Este mês é marcado pela campanha Julho Verde, uma iniciativa dedicada à conscientização e prevenção dos cânceres de cabeça e pescoço, que englobam tumores que afetam a boca, faringe, laringe, tireoide, seios paranasais e glândulas salivares.

Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) apontam que esses cânceres são o segundo tipo mais comum entre os homens brasileiros, excluindo o câncer de pele não melanoma, e o quinto tipo de câncer de maior incidência geral no país, de acordo com o Ministério da Saúde.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil registra aproximadamente 39.550 novos casos de câncer de cabeça e pescoço por ano, entre 2023 e 2025, somando tumores de boca, laringe, orofaringe, hipofaringe e nasofaringe.

Ainda segundo o Inca, 80% dos casos são diagnosticados apenas em estágios avançados, o que compromete significativamente as taxas de cura e aumenta os riscos de sequelas, como perda da fala e dificuldade para engolir e respirar.

No Brasil, esses tipos de tumor representam uma parcela significativa dos diagnósticos oncológicos, tornando o alerta fundamental para a população. Por isso, Julho Verde reforça a importância de conhecer os principais tipos, fatores de risco e a relevância do diagnóstico precoce para o sucesso do tratamento.

Chances de cura ultrapassam 80%

O cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), explica que esse cenário poderia ser revertido evitando os fatores de risco conhecidos.

O câncer de cabeça e pescoço pode ser evitado, principalmente porque, em grande parte dos casos, está associado ao tabagismo, consumo excessivo de álcool e infecção pelo HPV. Quando o paciente fica atento aos sinais e sintomas as chances de cura ultrapassam os 80%”, afirma.

O grande problema, no entanto, é que muitos desses sintomas são facilmente confundidos com situações comuns do dia a dia, como aftas, infecções de garganta, rouquidão passageira, sinusite ou problemas dentários.

Isso faz com que muitas pessoas posterguem a busca por atendimento médico, levando ao diagnóstico em estágios mais avançados, quando o tratamento se torna mais complexo e com maiores chances de sequelas”, alerta Pinheiro.

Entenda os fatores de risco

A grande maioria dos casos está associada a fatores de risco modificáveis como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e a infecção pelo vírus HPV, que tem relação direta com o surgimento de tumores na orofaringe.

O tabagismo e o consumo excessivo de álcool são os principais vilões, sendo responsáveis por cerca de 80% dos diagnósticos. O uso combinado de cigarro e álcool potencializa ainda mais os riscos”, afirma Hugo Luz, diretor da SBCCP e cirurgião do Centro Regional Integrado de Oncologia (CRIO).

Outro fator de risco crescente é a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), especialmente o tipo 16. “O vírus está relacionado ao aumento da incidência de câncer de orofaringe (parte da garganta atrás da boca), principalmente em indivíduos mais jovens e não fumantes”.

Além disso, a exposição prolongada ao sol sem proteção é um fator de risco para câncer de pele na região do rosto e pescoço. “Má higiene bucal e próteses dentárias mal ajustadas também podem contribuir para o surgimento de lesões pré-cancerígenas na boca”, explica o Dr. Hugo.

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A urgência do diagnóstico precoce

A detecção precoce é o pilar fundamental para o aumento das chances de cura e para a redução da morbidade associada ao tratamento. Sinais e sintomas como feridas na boca que não cicatrizam em 15 dias, manchas brancas ou avermelhadas na boca, nódulos no pescoço, rouquidão persistente por mais de duas semanas, dificuldade para engolir ou dor na garganta ao se alimentar devem ser investigados imediatamente.

O diagnóstico em estágios iniciais é crucial. Em muitos casos, a cura pode chegar a 90% quando a doença é identificada precocemente. É fundamental que a população esteja atenta aos sinais e sintomas, buscando um especialista assim que notar qualquer alteração. Quanto antes o câncer é descoberto, menores são as sequelas do tratamento e maiores são as chances de uma vida plena”, conclui o cirurgião Hugo Luz.

O especialista reforça que, além da adoção de hábitos saudáveis — como evitar o tabagismo, reduzir o consumo de álcool e manter boa higiene bucal —, a vacinação contra o HPV é fundamental na prevenção de alguns tipos de câncer de cabeça e pescoço, especialmente os que acometem a orofaringe (amígdalas e base da língua).

A vacina é uma ferramenta de saúde pública extremamente eficaz e segura, capaz de proteger não apenas contra o câncer de colo do útero, mas também contra tumores relacionados ao HPV na boca, garganta e outras regiões”, destaca.

Tratamento do câncer de cabeça e pescoço

Quando o câncer de cabeça e pescoço é diagnosticado em fases avançadas, pode ser indicado o tratamento com abordagens combinadas que podem incluir cirurgia, radioterapia e quimioterapia.

O tratamento cirúrgico é essencial para tumores da cavidade oral e das glândulas salivares, enquanto nos tumores de laringe e faringe a definição da melhor estratégia cirurgia, radioterapia ou combinação dos tratamentos considera o tipo de tumor, o estágio da doença e as condições clínicas do paciente”, explica o presidente da SBCO.

Já em casos de diagnóstico precoce, a cirurgia, na maioria dos casos, é menor, menos agressiva e com muito menos impacto funcional e estético. “Isso significa preservar funções como fala, deglutição e respiração, além de oferecer melhores resultados oncológicos. Por outro lado, quando o tumor está em estágio avançado, o procedimento se torna mais desafiador e, frequentemente, exige tratamentos combinados, com maior risco de sequelas permanentes”, conclui.

Fatores de risco do câncer de cabeça e pescoço

O mês de julho é dedicado a campanha Julho Verde, de conscientização dos fatores de risco dos cânceres de cabeça e pescoço, entre eles:

  • Cavidade oral: língua, gengiva, céu da boca, assoalho da boca, bochecha e lábios
  • Faringe: inclui nasofaringe (atrás do nariz), orofaringe (amígdalas, base da língua) e hipofaringe (parte inferior da garganta)
  • Laringe: onde ficam as cordas vocais
  • Seios paranasais: cavidades ósseas ao redor do nariz e dos olhos
  • Glândulas salivares maiores: parótida, submandibular e sublingual
  • Nariz e cavidade nasal
  • Pele: alguns tipos de câncer de pele, principalmente os de células escamosas e basocelulares, também entram nessa classificação pela localização

Principais sinais e sintomas

  • Ferida no rosto ou na boca que não cicatriza por aproximadamente 15 dias
  • Mancha vermelha ou esbranquiçada nos lábios ou na cavidade oral
  • Dificuldade ou dor para mastigar ou engolir
  • Caroço no pescoço, boca ou mandíbula, que não regride
  • Irritação ou dor na garganta, tosse persistente, dores de cabeça, dor de ouvido ou falta de ar constantes
  • Aftas que não cicatrizam, mau hálito persistente e sangramentos nasais frequentes
  • Dente mole, dor em torno dos dentes ou sensação de desconforto na arcada dentária sem motivo aparente
  • Mudança na voz, rouquidão ou sensação de cansaço vocal persistente

A campanha Julho Verde é uma oportunidade para reforçar a importância da prevenção, com a adoção de hábitos de vida saudáveis, e da vigilância constante em relação à saúde da cabeça e pescoço. A informação é a melhor ferramenta para combater esses tipos de câncer e garantir um futuro com mais saúde e qualidade de vida”.

Agenda Positiva

Mutirão gratuito de prevenção ao câncer de cabeça e pescoço no Julho Verde

Em alusão à campanha nacional Julho Verde, dedicada à conscientização sobre o câncer de cabeça e pescoço, o Centro Regional Integrado de Oncologia (CRIO) realizará no dia 26 de julho, das 8h às 12h, um mutirão gratuito de atendimentos e orientações à população. A ação será voltada principalmente para pessoas em situação de vulnerabilidade social, e ocorrerá no ambulatório da instituição, localizado na Rua Francisco Calaça, 1300, no bairro Álvaro Weyne, em Fortaleza, Ceará.

Durante a ação, serão realizadas avaliações clínicas voltadas à identificação de sinais e sintomas de câncer na região da cabeça e pescoço, além de suspeitas de câncer de pele na face. Ao todo, são 120 vagas ofertadas para o mutirão, e as inscrições podem ser realizadas por meio do formulário disponível na bio do perfil oficial do CRIO no Instagram. Após triagem, os participantes selecionados que apresentarem alterações suspeitas poderão dar seguimento ao tratamento no centro oncológico, sem nenhum custo.

Nosso objetivo com esse mutirão é alertar as pessoas para os sinais que muitas vezes são negligenciados, como feridas na boca que não cicatrizam, rouquidão persistente e nódulos no pescoço. O diagnóstico precoce é determinante para o sucesso do tratamento, aumentando as chances de cura em até 90% dos casos. A informação salva vidas, e ações como essa tornam o cuidado acessível a quem mais precisa”, explica o cirurgião Dr. Hugo Luz.

Com Assessorias

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