Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) revelam que o câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é o terceiro tumor maligno mais frequente – excluídos os tumores de pele não melanoma – e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. As ocorrências de câncer de colo do útero seguem crescentes no Brasil. São esperados a cada ano mais de 17 mil novos casos- um índice de risco em torno de 13,25 casos para cada 100 mil mulheres – e seis mil óbitos pela doença.
Diante do cenário alarmante, janeiro foi escolhido para abordar o câncer de colo do útero, causado pelo infecção frequente de alguns tipos de Papilomavírus Humano (HPV). A criação da campanha Janeiro Verde pela Sociedade Brasileira de Cancerologia, com o intuito de alertar e conscientizar a população sobre a importância da prevenção, detecção precoce da doença e tratamentos.
Outros tipos de cânceres ginecológicos também preocupam
A campanha Janeiro Verde deve ser também uma oportunidade para ampliar a conscientização sobre outros tipos de tumores ginecológicos, entre eles os de corpo do útero (endométrio) e ovário. Juntos, os cânceres que afetam o sistema reprodutor feminino correspondem a mais de 30 mil novos diagnósticos todos os anos e ainda esbarram na falta de conhecimento sobre prevenção e formas de detecção precoce, essenciais para frear as taxas de letalidade pela doença.
O câncer de colo do útero é mais comum em mulheres consideradas jovens, na faixa dos 35 a 44 anos. Já os tumores ovarianos e de corpo uterino se tornam mais prevalentes naquelas acima de 50 anos e são responsáveis por mais de 6.500 novos diagnósticos a cada ano, respectivamente.
No Rio de Janeiro, a situação também preocupa. Ainda segundo o Inca, 3.330 mulheres serão diagnosticadas com tumores ginecológicos no próximo ano. A maior parte deles será de colo do útero (1540 novos casos), seguido por endométrio (1.080) e ovário (710)
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Diagnóstico
O câncer do colo do útero pode ser descoberto através de alguns testes, como o exame pélvico, história clínica, exame preventivo, colposcopia e biópsia. Já nos casos de câncer de ovário e endométrio, ainda não existem bons exames de rastreamento precoce.
Em casos como esse, o médico pode solicitar exames clínicos ginecológicos, laboratoriais e também de imagem que ajudam a identificar a presença de ascite ou acúmulo de líquidos, além da extensão da doença em mulheres com suspeita de disseminação intra-abdominal. Contudo, se houver suspeita de câncer de ovário, por exemplo, é necessária uma avaliação cirúrgica.
Além disso, o raio-x ou tomografia computadorizada do tórax pode auxiliar na análise de derrame pleural, metástases pulmonares ou ainda quaisquer outras alterações.
Vacinação contra a doença
O Papilomavírus Humano (HPV) tem relação direta com o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Portanto, a vacina contra o HPV é fundamental para a queda da incidência dessa neoplasia no Brasil”, afirma a oncologista Andreia Melo, do Rio de Janeiro.
Em 2014, o Ministério da Saúde implementou a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de nove a 13 anos. Em 2017, esse público foi ampliado. A partir daquele ano, meninas de nove a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos podem se vacinar. Desde então, a vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde no Brasil e está disponível atualmente para todas as crianças e adolescentes de 9 a 14 anos – meninas e meninos.
Como identificar tumores ginecológicos
Considerado grave e silencioso, em 75% dos casos o câncer ginecológico é descoberto em estágio avançado. Contudo, alguns sintomas podem indicar que algo está errado com o corpo, por isso, fique de olho se houver:
●Sangramento vaginal anormal
●Febre que persiste por mais de 7 dias
●Inchaço abdominal
●Gases
●Dor pélvica ou pressão abaixo do umbigo
●Dor de estômago
●Alterações intestinais
●Mamas sensíveis, com secreção, nódulos, inchaço ou vermelhidão
●Fadiga
●Vulva e vagina com feridas, alteração da cor ou bolhas
●Perda de peso sem motivo (10kg ou mais)
Fatores de risco
●Câncer do colo do útero: HPV, ter tido cinco ou mais partos, HIV, tabagismo e constante troca de parceiros
●Câncer de ovário: menarca precoce (antes dos 12 anos) ou menopausa após os 52 anos, mulheres que nunca tiveram filhos ou que possuam histórico da doença na família.
●Câncer de endométrio: menarca precoce (antes dos 12 anos) ou menopausa após os 52 anos, mulheres que nunca tiveram filhos, idade acima dos 50 anos, obesidade, diabetes, ou que realizaram terapia de reposição hormonal de maneira inadequada após a menopausa.
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Prevenção
A vacina e o exame preventivo, mais conhecido como Papanicolau, se completam no quesito de prevenção à doença. É importante lembrar às mulheres que mesmo se vacinando é preciso fazer o preventivo periodicamente depois dos 25 anos, pois a vacina não protege contra todos os tipos de HPV”, destaca Janaína.
De acordo com a Dra. Angélica Nogueira, no caso do câncer do colo do útero, a prevenção deve ser realizada através do Papanicolau (a partir dos 25 anos), sendo repetido uma vez por ano por três vezes e, se não houverem alterações, uma vez a cada três anos após esse período, vacinação contra o HPV e uso de preservativos durante a relação sexual.
No caso dos cânceres de útero e endométrio, por não existirem exames específicos de rastreamento, é fundamental praticar regularmente exercícios físicos, manter uma dieta equilibrada e, caso seja indicado pelo especialista, o uso da pílula anticoncepcional”, comenta a especialista.
Tratamento
O tratamento adequado irá depender do estadiamento das neoplasias e também se existem metástases. “Podem ser recomendadas radioterapia, cirurgia, quimioterapia, braquiterapia, ou ainda a combinação de dois ou mais tratamentos”.
Andreia Melo chama atenção ainda para as constantes pesquisas na área, que vem desenvolvendo novos tratamentos, melhorando a qualidade de vida do paciente e aumentando as chances de cura. “Existem novas pesquisas que merecem destaque relacionadas ao câncer do colo do útero. Muito recentemente temos desenvolvido estudos sobre imunoterapia em diversos contextos, desde a doença mais avançada até o que chamamos de doença localmente avançada”, afirma.
“Não podemos esquecer que quando falamos de prevenção e tratamento, é muito importante buscar por fontes de informação seguras. Na internet, por exemplo, existem diversos boatos que podem impactar de maneira negativa na saúde da população. Por isso, sempre tire as principais dúvidas com um especialista e confirme quaisquer informações recebidas pelas redes sociais antes de compartilhar ou iniciar tratamentos milagrosos. Isso pode trazer consequências graves para os pacientes oncológicos e até mesmo dificultar e agravar o quadro de saúde”, finaliza Angélica Nogueira.
Com Assessorias