A exaustão se tornou um dos grandes desafios da vida moderna. Rotinas intensas, noites mal dormidas e o peso do estresse cotidiano levam muitas pessoas a um estado de esgotamento que, muitas vezes, é ignorado. A rotina extenuante e a pressão constante por desempenho profissional e pessoal, combinadas com os impactos do isolamento e medos relacionados à pandemia, contribuíram para o surgimento ou agravamento de problemas psíquicos e físicos.

A síndrome da fadiga adrenal, também conhecida como fadiga crônica, assim como o burnout, está se tornando mais prevalente devido ao estilo de vida desequilibrado adotado por muitas pessoas.  O dia 12 de maio é o Dia da Conscientização da Síndrome da Fadiga Crônica (SFC), para sensibilizar sobre essa condição de saúde, que causa cansaço crônico, afetando significativamente a qualidade de vida dos pacientes

Mas quando o cansaço deixa de ser apenas uma consequência natural do dia a dia e se transforma em um sinal de que algo está errado?

O médico nutrólogo Gustavo de Oliveira Lima explica que a diferença entre cansaço e fadiga pode parecer sutil, mas é essencial para entender o que seu corpo está tentando comunicar. O cansaço é um estado passageiro, que surge após esforço físico ou mental e melhora com descanso.

Já a fadiga é um esgotamento persistente, que não se resolve com uma boa noite de sono e pode estar relacionado a deficiências nutricionais, desequilíbrios hormonais ou doenças subjacentes. Se você sente que sua energia está sempre baixa e que nenhum descanso parece suficiente, talvez seja hora de investigar a fundo a causa do problema.

Descubra como restaurar sua energia de forma eficaz

O cansaço é algo que todos experimentamos após um longo dia de trabalho ou uma atividade intensa. Ele é temporário e pode ser resolvido com descanso adequado, alimentação balanceada e hidratação.

fadiga, por outro lado, é um estado de exaustão profunda e prolongada, que pode impactar não só a energia física, mas também a cognição, o humor e o funcionamento do metabolismo.

Sinais de cansaço comum

– Surge após esforço físico ou mental intenso.

– Melhora com sono e descanso.

– Não afeta drasticamente o humor ou a concentração.

– Pode ser resolvido com ajustes simples na rotina.

Sinais de fadiga

– Sensação de exaustão constante, mesmo após uma boa noite de sono.

– Irritabilidade, desânimo e variações de humor.

– Dores musculares frequentes e sensação de fraqueza.

– Queda de cabelo, unhas quebradiças e pele seca (indicativos de deficiências nutricionais).

– Desequilíbrios hormonais e desregulação do metabolismo.

Se você percebe que seu cansaço se tornou persistente e começou a interferir na sua rotina, sua saúde pode estar pedindo socorro.

As principais causas da fadiga e como elas afetam seu corpo

fadiga pode ser o resultado de diversos fatores, desde deficiências nutricionais até condições médicas mais sérias. Aqui estão as causas mais comuns:

Deficiências nutricionais

Baixos níveis de ferro, vitamina B12, magnésio e vitamina D podem comprometer a produção de energia no corpo e levar à exaustão.

Desregulação hormonal

Distúrbios na tireoide, resistência à insulina e desequilíbrios no cortisol podem provocar fadiga crônica, afetando o metabolismo e a capacidade do organismo de produzir energia.

Distúrbios do sono

Apneia do sono, insônia e sono de baixa qualidade fazem com que o corpo não consiga se recuperar adequadamente.

Síndrome da fadiga crônica

Uma condição caracterizada por exaustão extrema e persistente, sem causa aparente, que pode ser incapacitante.

Estresse crônico e sobrecarga mental

fadiga mental pode ser tão debilitante quanto a física, pois leva a um estado constante de alerta e esgotamento emocional.

Inflamação sistêmica e excesso de radicais livres

Alimentação pobre, consumo excessivo de ultraprocessados e estilo de vida sedentário contribuem para inflamação crônica, um dos principais gatilhos da fadiga prolongada.

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Como recuperar a energia e combater a fadiga de forma eficiente

O Dr. Gustavo de Oliveira Lima destaca que, se o seu cansaço for temporário, ajustes simples na rotina podem restaurar sua disposição. Mas se você está enfrentando uma fadiga persistente, será necessário adotar estratégias

1. Regule sua alimentação

  • Aumente a ingestão de proteínas magras e gorduras saudáveis para melhorar a produção de energia.
  • Reduza o consumo de açúcares e ultraprocessados, que geram picos de glicose seguidos de queda abrupta na disposição.
  • Inclua ferro e vitamina B12 na dieta para prevenir a anemia e otimizar a oxigenação do organismo.

2. Priorize o sono e a recuperação

  • Mantenha um horário fixo para dormir e acordar.
  • Evite a exposição a telas pelo menos uma hora antes de dormir.
  • Invista em um ambiente escuro e silencioso para melhorar a qualidade do sono.

3. Exercite-se com inteligência

  • Evite excesso de exercícios intensos se já estiver em um quadro de fadiga.
  • Priorize atividades que estimulem o metabolismo sem sobrecarregar o corpo, como caminhada, yoga e musculação moderada.

4. Gerencie o estresse e o equilíbrio mental

  • Práticas como meditação, respiração profunda e momentos de lazer ajudam a reduzir o impacto do estresse na produção de energia.
  • Diminua a sobrecarga mental, estabelecendo pausas estratégicas durante o dia.

5. Hidrate-se adequadamente

  • A desidratação pode levar à fadiga e à falta de concentração.
  • Beba pelo menos 2 litros de água por dia e evite o excesso de cafeína.

6. Faça exames e monitore sua saúde

  • Se a fadiga persistir, procure um médico para investigar deficiências nutricionais e alterações hormonais.
  • Exames como hemograma completo, perfil de ferro, vitaminas e função tireoidiana podem revelar desequilíbrios que precisam ser corrigidos.

Se sentir cansado depois de um dia difícil é algo natural. Mas quando essa exaustão se torna um estado constante, sem melhora com o descanso, algo está errado. A fadiga não é apenas um sintoma passageiro – muitas vezes, ela é o primeiro alerta de que seu corpo precisa de ajuda.

Aprender a diferenciar cansaço e fadiga é essencial para evitar complicações maiores e recuperar a qualidade de vida. Identificar os sinais, ajustar a rotina e buscar ajuda médica quando necessário são os passos fundamentais para restaurar a energia e o equilíbrio do organismo”, conclui o especialista.

Se seu corpo está falando, escute. Ele pode estar pedindo socorro antes que seja tarde.

Fadiga crônica e burnout: quando corpo e mente chegam ao limite

Nutricionista chama atenção para abordagem integrativa como melhor – e única – opção para entender o problema e solucioná-lo efetivamente

Jaciara Petry, especialista em nutrição integrativa, observa essas situações em seus atendimentos, onde sintomas como fadiga constante, falta de motivação, e alterações no sono e humor são cada vez mais comuns. Ela destaca a importância de uma abordagem holística para analisar as causas subjacentes e oferecer um tratamento eficaz que aborda a raiz do problema.

A nutricionista ressalta que, embora o tratamento psicológico seja essencial, outros fatores, como alterações nutricionais, deficiências vitamínicas e o esgotamento de mecanismos de controle do estresse, como o cortisol, também desempenham um papel crucial no bem-estar geral e emocional do indivíduo.

O ser humano é complexo e precisa ser tratado de forma única e inteiramente. Nos casos de burnout, principalmente, é comum se falar em tratamentos psicológicos – que são essenciais -,  mas pouco ainda se debate como outras situações como alterações nutricionais, carência de vitaminas e a exaustão de mecanismos controladores do estresse, interferem no bem estar geral do ser humano, inclusive no seu emocional”, comenta.

fadiga crônica é caracterizada por exaustão persistente que não melhora com o descanso, também conhecida como fadiga adrenal, onde as glândulas adrenais não funcionam adequadamente devido ao estresse crônico.

Esse estresse constante pode levar ao esgotamento dessas glândulas, resultando em diversos sintomas. Se não tratado, isso pode evoluir para o burnout, um estado de esgotamento físico e emocional reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como uma doença ocupacional.

fadiga adrenal é diagnosticada através da investigação de hábitos e sintomas, usando o método de exclusão, enquanto o burnout requer diagnóstico por um profissional de saúde mental.

A síndrome de burnout representa o ápice do estresse e manifesta sintomas como distúrbios do sono, dores musculares, dor de cabeça, irritabilidade, mudanças de humor, falhas de memória, dificuldade de concentração e baixa imunidade. Indivíduos afetados tendem a se isolar, podem experimentar problemas gastrointestinais, pressão alta e alterações nos batimentos cardíacos.

Cerca de 49% das pessoas com esses sintomas desenvolvem depressão, enquanto 97% relatam exaustão física total, tornando-se incapazes de realizar qualquer atividade devido a condições físicas e emocionais comprometidas. Esses impactos têm causado significativos prejuízos na vida de muitas pessoas”, observa a nutricionista integrativa.

A especialista reforça a importância de buscar orientação profissional ao enfrentar sintomas de fadiga ou estresse crônico. Ela enfatiza a necessidade de uma avaliação abrangente, envolvendo tratamentos psicológicos, especialmente em casos de burnout, e abordagens nutricionais, além de outras intervenções que se mostrem necessárias.

A relação entre fibromialgia e fadiga crônica

A fadiga crônica é um dos sintomas mais comuns e debilitantes da fibromialgia. De acordo com Marcos Vieira, reumatologista da Rede Oto, a fibromialgia e a fadiga crônica estão intimamente relacionadas.

A dor crônica e outros sintomas da doença podem levar à fadiga persistente, que não melhora com o repouso. É um ciclo vicioso que precisa ser abordado de forma integrada,” explica.

O especialista destaca ainda a importância de um diagnóstico preciso e de um plano de tratamento individualizado. “É fundamental que o paciente procure um médico reumatologista para fazer uma avaliação adequada. O diagnóstico da fibromialgia é baseado no histórico clínico e exame físico, não havendo um exame laboratorial para detectar a doença”, ressalta o profissional.

Segundo ele, este não é um diagnóstico simples de fazer, pois as dores crônicas e generalizadas fazem parte de uma série de doenças. São queixas comuns em ambulatório/consultório médico.

Quando existem estas queixas e os sintomas não respondem à medicação mais comum, como analgésico e anti-inflamatório, é muito importante acompanhamento bem próximo deste paciente, com exames laboratoriais, exames de imagem, algumas vezes, biopsias, para se fazer um diagnóstico preciso”, destaca.

Com Assessorias

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