O discurso de quem acredita ser histeria tende a ter pouquíssimo apoio, pois o brasileiro enxerga a crise com preocupação, com mais de um terço apontando o nível mais elevado de apreensão”, explica Lucas Pestalozzi, diretor da HSR e responsável pela pesquisa.
Mudanças nos hábitos de consumo
Medo pode ser tratado com EMDR
O medo é nosso amigo – nos faz ter cuidado evitando riscos desnecessários. “Mas quando o medo nos inunda e um sofrimento intenso e descabido toma conta, efetivamente não protege. É a fobia, um transtorno ansioso muito frequente hoje em dia”, diz a professora Maria Aparecida (Tina) Zampieri, vice-presidente da Associação Brasileira de EMDR. “A fobia é um medo exagerado e incompreensível, seja de um objeto, de um ser vivo, seja de uma situação específica, que ao invés de proteger, prejudica a vida da pessoa”.
Embora esse mecanismo complexo seja disparado pela amígdala, uma estrutura no cérebro que continuamente fica avaliando riscos para as devidas precauções, parece que ela fica hipersensível na fobia e mobiliza uma resposta exagerada.
Estudiosos não encontraram uma causa genética para essa falha e a explicação atual está mais nos comportamentos aprendidos e nos acontecimentos adversos ou estressantes da vida, ainda que muitas vezes a própria pessoa nem se lembre exatamente o quê.
Com o surto do coronavírus, pode haver também um surto de pessoas fóbicas. “Hoje se tem mais notícias de pessoas com transtornos e sintomas psicológicos, mas é difícil dizer se é porque buscam mais tratamento do que há tempos, ou porque a carga de estresse, violência e inclusive de novas epidemias, é cada vez mais evidente, mais propagada. Em quem já tem, os episódios catastróficos – como esse novo surto – podem sim potencializar a fobia”, explica Zampieri.
Pessoas com traços do transtorno obsessivo compulsivo tendem a apresentar diversos comportamentos repetitivos, como uma tentativa de aliviar a ansiedade provocada por variadíssimas situações, inclusive por medo de contaminação. “Isso gera muito sofrimento e quando muito grave pode mesmo impedir a pessoa de trabalhar, constituir uma família enfim, viver livremente”, diz Zampieri.
As situações que geram esses comportamentos e pensamentos que a pessoa não consegue controlar, podem não ter nenhuma ligação com o que realmente seria um risco para todos. Mesmo assim podem ser intensificadas como mais uma fonte de preocupação. Embora no caso do TOC parece haver associação com genética, muitas vezes o TOC tem origem em situações traumáticas até mesmo de quando criança pequena, ou quando ela não viveu diretamente os traumas, mas sim os avós, pais, pessoas de outras gerações viveram.