“Todos têm de tomar a vacina, se eu não tivesse tomado a segunda dose, teria morrido”, disse o aposentado Adelino Gomes da Silva Filho, de 70 anos, último paciente de Covid-19 ao deixar o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (HMRG), em Acari, na Zona Norte do Rio, nesta segunda-feira (15/11), sob aplausos de muitos funcionários da unidade.

O aposentado que estava internado na maior emergência pública de Covid-19 no país desde o dia 20 de agosto, só queria dar um abraço na família ao sair. “Cheguei muito mal. A doença tomou 50% do meu pulmão. Agora, tenho esperança de vida, de terminar de criar meus filhos”, disse Adelino. Morador da Ilha do Governador e pai de quatro filhos, ele deixou o HMRG a tempo de comemorar com a família o aniversário das filhas gêmeas, que farão 15 anos no dia 1º de dezembro.

Adelino foi infectado apesar de ter tomado as duas doses da vacina contra a Covid-19, mas acredita que, se não tivesse sido imunizado, a doença teria vindo mais forte e não resistiria. Por isso, ele diz que uma das primeiras coisas que pretende fazer após a alta é ir ao posto de saúde tomar a terceira dose.

A alta do aposentado após quase três meses internado foi comemorada também pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, após quase 20 meses de pandemia e 14.847 pessoas atendidas na unidade. Para Paes, foi um marco no histórico da pandemia do município do Rio de Janeiro, que apresentou nas últimas semanas quedas sustentadas de todos os índices de monitoramento, como números de casos, internações e óbitos pela doença.

“Sigam o conselho do seu Adelino: as pessoas que não se vacinaram, se vacinem. Ele deu um depoimento para mim dizendo que só sobreviveu porque se vacinou. Acreditem na vacina, ela que permitiu que chegássemos neste momento, em que estamos celebrando a vida daqueles que resistiram à doença e que vão poder reencontrar sua família”, disse o prefeito do Rio.

O aposentado Adelino Gomes comemora a saída do hospital ao receber alta – Beth Santos/Prefeitura do Rio

Desde o fim de março de 2020 o HMRG passou a se dedicar exclusivamente aos pacientes infectados pelo Coronavírus e, com a redução das hospitalizações, voltou a atender outras especialidades a partir de 1º de outubro deste ano, além de manter a assistência a pessoas com sequelas pós-infecção pela Covid-19. Desde que a unidade hospitalar foi designada para ser referência municipal no tratamento da Covid-19, esta é a primeira vez que o número de internados para atender a doença foi zerado.

“Hoje, encerramos o setor de Covid do Ronaldo Gazolla. Foi o maior hospital do Rio, e talvez do Brasil, no atendimento à doença. Com a alta do Adelino, transformaremos essa ala para atendimento do pós-Covid. Na cidade, temos 144 pessoas se recuperando de sequelas da Covid. Felizmente, temos nosso melhor panorama epidemiológico, com redução dos casos de internação e óbitos, há 12 semanas. É o melhor cenário desde abril de 2020”, afirmou o secretário de Saúde.

Hospital é unidade de retaguarda do Rio

O HMRG é originalmente uma unidade de retaguarda, voltada à realização de cirurgias consideradas eletivas, atendimento ambulatorial em especialidades e internação de pacientes de diversas patologias. Com a chegada da pandemia ao Brasil, mudou de perfil, teve o número de leitos ampliado e tornou-se o primeiro e maior hospital do Município do Rio dedicado à internação e tratamento de pacientes com quadros mais graves de Covid-19, em enfermaria ou CTI.

Desde que voltou a receber pacientes de outras patologias, no mês passado, o HMRG já atendeu a 658 pessoas. Do total de 420 leitos, 300 já foram convertidos em não-Covid, sendo 180 de CTI e 120 de enfermaria. Agora, os demais serão também preparados para receber pacientes das especialidades ofertadas na unidade.

O hospital também segue como referência no monitoramento de sequelas pós-infecção pela Covid-19. Atualmente, a unidade conta com uma enfermaria exclusiva para pessoas que apresentam dificuldades neurológicas, motoras, respiratórias, psicológicas, cardiológicas, entre outras. Além disso, contará com um Centro de Reabilitação para que os pacientes sejam acompanhados de perto por profissionais especializados, recebendo todo o suporte necessário para sua plena recuperação.

Atualmente, no Município do Rio todos os indicadores de monitoramento estão nos menores patamares desde o início da pandemia. Menos de 1% dos pacientes internados na rede pública municipal é por Covid-19. A positividade dos testes está em 4% e a média móvel dos óbitos nos últimos sete dias está zerada. Hoje, 40 pacientes estão internados por Covid-19 na rede SUS no Município do Rio.

O aposentado Adelino Gomes estava internado no hospital desde o dia 20 de agosto – Beth Santos/Prefeitura do Rio
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