Levantamento feito pelo Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP) na base Cancer Tomorrow da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS) traz dados preocupantes em relação à epidemiologia do câncer de boca/cavidade oral, laringe, faringe, nasofaringe, glândulas salivares, orofaringe e tireoide; tumores malignos alusivos à região de cabeça e pescoço.

A projeção é que o número total de mortes no Brasil salte de 17 mil para 30 mil em 2050, representando um aumento de 86%. No mesmo período, o número total de casos deve aumentar de 61 mil para 93 mil em 2050, um aumento de 52%. Os dados de mortalidade no Brasil superam a média global. Para todo o mundo, a projeção é de aumento de 81,6% nas mortes por câncer de cabeça e pescoço até 2050.

Sudeste e Sul têm as maiores prevalências de câncer de boca, laringe e tireoide

As menores taxas de diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço são registradas na região Norte, como reflexo, principalmente, da dificuldade de acesso ao diagnóstico

Há mais de 30 áreas na cabeça e pescoço onde o câncer pode se desenvolver. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS) aponta que são esperados mais de 1,5 milhão de novos casos de câncer de cabeça e pescoço no mundo em 2025, sendo assim o quinto câncer mais prevalente. Considerando todos os tipos de tumores que acometem a região de cabeça e pescoço, são mais de 460 mil mortes anuais no mundo.

No Brasil, as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para 2025 apontam para 41 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil. Na lista dos dez tipos mais comuns em homens e mulheres no país, os tumores na região mais comuns são de cavidade oral e laringe (homens) e tireoide (mulheres).

HOMENS MULHERES
Próstata 71.730 Mama 73.610
Colorretal 21.970 Colorretal 23.660
Pulmão 18.020 Colo do útero 17.010
Estômago 13.340 Pulmão 14.540
Cavidade Oral 10.900 Tireoide 14.160
Esôfago 8.200 Estômago 8.140
Bexiga 7.870 Corpo do útero (endométrio) 7.840
Laringe 6.570 Ovário 7.310
Linfoma não Hodgkin 6.420 Pâncreas 5.690
Leucemia 6.390 Linfoma não Hodgkin 5.620

Com base nos dados do Inca, o Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP) aponta que as menores prevalências destes tumores são observadas na região Norte do país. O câncer de cavidade oral, por exemplo, registrada 4,53 casos para cada 100 mil nortistas, prevalência três vezes menor que a registrada no Sudeste, que é de 13,16 casos para cada 100 mil. Os números apontam para a dificuldade de acesso à informação sobre prevenção, ao atendimento médico e odontológico nos estados da região.

O Sudeste também registra a maior prevalência de câncer de tireoide, com 16,53 casos para cada 100 mil mulheres, seguido pelo Nordeste (13,54) e Centro-Oeste (11,91). É quase cinco vezes maior que a prevalência registrada na região Norte. Para o câncer de laringe, as regiões Sul e Sudeste apresentam as maiores prevalências (7,37 e 7,36 em homens e 1,15 e 1,31 em mulheres, respectivamente).

Na lista dos dez tipos mais comuns em homens e mulheres no país, os tumores na região mais comuns são cavidade oral e laringe (homens) e tireoide (mulheres).

Prevalência de câncer de cavidade oral, tireoide e laringe em cada unidade federal do país. Total de casos para cada 100 mil habitantes

 

Por que diagnosticar precocemente é tão importante?

Dados de 2025 sobre câncer de cavidade oral e laringe do levantamento SEER, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI), apontam que em apenas 26% dos casos o câncer de cavidade oral é diagnosticado com a lesão ainda restrita ao local. Por conta da alta prevalência de diagnóstico tardio, a taxa de cura (o paciente estar vivo cinco anos após o diagnóstico) é de 69,5%.

Os dados mostram que 85,4% dos pacientes estão vivos cinco anos após o tratamento quando o tumor era inicial, localizado apenas no órgão. Quando a doença se espalha pelos linfonodos a taxa de sobrevida em cinco anos cai para 69,4%. Com doença à distância (metástase) a taxa é de 36,9%.

A triagem para o diagnóstico do câncer de cavidade oral começa na saúde primária, pelo exame clínico (visual) durante consulta ou durante atendimento com o dentista. A confirmação deste diagnóstico depende da biópsia. Esse procedimento, na maioria das vezes, pode ser feito de forma ambulatorial, com anestesia local, por um profissional treinado. A análise do material retirado em biópsia é feita pelo médico patologista, responsável por definir o subtipo e grau de agressividade.

Alguns exames de imagem, como a tomografia computadorizada, também auxiliam no diagnóstico, e, principalmente, ajudam a avaliar a extensão do tumor. O exame clínico associado à biópsia, com o estudo da lesão por tomografia (nos casos indicados) permite ao cirurgião definir o tratamento adequado. As lesões muito iniciais podem ser avaliadas sem a necessidade de exame de imagem num primeiro momento.

Mesmo a doença sendo visível, 8 entre 10 casos são descobertos em fase avançada

Ao contrário do que ocorre em outros órgãos, quando o câncer acomete a região de cabeça e pescoço a doença é visível. Apesar disso, os sinais não são percebidos na maioria dos casos. No Brasil, 8 entre 10 casos de câncer que acometem, por exemplo, a cavidade oral, são descobertos já em fase avançada.

O diagnóstico tardio resulta em menor chance de controle da doença, pior qualidade de vida para o paciente, maiores taxas de morbidade e mortalidade, necessidade de cirurgias mais extensas, maior complexidade de outras modalidades de tratamento e maior demanda por reconstrução facial, assim como mais desafios na reabilitação do paciente”, alerta a oncologista Milena Mak, presidente do GBCP.

Os diferentes tumores localizados na região de cabeça e pescoço acometem a cavidade oral (boca, lábios, língua, gengiva, assoalho da boca e palato), seios da face (maxilares, frontais, etmoidais e esfenoidais), faringe (nasofaringe (atrás da cavidade nasal), orofaringe (onde se encontra a amígdala e a base da língua) e hipofaringe (porção final da faringe, junto ao início do esôfago), além da laringe (supraglote, glote e subglote), glândulas salivares e glândula tireoide.

QUAIS SÃO OS SINAIS?

Os principais sinais de alerta para câncer de cabeça e pescoço são:

– Ferida na boca que não cicatriza (sintoma mais comum)
– Dor na boca que não passa (também muito comum, mas em fases mais tardias)
– Nódulo persistente ou espessamento na bochecha
– Área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua, amígdala ou revestimento da boca
– Irritação na garganta ou sensação de que alguma coisa está presa ou entalada na garganta
– Dificuldade para mastigar ou engolir
– Dificuldade para mover a mandíbula ou a língua
– Dormência da língua ou outra área da boca
– Inchaço da mandíbula que faz com que a dentadura ou prótese perca o encaixe ou incomode
– Dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva ou dor em torno dos dentes ou mandíbula
– Mudanças na voz
– Nódulos ou gânglios aumentados no pescoço
– Perda de peso
– Mau hálito persistente

Vale ressaltar que a existência de qualquer dos sinais e sintomas pode sugerir a existência de câncer, cabendo ao médico avaliar a necessidade de se pedir outros exames para confirmar ou não o diagnóstico. Muitos desses sinais e sintomas podem ser causados por outros tipos de câncer ou por doenças benignas.

É importante consultar o médico ou o dentista se qualquer desses sintomas persistir por mais de três semanas. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores são as chances de sucesso.

Agenda Positiva – Julho Verde

4 entre 10 casos podem ser evitados com mudanças de hábitos

Não fumar ou consumir bebidas alcoólicas em excesso, vacinar contra o HPV, manter a higiene bucal em dia, não se expor ao sol sem proteção e usar preservativo nas relações sexuais. Essas ações possibilitam que cerca de 40% dos casos de câncer sejam evitados. Evitar os fatores de risco é uma forma de cultivar prevenção e colher vida

Se a sua saúde fosse uma planta, como você acha que ela estaria? Assim como uma planta, precisa de um bom solo, cultivo e técnicas adequadas, a nossa saúde precisa de escolhas conscientes. Essa é a mensagem central da campanha “cultive prevenção, colha vida”, do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP) para o Julho Verde, mês de conscientização sobre os tumores que acometem a região de cabeça e pescoço.

O Julho Verde foi idealizado no Brasil pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), apoiadora da campanha de 2025 do GBCP.  O tema escolhido aposta na mensagem de que, assim como uma planta precisa de um bom solo, cultivo e técnicas adequadas, a nossa saúde precisa de escolhas conscientes.

Diferentemente de muitos tipos de câncer, em que as principais etiologias (causas) não são conhecidas, os principais fatores de risco para desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço são bem estabelecidos. Para ser mais exato, cerca de 40% dos casos poderiam ser evitados com simples mudanças de hábitos.

Algumas delas são: não fumar nenhum derivado do tabaco (incluindo cigarro eletrônico e narguilé), evitar bebidas alcoólicas, vacinar-se contra o HPV, manter a higiene bucal em dia, não se expor ao sol sem proteção, usar preservativos nas relações sexuais e estar atento aos sinais e sintomas.

A prevenção deve ser cultivada diariamente. Escolhemos essa metáfora como fio condutor da nossa campanha porque queremos inspirar a sociedade a enxergar a importância dos hábitos saudáveis, do diagnóstico precoce e do autocuidado”, destaca a oncologista Milena Mak, presidente do GBCP.

Ao longo de todo o mês de julho, o GBCP, por meio de ampla campanha em diferentes regiões do país para alertar sobre medidas de prevenção dos diferentes tipos de câncer de cabeça e pescoço. Todos os materiais estão disponíveis para download em www.gbcp.org.brO convite é também para marcar o @gbcpoficial e utilizar sempre as hashtags #CultivePrevenção #ColhaVida e #JulhoVerdeGBCP2025.  A campanha contará com duas lives especiais no canal do GBCP no YouTube.

Mais informações do GBCP sobre câncer de cabeça e pescoço

Câncer de boca – https://www.gbcp.org.br/cancer-de-boca
Câncer de faringe – https://www.gbcp.org.br/cancer-de-faringe
Câncer de glândula salivar – https://www.gbcp.org.br/cancer-de-glandula-salivar
Câncer de laringe – https://www.gbcp.org.br/cancer-de-laringe
Câncer de tireoide – https://www.gbcp.org.br/cancer-de-tireoide
Câncer de paratireoide – https://www.gbcp.org.br/tumor-da-paratireoide
Câncer nos seios da face – https://www.gbcp.org.br/cancer-nos-seios-da-face

 

 

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