Em tempos de pandemia de Covid-19, uma série de outras doenças passaram a ser menos noticiadas em diversos países. No entanto, elas ainda representam um grande risco à população mundial. No Brasil, por exemplo, um dos maiores problemas de saúde pública atualmente vem de uma velha conhecida: a dengue.
O número de casos de dengue vem aumentando expressivamente no Brasil desde o início de 2022. Foram registrados mais de 757 mil casos prováveis de dengue de 2 de janeiro a 7 de maio de 2022, o que representa um aumento de mais de 150% em relação ao mesmo período de 2021. Entre janeiro e abril deste ano, foram registradas mais de 14 mil internações em todas as regiões do país.
Os dados foram publicados no Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde e apontam a importância do monitoramento, cuidado e medidas de prevenção relacionadas às arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti. As mais comuns em ambientes urbanos são dengue, zika e chikungunya, e os vírus causadores dessas doenças são transmitidos através da picada do inseto.
Um levantamento realizado pelo InfoDengue, sistema de monitoramento de casos de dengue, zika e Chikungunya desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, também reforça a necessidade de medidas de combate a proliferação do mosquito. A Região Nordeste apresenta municípios com alta incidência para os padrões históricos e com aumento de casos de chikungunya.
Como evitar que o surto de dengue chegue na sua casa?
Com o retorno das atividades presenciais após o fim do isolamento social por conta da pandemia de Covid-19, a alta circulação de pessoas pode ter favorecido o aumento dos casos de dengue durante o período.
“Quando as pessoas passam a sair do domicílio para as atividades rotineiras, deixam de cuidar tão bem e passa a ter um maior número de criadouros dentro das casas. É muito importante que todos entendam que mais de 90% dos criadouros do Aedes aegypti estão dentro do domicílio, então cada um tem que cuidar do seu lar para que assim a gente consiga diminuir a população do mosquito e diminuir o risco de epidemias”, destaca o epidemiologista André Ribas.
Segundo ele, medidas simples que podem ser realizadas em poucos minutos por toda a população ajudam na redução dos focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti. Não jogar lixos em terrenos baldios, manter água da piscina sempre tratada, lavar e trocar a água dos bebedouros dos animais por pelo menos uma vez por semana, manter o quintal limpo recolhendo lixos e detritos e manter os lixos bem fechados são exemplos de ações.
Médicos da Beep Saúde, healthtech de vacinas e exames, selecionaram algumas dicas que podem contribuir para que você possa proteger a sua saúde e a de toda a sua família. Confira:
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Utilize repelente;
- Quando possível, cubra a maior parte do corpo com roupas claras, pois elas que ajudam a identificar o inseto com maior facilidade.
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Coloque telas em janelas e portas e, se tiver, use mosquiteiros;
O mosquito possui hábitos diurnos, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. Por isso, é importante reforçar a atenção neste período, mantendo também o cuidado à noite.
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Tampe caixas d’água, piscinas, ralos, vasos sanitários, pneus e garrafas
O Aedes aegypti coloca seus ovos em água limpa, seja ela potável ou não. Por isso, é importante redobrar a atenção aos locais com água parada.
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Deixe as lixeiras bem tampadas;
Dessa forma, você evita que seu lixo obstrua valas, valetas, margens de córregos e riachos e, consequentemente, acumule água.
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Coloque areia nos pratos de plantas;
O uso de pratos nos vasos de plantas pode gerar acúmulo de água. Você pode: eliminar esse prato, lavá-lo regularmente ou colocar areia – que ajuda a conservar a umidade e, ao mesmo tempo, evita que o local se torne um criadouro de mosquitos.
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Limpe as calhas;
Se você mora em casa essa é uma ótima maneira de se livrar do mosquito. Aquela água de chuviscos ou que não secou direito, desde a última chuva, é um ótimo criadouro do mosquito. Por isso, limpar as calhas com frequência ajuda muito. No inverno e em temporadas de chuva, higienizar as calhas 1 vez por semana é o mais indicado.
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Limpe com sabão a bandeja externa da geladeira;
Se a sua geladeira ainda possui a bandeja externa, saiba que é um ótimo local para o mosquito da dengue proliferar. Por isso, não esqueça de sempre limpar com água e sabão.
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Limpe sempre as vasilhas dos bichos de estimação;
Se você tem animais de estimação como cães e gatos, vale lavar diariamente a vasilha de água deles. Às vezes, a gente só completa com mais água, certo? Mas, em época de surto de dengue e até para a saúde dos animais, o indicado é lavar sempre que for trocar ou completar a água.
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Limpe a bandeja coletora de água do ar-condicionado;
Não esqueça de aplicar essa limpeza semanalmente. A bandeja coletora do ar-condicionado é perfeita para a criação do mosquito da dengue.
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Cubra bem a cisterna;
Não deixe de cobrir a sua cisterna com a maior segurança possível. Assim, além do mosquito da dengue se proliferar em um local de difícil controle, você evita que caiam sujeiras e até animais como sapos e cobras.
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Tome a vacina contra a dengue.
Não são apenas as vacinas contra gripe ou Covid que estão disponíveis no mercado. A da dengue também existe e ajuda muito na prevenção da doenca. A vacina contra a dengue é feita com vírus atenuados e está disponível no mercado no formato tetravalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos de dengue existentes. Além disso, ela possui a estrutura do vírus vacinal da febre amarela, ou seja: dá mais estabilidade e segurança.
Dengue atormenta brasileiros desde o século 19
Registrada pela primeira vez em território nacional entre os séculos 19 e 20, a dengue é uma doença infecciosa causada por um vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), esse pequeno inseto é originário do Egito e vem se espalhando pelas regiões tropicais e subtropicais ao redor do mundo desde o século XVI.
Em solo brasileiro, o Aedes aegypti já causava transtornos antes da dengue se tornar uma epidemia no país e o primeiro surto ser oficializado. Isso porque o mosquito também é responsável por transportar o vírus causador da febre amarela.
Na década de 50, o Brasil chegou a erradicar o inseto por conta das medidas preventivas adotadas para conter a febre amarela. Porém, pouco tempo depois, com o relaxamento dessas medidas, o Aedes foi reintroduzido por aqui e, desde então, se alastrou por todas as regiões brasileiras de forma contínua, além de transmitir outras doenças como chikungunya e zika.
População deve apoiar agentes de combate às endemias
Consultor científico do projeto A CASA, o epidemiologista André Ribas explica que a população também atua no combate e redução de casos ajudando dando apoio ao trabalho dos agentes de combate às endemias (ACEs) e dos agentes comunitários de saúde (ACSs) que são essenciais para a promoção da saúde. São mais de 370 mil agentes de saúde e endemias atuantes nos 5.570 municípios brasileiros, os agentes visitam as famílias em suas casas.
Estes agentes estão atentos aos relatos, identificam problemas nas residências e outros espaços para evitar condições favoráveis ao desenvolvimento de focos para a proliferação de doenças potencialmente endêmicas, como dengue, malária, Zika, doença de Chagas, e também promovem ações educativas para a população.
“A CASA é um projeto de integração dos agentes e tem uma função muito importante. Os agentes comunitários (ACSs) e de combate às endemias (ACEs) trabalhando de forma integrada podem contribuir muito tanto para a conscientização das pessoas como para o controle do Aedes aegypti”, explica André Ribas.
A Casa é uma parceria do Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social (IPADS), da Confederação Nacional dos Agentes Comunitário de Saúde e Agentes de Combate às Endemias (Conacs) e do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), com apoio da Johnson&Johnson.
Fonte: Beep Saúde e A Casa, com Redação