A morte de Preta Gil, que comoveu o Brasil neste domingo (20), reacende o alerta para um tipo de câncer que vem crescendo muito no Brasil, principalmente entre adultos jovens. A cantora de 50 anos lutava contra inúmeras complicações causadas por uma metástase hepática do câncer colorretal, diagnosticado há dois anos e meio.

Também conhecido como câncer de cólon, de intestino grosso ou de reto, esse já é o segundo tipo mais incidente no país – excluindo os casos de pele não melanoma – e o terceiro no mundo, acometendo igualmente homens e mulheres. Entre 2023 e 2025, a previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é de que o Brasil passe de 45 mil novos casos da doença a cada ano.

Até 2040, segundo recente estudo da Fundação do Câncer, o país deverá ter um aumento de 21% em casos de câncer colorretal. A projeção reforça o alerta para o cenário global da doença, que aumentou em quase 80% em pessoas com menos de 50 anos nas últimas três décadas.

De acordo com relatório divulgado em 2023 pela American Cancer Society (Sociedade Americana de Câncer), 20% dos diagnósticos de câncer colorretal realizados nos Estados Unidos em 2019 aconteceram em pacientes com menos de 55 anos.  Comparativamente, é o dobro do que era observado em 1995 nessa faixa etária.

De acordo com os autores, as taxas de detecção desta doença em estágio avançado cresceram cerca de 3% ao ano entre indivíduos que ainda não completaram 50 anos. Os dados dos Estados Unidos apontam 19,5 mil casos e 3,7 mil mortes por câncer colorretal entre os mais jovens em 2023.

No Brasil, análises do Inca também apontam para o aumento expressivo de casos colorretais nessa faixa etária, que há alguns anos sequer era considerada grupo de risco. O instituto alerta para o crescimento dos casos entre pacientes com menos de 50 anos, especialmente homens.

Por que o câncer está atingindo cada vez mais pessoas abaixo dos 50?

Infelizmente, outros artistas, atletas e figuras públicas também vêm sendo diagnosticados com a doença nos últimos anos. E vários deles também não conseguiram resistir às complicações da doença. Foi o caso caso dos jogadores Pelé e Roberto Dinamite, do ator Luiz Gustavo e, mais recentemente, do cantor Klauss Hee, do grupo Dominó. Outros famosos seguem em tratamento como a cantora Simony, o cantor Conrado e o apresentador Emilio Surita.

De acordo com o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, o aumento dos casos de câncer colorretal abaixo dos 50 anos está associado a uma rotina com falta de hábitos saudáveis.

A alimentação pobre em frutas, vegetais e carnes magras, junto com obesidade, sedentarismo, consumo de álcool, tabagismo  contribui significativamente para o aumento da incidência desse tipo de câncer. Preta Gil chegou a reconhecer que tinha hábitos alimentares pouco saudáveis e que seu diagnóstico foi tardio.

Há um consumo excessivo de alimentos industrializados e ultraprocessados e com baixa ingestão de fibras. Sem contar a falta de atividades físicas regulares e a obesidade. Esses fatores aumentam a incidência de câncer em pessoas relativamente mais novas”, afirma.

A boa notícia é que o câncer colorretal pode ser prevenido com bons hábitos de vida. A SBCO recomenda alimentação equilibrada (com maior ingestão de fibras e sem consumo de ultraprocessados), prática de atividade física, não fumar e não consumir bebidas alcoólicas em excesso.

 

‘Um gesto de força, empatia e inspiração para pacientes e profissionais’

Assim que recebeu o diagnóstico do câncer colorretal, a filha de Gilberto Gil decidiu compartilhar a sua jornada contra a doença nas redes sociais, ajudando a esclarecer a população sobre a doença e a quebrar mitos em torno dela.

Sei que fiz a escolha certa em dividir com as pessoas as minhas vulnerabilidades e meus sofrimentos. Mas com a cabeça erguida, como sempre foi, desde o começo”, disse Preta em 2024.

Ao tornar pública sua jornada de tratamento, a cantora ajudou a lançar o tema na mídia e ampliar o alcance da informação, incentivando a prevenção e o rastreamento precoce, fato que foi reconhecido por entidades médicas.

“Sua coragem ao compartilhar sua vivência com a doença foi um gesto de força, empatia e inspiração para pacientes e profissionais da área”, disse a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) em nota na qual se solidariza com os familiares e amigos de Preta Gil e agradece pela participação da cantora no Congresso Brasileiro de Cirurgia Oncológica em 2023.

Cada vida perdida para o câncer representa uma dor imensa para a família, para os amigos, para toda a sociedade e comunidade oncológica. Seguiremos lutando por avanços no cuidado oncológico com ainda mais compromisso, em respeito à memória de tantas vidas marcadas pelo câncer”, afirma a SBCO, representada por seu presidente, Rodrigo Nascimento Pinheiro.

 

Saiba mais sobre o caso Preta Gil

Preta Gil estava desde maio em Nova York, nos Estados Unidos, onde se submetia a um tratamento inovador após esgotar todas as possibilidades terapêuticas no Brasil. Nem ela nem familiares ou amigos publicaram detalhes sobre o tratamento.
A cantora sabia que esta seria a sua última esperança. Mas ela jamais desistiu de lutar pela vida e acreditar na cura, o que é fundamental para todos que enfrentam uma doença crônica grave e muitas vezes progressiva, como o câncer. “A gente precisa viver enquanto a gente se cura. A gente precisa dar valor à vida”, disse a cantora em uma de suas postagens nas redes sociais.

No portal Vida e Ação acompanhamos toda a jornada de Preta Gil ao longo dos últimos dois anos e meio e também trazemos vários outros exemplos de superação deste e de outros tipos de câncer na seção Câncer Tem Cura. Confira aqui:

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Com informações de agências e assessorias

 

 

 

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