerais à saúde”. E se depender dos estudos mais recentes terão também avisos sobre o risco para câncer. A legislação está para ser revista este ano.

Na Irlanda, onde a nova lei já passou, a partir do ano que vem os rótulos terão de exibir avisos informando a ligação entre o consumo de álcool e cânceres fatais. A Coreia do Sul também tem uma lei parecida.

No Brasil aguarda-se a decisão do governo de taxar as bebidas alcoólicas e cigarro. O “Imposto do Pecado” foi criado pela Reforma Tributária por meio do PLP 68/2024. Ele foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 17 de dezembro de 2024, e seguiu para a sanção presidencial.

Prevenção e combate ao alcoolismo

A prevenção é uma ferramenta poderosa no combate ao alcoolismo. Promover a educação sobre os riscos associados ao consumo abusivo de álcool e encorajar estilos de vida saudáveis são passos fundamentais para diminuir a incidência da doença. Campanhas de conscientização eficazes podem reduzir novos casos de dependência e salvar vidas.

Para contribuir nessa luta, Paulo lança o site “Sem dependência química”, um canal de informação sobre prevenção e tratamento para doentes e suas famílias. “A nossa intenção foi agrupar num único endereço eletrônico estudos, dados estatísticos, grupos de apoio e fazer essas informações chegarem a quem mais precisa: o dependente e seus familiares”, resume.

Com Assessorias

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