A morte do jornalista, poeta, escritor e compositor Marceu Vieira, aos 63 anos, na última segunda-feira (29), no Rio de Janeiro, reacendeu o alerta  para o tipo mais letal de câncer. O câncer de pulmão, com o qual  ele foi diagnosticado há pouco mais de um ano, é o segundo tipo mais comum e a principal causa de morte por câncer no mundo.

Globalmente, esse tumor responde por quase 25% das mortes por câncer, com cerca de 2,4 milhões de casos e 1,8 milhão de óbitos por ano. No Brasil, são registrados anualmente 44.213 diagnósticos e 38.292 mortes pela doença, que tem como principal causa o tabagismo, em 80% dos casos.

Marceu tratava um câncer no pulmão desde o ano passado e estava internado no Hospital Quinta D’Or, na zona norte do Rio, há cerca de um mês por conta de uma pneumonite (uma inflamação do pulmão) que o debilitou. Nos últimos dias, uma corrente pela recuperação do jornalista se formou na internet e aplicativos de conversa, mesmo em meio à gravidade do quadro.

Esperança no câncer de pulmão

Apesar de a maioria dos casos ser provocada pelo tabagismo,muitos pacientes que desenvolvem o câncer de pulmão sem nunca ter fumado, desafiando os oncologistas. Este foi o caso de Mara Lúcia Rafaeli, também de 63 anos, que percorreu o Caminho de Santiago três vezes, escalou o Monte Everest e, desde a infância, sempre manteve uma vida extremamente ativa fisicamente. Apesar disso, foi diagnosticada em 2018 com câncer de pulmão.

Existem dois tipos principais de câncer de pulmão: o de pequenas células e o de não pequenas células. Este último corresponde a cerca de 85% dos casos e é caracterizado por diferentes mutações genéticas que influenciam diretamente a escolha do tratamento.

Até pouco tempo atrás, após o diagnóstico, o paciente de câncer de pulmão tinha apenas poucos meses de vida. Hoje, com os avanços da medicina de precisão e o desenvolvimento de combinações de terapias-alvo, aliados  à personalização do cuidado com base no perfil molecular do tumor, muitos pacientes têm oportunidade de viverem mais.

Há quatro anos, Mara participa de uma pesquisa clínica que pode comprovar os benefícios de uma nova medicação para o câncer de pulmão. Hoje, ela leva uma vida ativa, pratica esportes e relata como o tratamento permitiu manter sua rotina, seus vínculos e planos futuros.

Medicação pode aumentar a sobrevida dos pacientes

Inovações farmacológicas mais recentes têm impacto direto na sobrevida e no bem-estar dos pacientes de câncer.  Recentemente, a Johnson & Johnson Innovative Medicine divulgou dados do estudo Mariposa (fase 3), que apontam que a combinação de Rybrevant (amivantamabe) com Lazcluze (lazertinibe) superou o osimertinibe (tratamento padrão atual) em sobrevida global no tratamento de pacientes com câncer de pulmão.

Entre os destaques do estudo estão:

  • 56% dos pacientes estavam vivos após 3,5 anos com a nova combinação, contra 44% com o tratamento padrão;
  • Projeções indicam uma sobrevida superior a um ano em relação ao padrão de tratamento atual;
  • Melhor controle de sintomas, com perfil de segurança consistente.

Como a combinação terapêutica do Mariposa inibe algumas vias importantes, ocasionalmente surgem eventos adversos dermatológicos. Logo, em paralelo ao estudo, a J&J desenvolveu o estudo Coccon, que demonstrou que um protocolo preventivo reduziu em até 50% as reações dermatológicas moderadas a graves associadas ao tratamento, contribuindo para maior adesão e melhor qualidade de vida dos pacientes.

Entenda a pneumonite que agravou o quadro de Marceu

A pneumonite que agravou o caso do jornalista Marceu Veira pode ter diversas causas, incluindo a inalação de substâncias tóxicas ou alérgenos, a aspiração de conteúdo estomacal ou as vias aéreas, e como efeito de radioterapia ou de certos medicamentos.
Os sintomas podem variar de acordo com a causa e a gravidade da inflamação, mas podem incluir tosse persistente, falta de ar (dispneia), dificuldade para respirar, febre (em alguns casos), cansaço e perda de peso. É fundamental identificar e evitar o agente causador e procurar tratamento médico, que pode envolver o uso de anti-inflamatórios. 
Entre as causas comuns de pneumonite estão:
  • Pneumonite por hipersensibilidade:  Causada pela inalação de poeiras orgânicas, como as encontradas em ambientes de trabalho ou domésticos. 
  • Pneumonite por aspiração:  Ocorre quando partículas de alimentos, líquidos ou secreções são aspiradas para os pulmões.
  • Pneumonite induzida por medicamentos:  Certos fármacos, como os de quimioterapia, podem causar inflamação pulmonar.
  • Pneumonite actínica:  Resulta do tratamento de radioterapia em tumores na região do tórax. 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da pneumonite é feito com base na avaliação dos sintomas, exames de imagem (como radiografia de tórax) e, por vezes, testes mais específicos para identificar a causa. O principal tratamento é a suspensão da exposição ao agente causador da inflamação. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de corticosteroides para reduzir a inflamação.
Em situações mais graves, o tratamento pode envolver oxigenoterapia e o acompanhamento de um pneumologista. A prevenção da pneumonite envolve evitar a exposição a substâncias irritantes e alérgenos, manter um ambiente limpo e evitar o tabagismo.

Quem foi Marceu Vieira

Marceu Vieira formou-se em 1982 em Jornalismo pelo Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e trabalhou em redações de grandes jornais e revistas no Rio de Janeiro.
Em O Globo, durante quase 30 anos, foi repórter e editor de Esportes durante a Copa do Mundo de 2014, além de atuar na equipe da coluna de Ancelmo Góis. Participou ainda das redações do Jornal do Brasil. Revista Época. O Dia e Tribuna da Imprensa.
Além do jornalismo, Marceu era um compositor talentoso e escritor, participando ativamente da vida cultural carioca. Frequentador de rodas de samba e choro, como as que aconteciam no bar Bip Bip, em Copacabana, era uma figura querida na cena do samba, com sambas-enredo para blocos de Carnaval de Rua, como o Imprensa que eu Gamo, tradicional bloco de jornalistas que fez seu último desfile no Carnaval 2025.
Ao receber um sinal vermelho no Globo depois de quase 30 anos de carteira assinada, Marceu migrou para o digital, há 10 anos, após, e virou ‘empreendedor’, escrevendo com independência nas redes sociais e em seu blog. “Temos que levar ternura para a internet”, disse ele, durante um dos encontros Reinventar JornalistasRJ na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em junho de 2016.
Nos anos mais recentes, Marceu atuou como redator no programa Conversa com Bial, da TV Globo. O apresentador o  homenageou. “Não conheci ninguém que vivesse como Marceu Vieira, uma vida em estado de poesia. Virou poema”, escreveu Pedro Bial, em uma publicação no Instagram.
Após seu falecimento, diversos veículos de imprensa e instituições, como o IACS da UFF, e colegas de profissão, também publicaram homenagens que ressaltam sua generosidade, gentileza, talento e alegria de viver. No grupo JornalistasRJ, no whatsapp, dezenas de colegas postaram momentos inesquecíveis da vida e obra de Marceu.
O jornalista foi velado na sede da ABI, nesta quarta-feira (1), onde era sócio desde 1987, com direito a bandeira do Flamengo, seu time do coração, e a roda de samba com os amigos do Bip Bip, Marceu deixa três filhos – Mateus, Maria e Vitória – , dois livros inéditos a serem publicados e uma legião incontável de amigos e admiradores.
Com informações de assessorias e agências
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