Atualmente as pessoas passam o dia expostas à luz azul emitida por dispositivos digitais. Os chamados “home office” e “homeschooling” levaram milhares de pessoas a passarem longas horas em frente a computadores, celulares e tablets. Isso faz com que, muitas vezes, sintam desconfortos como vista cansada, vermelhidão e queimação nos olhos, dores de cabeça, cansaço e dificuldade para dormir.

O uso exacerbado de telas pode gerar ainda diversos problemas à saúde, sobretudo à visão. De acordo com a American Optometric Association, esse cansaço visual é uma consequência direta da utilização prolongada de dispositivos digitais. Chamada de “vista cansada digital“, ou “síndrome da visão computacional” (SVC), a condição pode atingir pessoas em qualquer idade.

E a SVC não é o único agravante dessa nova realidade “conectada”. A incidência de doenças oculares entre crianças e adultos tem crescido consideravelmente. A miopia, ou dificuldade de ver de longe, por exemplo, está aumentando a um ritmo alarmante, sobretudo entre as crianças.

Mais casos de miopia entre crianças e adolescentes

Estudo inédito do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), divulgado no início deste mês pelo Estadão revela que o número de diagnósticos de crianças e adolescentes com miopia aumentou durante a crise sanitária. No levantamento, 72% dos oftalmologistas entrevistados relatam maior detecção do problema na faixa etária de zero a 19 anos.
A principal razão do problema, para a grande maioria dos profissionais ouvidos, é a maior exposição dos jovens às telas de aparelhos eletrônicos no ensino remoto e em lazer no isolamento social. Realizado entre abril e junho com 295 oftalmologistas que trabalham com público jovem em todo o país, o estudo demonstra ainda que há agravamento acelerado dos casos que já tinham esse problema de visão.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil há aproximadamente 35 milhões de pessoas míopes. A OSM estima que o número de casos nos próximos 20 anos deve aumentar 89% no país e 49% em nível mundial.

Vista cansada digital: como reduzir os riscos?

Alessia Braz, oftalmologista membro da Academia Americana de Oftalmologia e diretora clínica da Univi – centro oftalmológico especializado no diagnóstico e tratamento de doenças oculares, para falar sobre prevenção às doenças oculares. Abaixo dicas para ajudar manter a saúde ocular.

1. Realizar um exame oftalmológico completo periodicamente: é essencial consultar regularmente o oftalmologista, ao menos uma vez ao ano. Começar a sentir a visão turva ou fadiga ocular poderá ser um sinal de que está na hora de agendar uma nova consulta;

2. Fazer pausas regularmente durante o trabalho ou estudo: da mesma forma que o corpo precisa de atividades físicas, exercícios para os olhos também podem beneficiar a saúde. O ideal é parar para relaxar os olhos a cada 20 minutos, mantendo-os fechados por 20 segundos e olhar para distâncias variadas por algum tempo, pois nem todos tem a chance de abrir uma janela e olhar para o horizonte. Os intervalos “20-20” são preciosos, pois é preciso lembrar ao cérebro a necessidade de olhar para todas as distâncias;

3. Piscar sempre para evitar olhos ressecados: ao usar o computador ou o smartphone, tende-se a piscar menos e a não se fechar completamente as pálpebras. Piscar umedece os olhos e evita que ressequem e fiquem irritados. Por isso, é fundamental fazer intervalos para piscar intensa e prolongadamente.

4. Umedecer os olhos: algumas pessoas sofrem de ressecamento nos olhos. Nesses casos, deve-se procurar um oftalmologista para avaliar a necessidade de lágrimas artificiais. Trata-se de um colírio lubrificante que aumenta a eficácia do filme lacrimal, evitando que a umidade evapore dos olhos rápido demais. Mas atenção, os colírios devem ser usados com orientação médica e sem excesso, pois alguns deles possuem conservantes que podem ser nocivos quando aplicados incorretamente.

5. Limitar o tempo que as crianças passam em frente de telas: as crianças em crescimento, cujos olhos ainda estão em desenvolvimento, não devem usar dispositivos digitais durante longos períodos. Para elas, mais ainda do que para os adultos, é essencial fazer pausas e limitar o tempo de exposição às telas.

6. Evitar a luz azul por pelo menos duas horas antes da hora de dormir: todos os dispositivos digitais emitem algum tipo de luz azul. Quando os olhos são expostos a uma certa intensidade e espectro de luz azul, o corpo liberta menos melatonina (o hormônio do sono). Com isso, a pessoa permanece mais alerta e fica acordada por mais tempo.

7. Fazer escolhas saudáveis na alimentação: os olhos adoram hortaliças. Comer legumes verdes, como brócolos, espinafre e couve – e também cenouras, ajuda a manter a saúde dos olhos. A hidratação também é importante, pois garante que os olhos recebam a umidade de que necessitam.

8. Passar mais tempo ao ar livre: ambientes fechados, com luminosidade artificial e ar-condicionado, por exemplo, geram uma série de malefícios à saúde. É muito importante passar períodos ao ar livre, seja no quintal ou na varanda, para que o organismo possa absorver a luz natural e a vista possa relaxar.

9. Criar um posto de trabalho/estudo ergonômico: para uma maior proteção dos olhos, é importante prestar atenção em onde e como os dispositivos eletrônicos são utilizados. O ideal é que estejam a uma distância confortável do rosto e na altura dos olhos.

Como os óculos podem ajudar

Os óculos podem ajudar a reduzir a sensação de vista cansada, e há várias opções disponíveis. Existem até lentes concebidas especificamente para esse estilo de vida conectado e móvel – intensificado pela pandemia.
O desenvolvimento dessas lentes considera as necessidades de cada pessoa, seu perfil comportamental e idade, pois a fisiologia do olho muda com o envelhecimento.

Elas devem ser combinadas com o grau específico e preciso que cada usuário necessita. O resultado será um par de óculos personalizado, otimizado para o estilo de vida on-line, que diminuirá a sensação de vista cansada.

Há ainda lentes para quem não precisa de óculos de grau, desenvolvidas exclusivamente para bloquear a luz azul dos dispositivos eletrônicos e preservar os olhos. A tecnologia é grande aliada da saúde ocular de não usuários de óculos.
Fonte: Zeiss
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