A pandemia do novo coronavírus está gerando preocupação crescente nos brasileiros e 36% da população estão extremamente apreensivos com a doença. Na contramão da inquietação em ascensão, estão 13% das pessoas veem histeria em relação à enfermidade. No total, 85% dos entrevistados se mostram apreensivos e, desse conjunto, o Sudeste representa 29%, seguido pelo Nordeste (23%), Sul (18%), Centro-Oeste (9%) e Norte (6%). As constatações são do levantamento Covid-19 – Preocupação e Primeiro Impacto nos Hábitos de Consumo dos Brasileiros, realizada em março pela HSR Specialist Researchers.

Em uma escala de 1 a 10 na preocupação com o novo coronavírus, o grupo composto pelas pessoas acima de 54 anos demonstram maior ansiedade, com média de 7,2 pontos, seguidos pelas pessoas na faixa entre 25 a 24 anos, com 6 pontos. Na sequência, adolescentes até 15 anos marcaram 5,9 pontos e o conjunto entre 16 e 24 anos vem logo atrás, com 5,8 pontos.
A faixa etária de 35 a 54 anos tem as pessoas menos preocupadas, chegando a 4,9 pontos. Na segmentação por gênero, as mulheres se demonstram mais preocupadas, 5,9 pontos, e os homens tiveram, em média, 5,4 pontos na escala. Renda ou faixa etária também não interferem substancialmente na relação entre a percepção de preocupação e histeria.

O discurso de quem acredita ser histeria tende a ter pouquíssimo apoio, pois o brasileiro enxerga a crise com preocupação, com mais de um terço apontando o nível mais elevado de apreensão”, explica Lucas Pestalozzi, diretor da HSR e responsável pela pesquisa.

Mudanças nos hábitos de consumo

Com relação a hábitos de consumo, quase um quarto da população (23,4%) já fez compras abastecedoras para estoque de produtos. Além disso, dos 76,6% que ainda não fizeram, 28% têm intenção de adotar essa medida. Como esperado, o produto mais procurado para estocagem foi álcool gel, citado por 24% dos entrevistados.
Outros itens bastante mencionados foram arroz (18%), feijão (12%) – sendo que muitos declararam “alimentos” de forma geral (16%) – e produtos de limpeza (7%). Aqueles com intenção de ainda fazer compras abastecedoras apresentam perfil semelhante em relação aos produtos desejados. Esses produtos que se sobressaíram são os que foram noticiados como faltando nas prateleiras, ao longo da semana.

Dois terços dos ouvidos declararam já ter deixado de ir a shoppings ou lojas físicas, com percentual mais elevado entre as mulheres. Ademais, parte significativa dos brasileiros já está adiando alguma decisão grande de compra, pois 29% confirmaram que não pretendem comprar automóvel, residência ou outra aquisição mais significativa. Esse percentual pula para 33% entre os homens.
As compras online vêm se consolidando como alternativa nesse momento, sendo que 38% dos pesquisados disseram ter aumentado o uso de aplicativos de comida, com 16% comprando roupas online, o que antes fariam em loja física; 14% compraram produtos de farmácia dessa forma e 12% de supermercado.

“Os dados confirmam a tendência de compra abastecedora, principalmente de álcool gel e alimentos. Tendência que se mantém por enquanto. Existe uma parcela considerável que não mudou os hábitos ainda, mas a maioria já o fez em alguma medida. É interessante já poder observar um fortalecimento dos canais online, que despontam como caminho para o consumo em momento de menor interação social presencial”, conclui Pestalozzi.

O estudo foi realizado em 17 março, com amostra de 889 pessoas ouvidas por meio de painel online, em todo o País. Par ver o estudo completo, cliquaqui .

Medo pode ser tratado com EMDR

O medo é nosso amigo – nos faz ter cuidado evitando riscos desnecessários. “Mas quando o medo nos inunda e um sofrimento intenso e descabido toma conta, efetivamente não protege. É a fobia, um transtorno ansioso muito frequente hoje em dia”, diz a professora Maria Aparecida (Tina) Zampieri, vice-presidente da Associação Brasileira de EMDR. “A fobia é um medo exagerado e incompreensível, seja de um objeto, de um ser vivo, seja de uma situação específica, que ao invés de proteger, prejudica a vida da pessoa”.

Embora esse mecanismo complexo seja disparado pela amígdala, uma estrutura no cérebro que continuamente fica avaliando riscos para as devidas precauções, parece que ela fica hipersensível na fobia e mobiliza uma resposta exagerada.

Estudiosos não encontraram uma causa genética para essa falha e a explicação atual está mais nos comportamentos aprendidos e nos acontecimentos adversos ou estressantes da vida, ainda que muitas vezes a própria pessoa nem se lembre exatamente o quê.

Com o surto do coronavírus, pode haver também um surto de pessoas fóbicas. “Hoje se tem mais notícias de pessoas com transtornos e sintomas psicológicos, mas é difícil dizer se é porque buscam mais tratamento do que há tempos, ou porque a carga de estresse, violência e inclusive de novas epidemias, é cada vez mais evidente, mais propagada. Em quem já tem, os episódios catastróficos – como esse novo surto – podem sim potencializar a fobia”, explica Zampieri.

Pessoas com traços do transtorno obsessivo compulsivo tendem a apresentar diversos comportamentos repetitivos, como uma tentativa de aliviar a ansiedade provocada por variadíssimas situações, inclusive por medo de contaminação. “Isso gera muito sofrimento e quando muito grave pode mesmo impedir a pessoa de trabalhar, constituir uma família enfim, viver livremente”, diz Zampieri.

As situações que geram esses comportamentos e pensamentos que a pessoa não consegue controlar, podem não ter nenhuma ligação com o que realmente seria um risco para todos. Mesmo assim podem ser intensificadas como mais uma fonte de preocupação. Embora no caso do TOC parece haver associação com genética, muitas vezes o TOC tem origem em situações traumáticas até mesmo de quando criança pequena, ou quando ela não viveu diretamente os traumas, mas sim os avós, pais, pessoas de outras gerações viveram.

O EMDR pode ajudar muito tanto em casos de fobias – muitas vezes com tratamento muito breve – como nos sintomas de TOC, de forma menos breve. Zampieri já tabalhou com a terapia EMDR desde 2004 e tratou várias pessoas com esses transtornos tendo inclusive apresentado resultados em congressos dentro e fora do Brasil (EUA e França).

 

 

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