A perda de audição, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo Até 2050, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas no mundo com algum grau de surdez poderá chegar a 2,5 bilhões.  No Brasil, a deficiência auditiva já afeta cerca de 10 milhões de cidadãos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Setembro Azul é um período dedicado à conscientização sobre a importância de políticas públicas que garantam os direitos e a inclusão das pessoas com deficiência auditiva. A cor azul foi escolhida para representar o “orgulho surdo” em razão da triste história da faixa azul que pessoas surdas eram forçadas a usar durante o nazismo.

dia 26 de setembro foi escolhido para representar a luta da comunidade surda brasileira por ser a data da criação da primeira escola de surdos no Brasil. Já o Dia Internacional das Línguas de Sinais, definido pela ONU, homenageia a fundação da Federação Mundial dos Surdos em 1951.

Para lembrar as datas, o Congresso Nacional ficará iluminado de azul entre os dias 23 e 26, em homenagem ao Setembro Azul, iniciativa que celebra o Dia Internacional das Línguas de Sinais (23), o Dia Nacional do Surdo (26) e o Dia Internacional do Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais (30).

Os três principais tipos de surdez e como tratá-los

Por ocasião dessas datas, é importante discutir a saúde auditiva e conscientizar sobre o problema. A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) destaca que a surdez pode manifestar-se em diferentes níveis e formas, sendo classificada em três tipos principais: condutiva, neurossensorial e mista.

Surdez condutiva

Esse tipo acontece quando há um bloqueio ou problema na condução do som através do ouvido externo, ou médio até o ouvido interno. As causas podem incluir infecções no ouvido, presença de cera, secreção persistente atrás do tímpano, perfuração do tímpano, otosclerose, tumores, malformações da orelha e/ou dos ossículos do ouvido (martelo, bigorna e estribo).

A boa notícia é que, na maioria dos casos, a surdez condutiva tem terapias e pode ser reversível, como esclarece o especialista da ABORL-CCF, Dr. Robinson Koji Tsuji.

O tratamento varia conforme a causa e pode incluir a remoção da cera, uso de antibióticos para infecções ou até procedimentos cirúrgicos atuando diretamente nas causas, como por exemplo: reparando uma perfuração do tímpano ou reconstruindo os ossículos do ouvido. Podendo também ser utilizado aparelhos auditivos em algumas situações com ótimos resultados.”, declara.

Surdez neurossensorial 

A surdez neurossensorial ocorre devido a danos nas células sensoriais do ouvido interno (cóclea) ou no nervo auditivo, como envelhecimento, exposição prolongada a ruídos altos, doenças genéticas e ao uso de medicamentos ototóxicos, ou seja, que contém substâncias que podem causar danos ao sistema coclear. Esse tipo de perda auditiva, geralmente, é irreversível, mas pode ser tratada com o uso de aparelhos auditivos ou, em casos mais graves, com implantes cocleares.

Tsuji explica que o implante coclear é um aparelho eletrônico digital que cumpre o papel de converter os estímulos sonoros em estímulos elétricos e estimular diretamente o nervo auditivo dentro da cóclea.

Ao fazer o implante, o paciente sentirá um ganho significativo na qualidade de vida, pois terá a sua audição restaurada, garantindo melhora da capacidade de comunicação e de relacionamento social, entre outras questões da rotina diária. Após a cirurgia, o paciente terá que fazer uma terapia fonoaudiológica por alguns meses e acompanhamento com o otorrino para conquistar esses resultados positivos”, esclarece.

Surdez mista

A surdez mista é uma combinação de surdez condutiva e neurossensorial. Nesse caso, o paciente apresenta tanto problemas na condução do som quanto danos nas células ou no nervo auditivo. Entre os fatores que desencadeiam a situação, estão infecções crônicas no ouvido, otosclerose, traumas ou lesões no ouvido.

Esse tipo de surdez pode ser mais complexo de tratar. “O tratamento depende do grau da perda auditiva em cada componente. Cirurgias podem ser indicadas para tratar a parte condutiva, enquanto aparelhos auditivos ou implantes cocleares podem auxiliar na surdez neurossensorial”, afirma o médico da ABORL-CCF.

Diagnóstico precoce é fundamental

Detectar o problema de forma precoce é essencial para definir o melhor tratamento e prevenir que a perda auditiva se agrave. O médico otorrinolaringologista realiza exames detalhados, como a audiometria, para identificar o tipo e o grau de surdez. Com base nos resultados, é possível definir a melhor abordagem, seja ela médica, cirúrgica ou por meio de dispositivos auditivos e terapias complementares com outras especialidades.

Reconhecer os sinais de que a audição não vai bem é o primeiro passo para entender que a pessoa precisa de uma consulta com o especialista. Entre os sintomas recorrentes na população adulta, a ABORL-CCF evidencia a dificuldade para entender conversas, costume de aumentar o volume de aparelhos eletrônicos, falar alto, pedir para as pessoas ficarem repetindo falas, ter zumbido no ouvido, ficar em isolamento social, como sendo os principais.

A melhor forma de cuidar da saúde auditiva é consultar um otorrinolaringologista e realizar exames regulares. Ouvir é primordial para uma boa capacidade de comunicação e de relacionamento social. Quanto mais cedo um problema é identificado, maiores são as chances de tratamento e melhora da qualidade de vida”, finaliza o especialista.

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Os principais fatores de risco para a perda auditiva

O médico otorrinolaringologista Bruno Borges de Carvalho Barros, que atua na capital paulista, traz informações valiosas e curiosas sobre como prevenir a surdez, os sinais de alerta para a perda auditiva e as opções de tratamento disponíveis.

A perda auditiva pode ocorrer de forma gradual ou súbita, e muitas vezes é subestimada até que se torne um problema severo. Entre os fatores de risco estão a exposição prolongada a sons altos, infecções recorrentes no ouvido e envelhecimento.

A exposição prolongada a sons acima de 85 decibéis pode provocar a perda auditiva temporária ou permanente. Isso ocorre porque o som excessivamente alto atinge as células ciliadas da cóclea, uma estrutura sensível no ouvido interno responsável por transformar as ondas sonoras em impulsos nervosos. Uma vez danificadas, essas células não se regeneram, resultando em perda auditiva permanente.

O Dr. Bruno destaca que o uso frequente de fones de ouvido em volumes excessivos tem sido uma das principais causas de perda auditiva entre jovens.

Para prevenir a perda auditiva, é crucial limitar o tempo de exposição a ruídos intensos, usar protetores auriculares em ambientes barulhentos e realizar check-ups auditivos regulares, especialmente em pessoas acima de 50 anos ou que trabalham em ambientes ruidosos”, aconselha o especialista.

Outro ponto preocupante é que, em ambientes barulhentos, como transporte público ou ruas movimentadas, muitas pessoas aumentam o volume dos fones de ouvido para bloquear o ruído externo, o que intensifica ainda mais os danos ao sistema auditivo. “O ideal é limitar o volume a no máximo 60% da capacidade total do dispositivo e fazer pausas regulares”, recomenda.

Cuidado começa na infância

Ele ainda lembra a importância de cuidar da saúde auditiva desde a infância: “Infecções de ouvido maltratadas na infância podem ter consequências a longo prazo. Os pais devem estar atentos a sinais como a falta de resposta a estímulos sonoros ou dificuldades na fala.”

Mas, se mesmo com todos os cuidados, a perda auditiva for diagnosticada, há várias opções de tratamento. “Em alguns casos, o uso de aparelhos auditivos pode ser suficiente para melhorar a qualidade de vida. Em outros, cirurgias ou implantes cocleares podem ser recomendados, dependendo da causa e da gravidade da surdez – mas todos os casos têm solução”, explica o médico.

Com Assessorias

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