O câncer de mama é o primeiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres. A doença corresponde a 10,5% dos casos da doença, segundo dados do Ministério da Saúde e Instituto Nacional de Câncer (Inca).  Mais de 73 mil mulheres devem ser diagnosticadas com a doença até o final do ano.

câncer de mama é um tumor maligno que pode se manifestar de diferentes formas. Os principais sintomas incluem nódulos indolores, alterações na pele da mama (vermelhidão ou retração), mudanças no formato ou tamanho das mamas e secreção com sangue pelos mamilos. 

Estudos apontam que, quando diagnosticado precocemente, as chances de cura são de 95%. Além disso, o tratamento em fases iniciais é menos invasivo e mais eficaz. Por isso, investir na prevenção e detecção é essencial no combate e tratamento do câncer, uma vez que o diagnóstico precoce é crucial.

Marcado pela cor rosa, outubro virou símbolo global de conscientização à saúde ativa e preventiva contra o câncer de mama, tumor com maior taxa de mortalidade entre as brasileiras. A Sociedade Brasileira de Mastologia estima que, historicamente, a campanha tenha aumentado em até 30% o número de mamografias realizadas no mês de outubro.

O Outubro Rosa nos permite incentivar a realização de exames de rotina e a atenção a qualquer mudança nas mamas. Muitas pessoas ainda têm medo ou falta de informação, e a campanha ajuda a quebrar esses tabus. Por isso a conscientização é tão importante e salva vidas”, destaca o ginecologista Thiago Nóbrega, do Hospital e Maternidade São Luiz São Caetano do Sul (SP).

No entanto, apesar da popularidade da campanha, muitas mulheres costumam ter dúvidas sobre o que é verdade e o que é mito a respeito da doença. Menopausa? “Chip da beleza”? Genética? Amamentação? São muitas as informações difusas que levam a conclusões erradasPara orientar corretamente e desmistificar o tema, Vida e Ação selecionou mitos e verdades sobre o câncer de mama e a mamografia.

Além de Thiago Nóbrega, ouvimos o mastologista André Mattar, do Laboratório Rocha Lima; o ginecologista Pedro Exman, coordenador do Grupo de Tumores de Mama e ginecológicos do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; e o médico Fabrício Morais Salgado, gestor para América Latina da da GE HealthCare, empresa de tecnologia médica, diagnóstico farmacêutico e soluções digitais.

Prevalência

1. Apenas as mulheres têm câncer de mama

MITO. É raro encontrar homens que tiveram câncer de mama, tanto que eles correspondem apenas entre 0,5 a 1% dos casos. Porém, segundo pesquisas feitas nos último 25 anos, foi constatado um aumento de aproximadamente 26% nas incidências do câncer de mama em homens.

2. Mães depois dos 30 e menstruação precoce tem maior probabilidade de ter câncer de mama

VERDADE. “As mulheres que estão dentro desse perfil ficam mais expostas aos hormônios estrogênio e progesterona, pois menstruam com mais frequência no decorrer da vida, por isso o risco é ligeiramente maior”, destaca o mastologista.

3. Genética aumenta chances de desenvolver câncer de mama

VERDADE. Os casos de câncer de mama hereditário são raros. Fatores genéticos familiares que são transmitidos de geração em geração correspondem a 5 a 10% dos casos de câncer de mama e aumentam em 50% a 80%. Essa questão é verdadeira principalmente se o parente afetado apresentar a doença antes da menopausa. “Desta maneira, a maioria dos casos não é familiar, e, portanto, todas as mulheres devem ficar atentas. Quem possui histórico familiar de câncer de mama ou outros tipos de câncer deve ser melhor avaliado com um especialista no assunto”, afirma André Mattar.

O mapeamento genético pode ser importante aliado na prevenção e no tratamento em casos do tipo. O mapa pode ser feito por qualquer pessoa por meio de uma coleta de sangue, saliva ou qualquer outro fluido que contenha material genético, entretanto, a análise se dá por meio de sofisticadas técnicas de laboratório e é indicada para pessoas que tenham histórico de doenças genéticas em familiares.

4. Qualquer caroço ou nódulo na mama é um câncer     

MITO. “Muitos pensam que qualquer caroço na mama é sinal que a pessoa tem câncer, mas isso não é verdade. Ele pode ser benigno ou maligno, mas isso só pode ser comprovado através de exames”, destaca o mastologista. “A maioria dos nódulos na mama correspondem a lesões benignas ou cistos. Achando um nódulo, consulte um médico”, diz o especialista do Vera Cruz.

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Fatores de risco

5. Traumas ou pancadas na região causam câncer de mama

MITO. Eventuais pancadas ou traumas na região das mamas podem fazer aparecer nódulos já existentes, mas não são responsáveis pelo surgimento deles. Entre os fatores de risco do câncer de mama estão idade, estilo de vida e hereditariedade.

Cerca de 5 a 10% dos registros estão relacionados a gatilhos genéticos e hereditários, sendo a idade o principal fator. Por isso, mulheres entre 20 e 39 anos devem fazer o exame das mamas a cada três anos. A partir dos 40, ele deve ser anual. Dos 55 anos em diante, a frequência pode ser bienal”, orienta Thiago Nóbrega.

6.  Usar sutiã apertado causa câncer

MITO. Não há embasamento científico que relacione o uso de sutiãs apertados e o surgimento do câncer de mama. “Várias fake news foram divulgadas dizendo que os desodorantes e até mesmo o sutiã podem ser os responsáveis pela doença. Na verdade, não existe nenhum estudo adequado que comprove que isto é verdade”, diz André Mattar.

7. Desodorante antitranspirante causa câncer de mama

MITO. Não há relação entre os sais de alumínio, presentes na formulação de alguns desodorantes, e o aumento do risco de desenvolvimento do câncer de mama. Nenhum estudo científico conseguiu estabelecer relação entre o uso desse produto e o risco de desenvolver a neoplasia. Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que o produto é seguro e que não existe relação entre a substância e o desenvolvimento do tumor.

8. Mulheres com seios pequenos não correm o risco de ter câncer de mama

MITO. André Mattar também esclarece essa dúvida muito comum: “Não existe ligação em relação ao tamanho dos seios e o câncer de mama, são outros fatores que podem contribuir com o aparecimento da doença como o sedentarismo, obesidade, uso de hormônios e alimentação com alto índice de gordura”.

9. Silicone aumenta as chances de ter a doença?

MITO. “Outro boato infundado”, diz Mattar. Apesar de não aumentar o risco o implante pode atrapalhar o diagnóstico da doença, recomenda-se portanto, antes do procedimento, uma avaliação adequada com um especialista. “Não há relação do uso de próteses mamária de silicone com o risco de desenvolvimento de câncer de mama”, afirma o médico do Vera Cruz.

120. Menopausa é período de risco de desenvolvimento de câncer de mama

VERDADE – A menopausa é um processo natural que ocorre com todas as mulheres e equivale ao último período menstrual. O período antes, durante e depois desta última menstruação chama-se climatério, que é quando ocorre a diminuição progressiva da função ovariana e da produção do estradiol e da progesterona. Este processo é natural e não está relacionado a um aumento do risco de câncer de mama”, diz Pedro Exman, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

11. Reposição hormonal é risco para o câncer de mama

VERDADE – Na década de 2000, a reposição hormonal foi realizada sem um correto controle e acompanhamento médico e se tornou um fator de risco para o desenvolvimento de câncer de mama, com aumento do risco relativo entre 10 % e 20% em comparação a mulheres que não fizeram reposição hormonal. Para a realização segura de reposição hormonal, a mulher deve ser informada dos riscos e benefícios de tal estratégia e manter sempre acompanhamento profissional com médico especialista.

12. Fumar cigarros convencionais ou vapes são fatores de risco de câncer de mama

VERDADE. O tabagismo é classificado pela International Agency for Research on Cancer (IARC) como agente carcinogênico para câncer de mama em humanos, portanto, cigarros e vapes – que contém nicotina e são vaporizadores – devem ser evitados como prevenção.

13. Anticoncepcional causa câncer de mama

MEIA VERDADE. Estudos apontam que o uso a longo prazo de anticoncepcional oral pode aumentar o risco de câncer de mama. Porém este aumento de risco é muito pequeno quando comparado com pacientes que não usam o anticoncepcional oral Vale lembrar que anticoncepcional oral é uma forma de anticoncepção altamente eficaz e que seu uso também pode ser extremamente bem-vindo em condições como endometriose ou distúrbios hormonais. O seu uso não deve ser contraindicado, mas as pacientes devem ser informadas e discutir com seu médico qual a melhor forma de contracepção.

Prevenção

14. Atividades físicas ajudam a prevenir o câncer de mama

VERDADE. A atividade física, quando praticada regularmente (no mínimo três vezes por semana com duração mínima de trinta minutos), traz diversos benefícios a curto e longo prazo para qualquer pessoa. Para prevenir o câncer de mama as mulheres devem iniciar uma mudança de hábitos em sua rotina, como praticar atividade física regularmente, ingerir alimentos saudáveis e realizar os exames preventivos, como a mamografia.

15. Chips da beleza’ previnem o câncer de mama

MITO. Os chamados “chips da beleza” são subcutâneos que liberam de forma lenta e progressiva hormônios, principalmente a testosterona, que no fígado é metabolizada e uma parte se torna estrogênio, o principal hormônio feminino. Por ser uma exposição com pouco controle e a longo prazo, há sim um risco aumentado de desenvolvimento de câncer de mama.

16. Mulheres que amamentam têm menos chances de desenvolver câncer de mama

VERDADE.   Uma das orientações do Ministério da Saúde para prevenção do câncer de mama é o aleitamento materno. Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostram que o risco de desenvolver câncer de mama é cerca de 22% menor em mulheres que amamentaram. De acordo com o mastologista, a amamentação é claramente um fator protetor para o câncer de mama, especialmente por modificar a glândula mamária e torna-la mais diferenciada e estável. No entanto, o benefício da amamentação é variável pois depende de vários outros fatores de risco associados.

17. Prevenção do câncer de mama está no dia a dia

VERDADE. A prevenção do câncer de mama está diretamente relacionada com a adoção de hábitos saudáveis. Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas, evitar o consumo excessivo de álcool e não fumar são medidas eficazes para prevenção dessa e outras doenças.

Mamografia

18. Silicone impede ou atrapalha a realização da mamografia?

Neste quesito, nossos especialistas divergem. A mamografia para mulheres com prótese pode ser realizada normalmente. Contudo, alguns cuidados devem ser tomados no momento do exame para que se obtenha resultados mais precisos, e para evitar qualquer dano à prótese.

É importante que o exame seja feito em local confiável, por profissionais qualificados e com ajustes adequados dos equipamentos. O aparelho de mamografia deve ser ajustado para exercer menor pressão sobre as mamas, para evitar expor as pacientes ao risco de ruptura da prótese”, explica Dr. Fabrício.

Para o ginecologista Thiago Nóbrega, ao contrário do que muitas pensam silicone nos seios não atrapalha a avaliação realizada pelo mamógrafo, que também não perfura ou danifica a prótese. “Basta avisar ao médico sobre a prótese para, preventivamente, ele poder afastá-los se forem necessárias mais imagens que descartem o tumor, evitando distorções nos resultados”, pontua.

19. Período menstrual interfere na realização do exame

MITO. De baixa radiação e sem preparos prévios, a mamografia pode ser realizada sem medo. Porém, o médico da Maternidade São Luiz São Caetano explica que “o ciclo menstrual não interfere na realização do exame, mas o período que antecede a menstruação pode causar mais desconforto na mulher, já que as mamas ficam mais sensíveis”. Por isso, é recomendável que seja feita alguns dias após a menstruação.

20. Não pode usar desodorante no dia da mamografia

VERDADE. A orientação é para suspender o uso de desodorantes, hidratantes e outros produtos cosméticos nas axilas apenas no dia do exame, a fim de não comprometer a acurácia do diagnóstico. “Produtos de higiene pessoal não geram câncer de mama. Sugerimos somente que as pacientes não os utilizem no dia da análise por causa da concentração de substâncias capazes de deturpar a localização e definição do nódulo”, alerta Dr Nóbrega.

21. Gestante não pode fazer mamografia

VERDADE. Nestes cenários, é possível solicitar outras verificações menos invasivas a mãe e bebê. “A mamografia é contraindicada durante a gravidez em decorrência da radiação (mesmo que baixa), que pode prejudicar o feto. Além disso, na gestação os seios ficam mais rijos e densos, o que dificulta a interpretação do mamógrafo. O ultrassom da mama substitui perfeitamente o procedimento”, explica o ginecologista.

22. Homens também podem fazer mamografia

VERDADE. Embora o câncer de mama seja muito mais comum entre mulheres, os homens também possuem glândulas mamárias e tecido mamário (embora em pouca quantidade) que podem apresentar a doença. Em geral, o principal sintoma do câncer de mama em homens é a presença de nódulo palpável na mama ou na axila. Outros sintomas que podem ocorrer são alterações da pele ou do mamilo e saída de secreção pelo mamilo. Para o diagnóstico, os homens também devem fazer o exame de mamografia e o exame é feito da mesma forma que é realizado nas mulheres”, comenta o médico.

23. A mamografia deve ser feita por todas as mulheres a partir dos 50 anos

VERDADE. O Ministério da Saúde recomenda o rastreamento bianual a partir dos 50 anos. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) sugerem a antecipação da idade mínima para 40 anos. O benefício de adiantar é a possibilidade de encontrar um câncer de mama no início, permitindo um tratamento menos agressivo e com maior chance de cura”, compartilha Salgado.

24. Eu não tenho nódulos nas mamas e mesmo assim tenho que fazer mamografia

VERDADE. “Nas mamografias podem encontrar-se pequenos nódulos com tamanho de 1 milímetro até 3 anos antes de você poder senti-los. Os tumores pequenos, em estágio inicial, são tratáveis e o diagnóstico precoce tem chance de até 95% de cura”, explica o médico.

25. Mamografia, por ser um exame de raio X, pode fazer mal para a saúde

MITO. “A mamografia funciona com baixa emissão de raios X. Atualmente, sabe-se que a radiação acumulada pode prejudicar a saúde a longo prazo. Mas isso não significa que a mamografia seja perigosa. É seguro realizar a mamografia, seguindo recomendações médicas, porque a dose de radiação envolvida é bem baixa. E a radiação, se utilizada de forma controlada e correta, não vai causar danos à saúde”, esclarece Dr. Fabrício.

26. Lactantes não podem fazer mamografia

MITO. Se a lactante apresentar algum sintoma ou alteração em exame que torne necessária a mamografia, não há problema em realizá-la. Entende-se que a mamografia é segura, não causando danos ou prejuízos à paciente ou à lactação. Por outro lado, durante a fase de amamentação, as mamas ficam mais densas nessa fase, o que pode prejudicar a avaliação de alguns tipos de lesão. Como a sensibilidade do exame fica menor, não é recomendada a realização de mamografia de rotina ou de prevenção durante a lactação”, afirma Salgado.

27. Mamografia pode ter efeitos colaterais

MITO. “Depois que o exame é realizado, a paciente não deve ter qualquer tipo de efeito colateral. As mulheres que estiverem com as mamas mais sensíveis podem sentir um incômodo maior, mas não há efeito colateral associado à mamografia”, finaliza.

28. O autoexame das mamas substitui a mamografia

MITO. “O autoexame é um complemento à mamografia, que é capaz de detectar precocemente lesões muito pequenas ou pré-malignas, aumentando as chances de cura para cerca de 95%. Mulheres com menos de 40 anos não têm indicação de exames de mamografia de rotina, exceto se tiverem famílias com alto risco de tumores hereditários. Sendo assim, conhecer as mamas é fundamental e o médico, que é a pessoa mais indicada para fazer essa apalpação, poderá ser consultado em caso de dúvida”, reforça Dr. Fabrício.

Para Thiago Nóbrega, testes de toque nas mamas têm sua função. Mas, caso a mulher encontre em seu busto e axilas alterações, elas devem ser analisadas por um mastologista, oncologista ou ginecologista.

Mudanças repentinas no aspecto das mamas podem apontar a aparição de nódulos. Manchas cutâneas, vermelhidões ou secreções nos mamilos, também são sinais de alerta que devem ser analisados por um especialista”, destaca o ginecologista.

Com Assessorias

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