Há 20 anos, Claudete Ferreira Trolli ficou acamada por um mês, por conta de um grave problema na coluna. E logo após passar por uma cirurgia, na mesma semana teve uma trombose. Precisou tomar um remédio de duas em duas horas e teve que passar três meses de repouso na cama. Ficou boa. Mas em julho deste ano ela teve novamente uma trombose e iniciou novo tratamento.
“Sentia muita dor nas pernas, porque o sangue não circula, a perna vai inchando e se a pessoa por o pé no chão, é capaz de morrer por embolia pulmonar ou cerebral. Mata na hora”, sentencia a dona de casa, hoje com 0 60 anos. Dessa vez, no entanto, o tratamento foi mais rápido. “Durou dois meses, com uma nova medicação. Em 10 dias já estava com o pé no chão”, conta.
Claudete suspeita dos motivos que a levaram à trombose. “Da primeira vez, formou a trombo porque fiquei muito tempo acamada e o sangue não circulava. Dessa vez, acho que foi por causa do colesterol alto. Mas acredito que é hereditário. A família toda da minha mãe tem problema vascular. É um problema terrível. Precisa mesmo conscientizar as pessoas para se tratarem porque pode levar à morte”, conta ela, que recomenda tomar muita água e caminhar para manter a boa circulação.
Nesta sexta-feira, 16 de setembro, Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Ivanésio Merlo, que atendeu Claudete nos dois episódios, destaca a importância da conscientização sobre o problema.
Ele explica que a Trombose Venosa Profunda (TVP) é um coágulo de sangue que se desenvolve em uma veia profunda no corpo, que acaba entupindo-os e dificultando o retorno venoso ao coração. Essa ação não oferece risco de morte. O risco quando o coágulo migra pela corrente sanguínea, podendo se alojar nos vasos sanguíneos do pulmão.
“O mais grave é quando esse trombo percorre a corrente sanguínea e instala-se nos pulmões, causando a embolia pulmonar, que pode ser fatal”, comenta. No Brasil, não há uma estatística oficial atualizada, mas sabe-se que aproximadamente de 1 a 2 por 1 mil habitantes podem desenvolver a doença, consequentemente, 400 mil casos/ano.
Causas, sintomas e tratamento
A trombose faz parte das doenças do programa do Checkup Vascular, campanha da SBACV que pretende estimular as peessoas a procurarem um especialista para verificar seu risco para as doenças vasculares. “Por se tratar de uma doença que muitas vezes é assintomática, identificar se pertence ao grupo de risco é muito importante”, ressalta.
Os sintomas da embolia pulmonar são mais nítidos e o atendimento deve ser feito imediatamente: dor no peito, falta de ar, tosse repentina (com possibilidade de expectorar sangue), sudorese e tontura, entre outros.
Casos de trombose na família, obesidade, sedentarismo, tabagismo, varizes não tratadas e cirurgias de grande porte (como cirurgias ortopédicas e ginecológicas) sãos os principais fatores de risco. Quem tem casos na família da doença deve fazer um perfil hematológico, exame para verificar a possibilidade de a pessoa ter trombofilias (enfermidade que causa a coagulação no vaso por herança genética).
Merlo afirma que as novidades no tratamento da trombose são os novos anticoagulantes orais apresentados durante o Congresso da International Society on Thrombosis and Haemostasi, na França, este ano. Estes novos anticoagulantes orais possibilitam o tratamento ambulatorial da trombose. “Estes medicamentos estabelecem um novo padrão no tratamento do paciente com trombose venosa, possibilitando a ‘desospitalização’, dando liberdade ao paciente durante o tratamento”, explica.
Risco para desenvolver TVP
– Uso de medicações, como contraceptivos orais, quimioterápicos e tratamentos hormonais
– Obesidade
– Presença de varizes nas pernas
– Gravidez
– Pós-parto
– Câncer- AVC (Acidente Vascular Cerebral)
– Traumatismos, principalmente nas extremidades inferiores (risco de TVP por volta de 70% )
– Doenças crônicas, como insuficiência cardíaca e doenças pulmonares crônicas
– Doenças agudas, como infarto do miocárdio, e infecções, como pneumonia
– Fraturas ósseas
Atitudes para prevenir a TVP
– Manter-se no peso
– Não fumar
– Ter uma alimentação balanceada
– Não ficar muito tempo imobilizado
– Praticar atividades físicas
– Após uma cirurgia, voltar rapidamente a se movimentar
– Usar meias elásticas e medicamentos, quando indicado pelo cirurgião vascular/angiologista
Fonte: Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV)