Dizem que velho dorme pouco. É verdade. Com o passar dos anos, o tempo necessário de sono começa a diminuir. E dormir por oito horas ou mais deixa de fazer parte do padrão por questões biológicas.  Enquanto um recém-nascido dorme até 18 horas por dia, um jovem chega a sete ou oito horas, já um idoso pode se satisfazer com apenas cinco horas de sono.

Também aumentam os despertares à noite, quer para ir ao banheiro ou por problemas respiratórios. Durante o sono normal, ocorrem alguns despertares breves nos quais não se recupera a consciência ou a memória. Isso se manifesta através de 30 a 60 movimentos por noite, na hora da troca de posição, sem que se lembre disso pela manhã.

No entanto, um estudo da National Sleep Foundation, instituição americana de pesquisas sobre o sono, preconiza que o mais saudável, acima dos 65 anos, é dormir de sete a oito horas por dia. Se isso não ocorrer, pode ser sintoma de algum problema como apneia ou doenças, como diabetes ou problemas cardiovasculares.

Além de problemas de saúde, a privação de sono traz outras consequências perigosas. No Japão, o país com o maior número de idosos (30% da população têm mais de 65 anos), um levantamento mostrou que motoristas a partir de 75 anos provocam duas vezes mais acidentes fatais do que aqueles de até 24 anos. Os jovens representavam a principal faixa de risco no trânsito, por questões como ingestão de álcool e drogas, velocidade fora dos limites, entre outras.

Diante desse risco e para lembrar o Dia Mundial do Sono, celebrado nesta sexta-feira (15 de março), a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) lança uma campanha para conscientizar a população idosa e seus familiares. A ideia é mostrar como a qualidade do sono é decisiva nessa fase da vida e, em especial, sobre os riscos que a privação acarreta a quem dirige e a terceiros. O slogan é “Para envelhecer bem: durma bem, mas nunca na direção”.

Os acidentes de trânsito são cada vez mais recorrentes no Brasil. Preocupa-se apenas em apontar os efeitos do álcool como as causas, porém, dependendo do grau de privação do sono e até da faixa etária, a consequência será equivalente ao de dirigir alcoolizado”, ressalta Gilmar Prado, presidente da ABN.

Criado pela WASM (World Association of Sleep Medicine) e realizado anualmente na sexta-feira que antecede o primeiro equinócio do ano, em 2019 o Dia Mundial do Sono tem o objetivo de destacar aspectos importantes relacionados ao sono; incluindo questões médicas, educacionais, sociais. Em 2019 o tema proposto é sono e envelhecimento.

Aumenta 7 vezes risco de acidentes

Levantamento realizado pela ABN sobre os distúrbios do sono e sua repercussão em casos de acidentes de trânsito apontou entre as principais causas de sonolência ao volante a privação de sono e os transtornos do sono.

“Os mais propensos a dirigir sonolentos são motoristas profissionais, indivíduos com transtornos do sono não diagnosticados, adultos de 18 a 29 anos (71%), homens (56% x 45%), adultos com crianças em casas (59%) e trabalhadores de turnos (36%)”, destaca Lucila Bizari Fernandes do Prado, especialista em medicina do sono e medicina de tráfego.

Aproximadamente 33% dos transtornos identificados entre motoristas na cidade de São Paulo são de apneia obstrutiva do sono (AOS). Estas pessoas apresentam risco até sete vezes maior de acidentes.

As interrupções da passagem de ar pela garganta podem se repetir mais de 60 vezes por hora, levando à fragmentação do sono. Fadiga, sonolência diurna e déficit da atenção e da concentração, portanto, são consequências naturais. Outros transtornos do sono também podem comprometer a capacidade do motorista.

Tomar um café e dirigir? Não. A cafeína demora de 20 a 30 minutos para fazer efeito. Mas a melhor coisa para combater a sonolência é realmente dormir”, alerta Gilmar.

Destaques da pesquisa

— Cerca de 60% das pessoas dormem entre 4 a 6 horas, menos do que gostariam, sendo que mais de 80% das pessoas gostariam de dormir mais de 7 horas.

— 75% das pessoas reconhecem que estão privadas de sono.

— Em média, os quase 500 participantes da pesquisa deram nota 6 para a qualidade do sono, 7 para o grau de alerta e 6 para a sensação de descanso, em uma escala de 0 a 10.

— 65% sentiram sono dirigindo na cidade e 68% na estrada.

— 16% dos participantes já se envolveram em acidente porque sentiram sono, podendo ser ainda maior esta porcentagem, já que é possível que não tenham relatado ocorrências mínimas.

— Apenas 10% não exibiram algum comportamento sugestivo de sonolência (bocejar, cantarolar, mascar chiclete, ligar o rádio).

— Cerca de 40% das pessoas já ziguezaguearam na estrada.

— Quase metade das pessoas já parou o veículo na estrada por causa do sono.

— Cerca de 75% dos participantes da pesquisa já tentaram reduzir o sono parando para tomar café.

— Cerca de 10% costumam dirigir com sono e 23% fazem isso pelo menos duas a três vezes por semana.

— 61% das pessoas costumam dirigir no dia seguinte a uma péssima noite de sono.

— Mais da metade dos participantes conhece pelo menos uma pessoa que quase se acidentou por causa de sono e 39% conhecem pelo menos uma que efetivamente sofreu um acidente de trânsito por causa de sono.

— Dentre os 32 participantes (6,5%) que sofreram acidente de trânsito por causa de um problema de sono, a maioria era mulher e com mais de 40 anos

Fonte: ABN, com Redação

 

 

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