No Brasil, a doação de múltiplos órgãos e tecidos pode ser realizada somente mediante autorização da família do paciente que teve a morte encefálica diagnosticada. Essa é uma oportunidade de salvar vidas, já que um doador pode beneficiar até 11 pessoas, dando aos pacientes da fila de espera uma nova chance de sobrevivência.

No entanto, no Brasil, a média de recusa pela doação é de 40%. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), no ano passado, 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes, o que reduz e atrapalha o transplante e a doação de órgãos.

Para Maria Fernanda Carvalho de Camargo, diretora da Nefrologia e Transplantes da rede Americas, no Rio de Janeiro, a falta de abordagem sobre o tema dentro dos lares e de conhecimento ainda são os grandes vilões que impedem o crescimento de captação de órgãos no país. Instituída desde 2014, a campanha Setembro Verde tem o objetivo de estimular e conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos.

“Precisamos aproveitar esse mês para promover a reflexão e esclarecer o público em geral sobre a doação de órgãos e tornar esse assunto recorrente dentro dos lares, porém com ações durante todo o ano. Do outro lado, tem alguém ou uma família inteira esperando uma ligação para fazer um transplante”, ressalta.

A importância da doação de órgãos e a oportunidade de salvar vidas

A médica lembra que apenas um doador pode salvar até 11 pessoas e isso tem um valor inestimável para quem aguarda há meses ou até anos na fila de espera da Central Nacional de Transplantes. Mais de 50 mil pessoas estão na espera por um órgão no país, segundo a ABTO. A entidade estima que cerca de sete delas morrem enquanto aguardam.

Em 27 de setembro, é lembrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos, data marcada por movimentos de conscientização para informar e orientar sobre a importância de se declarar um doador de órgãos em vida, informando claramente para a família.

Apesar de a data ter sido instituída há mais de 15 anos, o assunto ainda é polêmico e de difícil entendimento para uma grande parcela da  população, principalmente, sobre a morte encefálica.

De acordo com estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), muitas pessoas não sabem do que se trata. Morte encefálica ou morte cerebral significa a inexistência de qualquer função cerebral, um quadro considerado irreversível pela classe médica, quando os órgãos podem ser doados com autorização dos familiares.

Em Santa Catarina, percentual de recusa das famílias cai para 32,5%

Em Santa Catarina, entretanto, a porcentagem cai para 32,50% e Blumenau se mantém abaixo dessa média, com 10% de recusa dos familiares. Somente o Hospital Santa Isabel de Blumenau ultrapassou a marca de quatro mil transplantes realizados. A conquista é graças à solidariedade das famílias que aceitaram a doação de órgãos de seus entes queridos.

O mês de setembro é marcado pelo Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado dia 27. O Hospital Santa Isabel, instituição parte da Rede Santa Catarina, é referência nacional nestes procedimentos. O serviço de transplantes de órgãos no Hospital Santa Isabel começou a ser desenvolvido em 1980, quando equipes de Nefrologia e Urologia realizaram o primeiro transplante de rim. Em 2000, foram realizados os primeiros procedimentos de córnea e coração e, em 2002, de fígado.

No ano de 2005, o Hospital Santa Isabel realizou o primeiro transplante de pâncreas e pâncreas-rim conjugado. Em 2016, foi reconhecido como hospital que realizou o maior número de transplantes de fígado no Brasil. Em 2017, a instituição foi eleita o melhor Hospital Transplantador de Santa Catarina. Em 2019, recebeu o mérito de hospital com o melhor resultado em transplantes de órgãos do estado.

Segundo dados de relatório da SC Transplantes, o Hospital Santa Isabel é a instituição que teve o maior índice de dação de múltiplos órgãos no estado em 2022 até junho. É também o hospital do Vale do Itajaí que mais notifica, além de ser a única instituição catarinense que realizou transplante de coração até junho de 2022 – 3 procedimentos.

Capacitação garante humanização

A Comissão Hospitalar de Transplantes, CHT, do Hospital Santa Isabel, possui capacitação para oferecer a possibilidade de doação de órgãos para o familiar quando algum paciente vem à óbito por morte cerebral. Todos os profissionais da CHT fazem o Curso de Más Notícias, disponibilizado pela SC Transplantes. Os enfermeiros buscam conhecimento e desenvolvimento contínuo, com objetivo de aprimorar o trabalho e realizar o melhor acolhimento para estas famílias que perdem seu ente querido.

No Hospital Santa Isabel, o Ambulatório de Transplantes atende dezenas de pacientes diariamente, que vêm até a instituição para consultas pré e pós-transplante. Os pacientes contam com acompanhamento de uma equipe multiprofissional, formada por psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, além da equipe assistencial e de administração e apoio.

O trabalho é baseado no acolhimento, avaliação, preparo e enfrentamento emocional desde quando o paciente entra na fila de transplante, até o dia em que recebe alta hospitalar, e continua durante o pós-transplante de acordo com a necessidade. A instituição está construindo um novo Ambulatório, com ampliação do espaço físico, acessibilidade e elevador próprio.

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