De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pessoa é considerada obesa quando seu Índice de Massa Corporal (IMC) é igual ou superior a 30 quilos por metro quadrado (kg/m²). A faixa de peso normal varia entre 18,5 kg/m² e 24,9 kg/m². Multifatorial, a obesidade pode ser descrita como uma condição que traduz bem os tempos modernos.

Ela vem crescendo desde 1975, com o número de pessoas acima do peso triplicado na América do Sul. Atualmente, 60% dos adultos são obesos no continente. No Brasil, os dados não são muito diferentes: o World Obesity Federation prevê que, em 2035, cerca de 41% dos brasileiros adultos deverão apresentar algum grau da condição.

Além disso, uma análise global publicada neste início de ano pela revista The Lancet, feita em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrou que entre 1990 e 2022 os dados de obesidade mais que dobraram nos adultos e quadruplicou entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos Atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas está vivendo com obesidade no mundo.

Obesidade está associada a diversas doenças

A obesidade é uma condição crônica que afeta milhões de pessoas globalmente, contribuindo significativamente para o aumento da morbidade e mortalidade relacionadas a doenças crônicas como hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, além de aumentar consideravelmente as chances de Acidente Vascular Cerebral (AVC), de diversos tipos de câncer e até demência, entre outros.

As principais causas de morte em todo o planeta são doenças em que o sobrepeso tem muita participação. Por isso, a importância de entender e combater essa condição, que não é apenas individual. Quanto menor a escolaridade, por exemplo, maiores os índices. Precisamos de políticas públicas e de acesso à informação também”, ressalta Alessandra Rascovski, endocrinologista e fundadora da Clínica Rascovski.

Segundo ela, um dos fatores mais preponderantes seja a mudança dos hábitos alimentares que se observa desde os anos 1970. Com pouco tempo para comer, as pessoas deixaram de fazer as refeições em casa e passaram a optar por comidas mais rápidas e mais calóricas, normalmente, ultraprocessados. “A vida urbana também limita, em tempo e espaço, a prática de exercícios físicos regulares”, comenta.

Os benefícios das ‘canetas para emagrecer’

Diante da complexidade desta epidemia, é essencial integrar abordagens inovadoras e eficazes no tratamento da obesidade. Mas novos tratamentos vêm revolucionando o tratamento da obesidade e podem representar um ponto de partida importante para o sucesso no combate à condição: as “canetas para emagrecer”, que são preenchidas com diferentes moléculas ativas, cada uma com suas especificidades e indicações.

Inicialmente desenvolvidas para combater a diabetes, as canetas para emagrecer vem sendo usadas por especialistas também no combate à obesidade, um uso off label, mas que não é prejudicial. E já há canetas voltadas especialmente para a obesidade, inclusive, aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em geral, elas agem simulando simulando a ação do GLP-1, hormônio produzido no intestino que regula a glicemia, diminui a fome e aumenta a saciedade”, explica Alessandra.

A semaglutida, encontrada em produtos como Wegovy e Ozempic, é amplamente utilizada tanto para o tratamento da obesidade quanto para o controle do diabetes tipo 2, dada a sua eficácia em reduzir o apetite e controlar os níveis de glicose no sangue.

A liraglutida, por sua vez, presente no Saxenda e no Victoza, também é utilizada para esses fins, mas com diferenças em dosagem e administração recomendadas para cada condição.

Além desses, a tirzepatida, princípio ativo do Zepbound e Mounjaro, é a mais recente adição a essa classe de medicamentos, oferecendo uma abordagem dual ao mimetizar a ação de mais de um hormônio intestinal, o que pode proporcionar benefícios adicionais na gestão do peso e no controle metabólico.

Cada uma dessas moléculas é aprovada para uso em diferentes contextos clínicos, destacando a importância de uma escolha criteriosa pelo profissional de saúde, baseada nas necessidades e condições específicas de cada paciente”, ressalta médica nutróloga Caroline Accorsi.

 

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Outras medicações que ajudam a emagrecer

Além dos análogos do GLP-1, outros medicamentos como o orlistate, que impede a absorção de gordura no intestino, e combinações de medicamentos, como bupropiona e naltrexona, têm sido utilizados com sucesso para gerenciar o peso. Estas combinações atuam através de diferentes mecanismos no cérebro para reduzir o apetite e aumentar a saciedade.

A médica nutróloga Caroline Accorsi explica que um aspecto crucial do tratamento medicamentoso é a sua capacidade de melhorar as condições de saúde associadas à obesidade. Estudos demonstram que a perda de peso induzida por medicamentos pode melhorar significativamente parâmetros como níveis de glicose, pressão arterial e perfil lipídico. Ademais, a redução de peso ajuda a diminuir o risco de problemas ortopédicos, apneia do sono e melhorar a saúde mental.

As canetas injetáveis e outros medicamentos oferecem uma abordagem promissora para o tratamento da obesidade, proporcionando novas esperanças para pacientes que lutam contra esta condição desafiadora. Com a devida orientação e supervisão médica, essas terapias podem ser integradas com sucesso ao regime de tratamento, abrindo caminho para uma vida mais saudável e plena”, conclui a Dra. Caroline Accorsi.

Efeitos colaterais das medicações para emagrecer

Apesar dos benefícios, os medicamentos para obesidade não são isentos de efeitos colaterais. Pacientes podem experimentar desde sintomas gastrointestinais leves até condições mais sérias como pancreatite. Por isso, a avaliação individualizada do perfil do paciente e monitoramento contínuo são essenciais para um tratamento seguro e efetivo.

É importante ressaltar que o uso desses medicamentos deve ser sempre parte de uma estratégia de tratamento multidisciplinar, que inclui mudanças de estilo de vida, como nutrição adequada e atividade física regular. O acompanhamento por profissionais de saúde, incluindo médicos, nutricionistas e psicólogos, é fundamental para garantir a segurança e eficácia do tratamento”, ressalta.

“Canetas para emagrecer”: saiba as diferenças entre elas

Wegovy

Este é o primeiro medicamento injetável recomendado especialmente para tratar a obesidade e tem como base a semaglutida. Em média, durante um ano, ele reduz o peso corporal em 17%. É indicado para adultos com índice de massa corporal (IMC) acima de 30. Para quem tem o índice de 27 (sobrepeso), ele também pode ser usado, porém apenas para os pacientes que têm pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso, como pré-diabetes, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão, dislipidemia, apneia obstrutiva do sono ou doença cardiovascular. O medicamento deve ser injetado uma vez por semana.

Ozempic

O Ozempic também tem como base a semaglutida, e a principal diferença para o Wegovy é a dosagem da substância. Justamente por causa da dosagem de 1 mg, ele é indicado para melhorar o controle glicêmico em adultos com diabetes tipo 2.

Saxenda

O Saxenda, que utiliza a substância liraglutida, é recomendado para pacientes que têm sobrepeso ou obesidade. Ele reduz o peso corporal em 9%, em média, e tem que ser injetado diariamente.

Monjauro

A substância usada no Monjauro é a tirzepatida e o medicamento também é recomendado para o tratamento de diabetes tipo 2, embora seu uso no combate à obesidade não seja visto como um problema. A perda de peso é de aproximadamente 25% e precisa ser injetado uma vez por semana.

Zepbound

O Zepbound também tem como substância a tirzepatida e foi desenvolvido para combater a obesidade. A injeção deve ser aplicada uma vez por semana e a perda de peso é de aproximadamente 25%, após 88 semanas de uso

Com Assessorias

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