As vacinas são uma das principais estratégias de saúde pública, responsáveis por aumentar a expectativa de vida e reduzir significativamente a incidência de doenças e mortalidade por doenças infecciosas. No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, oferece durante o ano, 20 vacinas para a prevenção de doenças em todas as etapas da vida, desde a infância até a terceira idade, incluindo a gestação.

No entanto, nas últimos 10 anos, notícias falsas sobre vacinas vêm prejudicando a saúde pública. Em 2019 a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) levantou dados sobre o impacto das fake news na cobertura vacinal. 54% dos que responderam à pesquisa consideram as vacinas totalmente seguras, 45% sentem alguma insegurança, e 39% são hesitantes.

Segundo Filipe Piastrelli, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a adesão à vacinação entre adultos ainda enfrenta desafios, especialmente devido à hesitação vacinal, gerada muitas vezes pela desinformação, e ao medo de reações adversas, que são geralmente leves, sendo raras as reações graves.

Dr. Filipe lembra que tanto o público quanto os profissionais de saúde devem buscar informações sobre vacinas em fontes confiáveis e baseadas em evidências científicas.

Sites como o do Ministério da Saúde (link) e da Sociedade Brasileira de Imunizações (link) oferecem as informações mais precisas. Além disso, profissionais de saúde melhor informados têm maior probabilidade de recomendar vacinas da forma correta, além de combater a desinformação entre seus pacientes”, afirma.

A verdade científica: não há conexão entre vacinas e autismo

Um dos mitos persistentes que têm impacto direto na saúde pública é a alegação infundada de que vacinação está associada ao autismo. Esse mito, que circulou por anos, tem suas raízes em um estudo desacreditado e desmascarado, mas suas consequências continuam a ameaçar a confiança nas vacinas e, em última análise, a vida de muitas pessoas.
O mito ganhou notoriedade em 1998, quando o médico Andrew Wakefield publicou um estudo sugerindo uma ligação entre a vacina tríplice viral e o autismo. No entanto, a comunidade científica reagiu rapidamente, apontando falhas metodológicas e conflitos de interesse flagrantes no estudo. O estudo foi posteriormente retirado da revista que o publicou, e suas alegações foram refutadas por inúmeros estudos subsequentes.
É imperativo enfatizar que a esmagadora maioria dos estudos científicos não encontrou qualquer ligação causal entre a vacinação e o desenvolvimento de autismo. Agências de saúde de renome mundial, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, afirmam claramente que não há base científica para essa associação.
O médico esclarece alguns mitos sobre vacinas com intuito de aumentar a adesão à imunização e a confiança do público:

Vacinas causam autismo

Mito: Essa é uma das alegações mais infundadas e perigosas sobre as vacinas. Diversos estudos rigorosos já comprovaram que não existe qualquer relação entre a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (SCR) e o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa teoria teve origem em um estudo fraudulento publicado em 1998 que foi posteriormente retirado pela própria revista científica.

Só crianças precisam ser vacinadas

Mito: A imunização é importante para pessoas de todas as idades. Existem vacinas recomendadas para adultos e adolescentes, além de doses de reforço para algumas vacinas infantis. Manter a carteira de vacinação atualizada é essencial para garantir a proteção contra doenças.

As vacinas são inseguras e podem causar efeitos colaterais graves

Mito: Como qualquer medicamento, as vacinas podem ter efeitos colaterais. No entanto, a maioria desses efeitos são leves e transitórios, como dor no local da aplicação, febre ou mal-estar. Reações graves são extremamente raras. A segurança das vacinas é rigorosamente monitorada por autoridades de saúde em todo o mundo.

Vacinas enfraquecem o sistema imunológico

Mito: Pelo contrário, as vacinas fortalecem o sistema imunológico para reconhecer e combater organismos específicos causadores de doenças. Isso ajuda a proteger o indivíduo de manifestações graves e suas complicações.

As doenças preveníveis por vacinas não são mais um problema sério

Mito: Doenças como sarampo, rubéola e poliomielite ainda representam risco à saúde pública, especialmente em países com baixas taxas de vacinação. Surtos dessas doenças podem ocorrer se a população não for suficientemente imunizada.

É melhor contrair a doença naturalmente do que tomar a vacina

Mito: Doenças preveníveis por vacinas podem ser graves, levando a complicações, sequelas e até mesmo à morte, se não estiver vacinado. A vacinação é uma forma mais segura e eficaz de se proteger contra essas doenças.

As vacinas contêm substâncias nocivas, como mercúrio e formaldeído

Mito: Essa alegação é falsa. Algumas substâncias como mercúrio, alumínio e formaldeído podem estar presentes em níveis muito baixos e não trazem risco à saúde. Estão presentes para conservar e melhorar a eficácia dos imunizantes.

Eu já tive a doença, então, não preciso da vacina

Mito: Mesmo contraindo uma doença prevenível por vacina, ainda é importante se vacinar. Algumas pessoas podem não desenvolver imunidade completa após a infecção natural, e a vacina ajuda a garantir a proteção contra a doença.

As vacinas são uma conspiração da indústria farmacêutica para lucrar

Mito: As vacinas são desenvolvidas e testadas de acordo com padrões científicos rigorosos. Seu objetivo é proteger a saúde pública, e não gerar lucro. A comunidade científica internacional reconhece as vacinas como uma das maiores conquistas da medicina moderna.

Palavra de Especialista

O custo da desinformação: hesitação vacinal e riscos à saúde pública

Por Marco César Roque e Marcela Rodrigues*

vacinação é uma ferramenta vital na preservação da saúde pública, e a confiança nesse processo é fundamental. Optar por receber vacinas com base em evidências científicas sólidas é um ato de responsabilidade coletiva, contribuindo para a erradicação de doenças e o bem-estar geral .Na luta contra a covid-19, a vacinação em massa foi essencial para conter a propagação do vírus e salvar vidas.

Diariamente estamos expostos a um acervo repleto de informações, é crucial discernir entre fatos e mitos, especialmente quando se trata da saúde de milhões. A desinformação sobre vacinas não é apenas um mal-entendido prejudicial; pode custar vidas.

Quando a confiança nas vacinas é abalada, a cobertura vacinal diminui, abrindo caminho para surtos de doenças evitáveis por vacinação. Recusar a vacina com base em informações falsas pode ter consequências devastadoras.

A disseminação de desinformação cria uma atmosfera de hesitação vacinal, onde as pessoas podem relutar em receber vacinas devido a preocupações infundadas. Isso não apenas coloca essas pessoas em risco, mas também ameaça aqueles que não podem ser vacinados por razões médicas válidas. A desinformação é um combustível para a propagação de epidemias, desafiando os esforços de saúde pública e aumentando o ônus sobre os sistemas de saúde.

Combatendo a desinformação: educação e fontes confiáveis

Para combater a desinformação, é essencial promover a educação em saúde baseada em evidências e fortalecer a alfabetização em saúde. A busca por informações em fontes confiáveis, como organizações de saúde pública, instituições médicas e agências reguladoras, é crucial. A colaboração entre profissionais de saúde, pesquisadores e comunicadores é fundamental para transmitir mensagens claras e precisas ao público.
Em tempos desafiadores, a verdade e a colaboração são nossas maiores aliadas. Vamos nos unir contra a desinformação, separar os mitos da realidade e proteger não apenas a nós mesmos, mas também as vidas de nossos entes queridos, vizinhos e comunidades inteiras. A verdade salva vidas, e juntos, podemos construir um futuro mais saudável para todos.
* Diretores da Clínica Salus Imunizações
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