Na segunda matéria da série sobre saúde organizacional, trazida esta semana por ViDA & Ação, vamos abordar um problema que afeta três de cada dez trabalhadores: a chamada Síndrome de Burnout, o esgotamento mental intenso causado por pressões no ambiente profissional. A psicóloga do Seconci-SP, Ludmila Pereira de Andrade, explica que o ritmo de trabalho acelerado, o alongamento das jornadas e o acúmulo de funções são os principais gatilhos desencadeadores dessa síndrome.

A frequência é maior nos trabalhadores que atuam em atividades com pressão de prazos.  Para tanto, podem contribuir más condições do ambiente de trabalho, falta de autonomia e de apoio social e assédio moral. “Trata-se de um tipo de doença que interfere diretamente na atividade profissional da pessoa, porque o trabalhador pode apresentar sintomas como apatia, déficit de atenção e de concentração, falta de apetite, insônia, entre outros sinais. Nessa situação, há uma perda da produtividade e, em casos mais críticos, pode ser necessário afastar o funcionário da sua atividade”, ressalta a especialista.

A Síndrome de Burnout está entre os 10 diferentes tipos de estresse, classificados pelo Código Internacional de Doenças (CID 10). Problemas cardiovasculares, dores musculares e de cabeça, quadro de transtorno de ansiedade e até mesmo disfunção erétil são algumas das doenças associadas ao estresse, mal que já atinge cerca de 90% da população do planeta, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). O Brasil já ocupa a segunda posição do ranking mundial com maior nível de estresse, de acordo com a Associação Internacional do Controle do Estresse (Isma-BR, sigla em inglês).

O estresse é uma reação normal do nosso organismo a qualquer modificação ou mudança relevante, seja ela agradável ou desagradável, que exija adaptação aos agentes estressores. “Quando nos sentimos em perigo real ou imaginado, as defesas do organismo reagem, num processo automático conhecido como reação de ‘luta ou fuga’”, ressalta. Segundo ela, o estresse é este sinal intenso que indica ser necessário avaliar o contexto e identificar o que pode ser feito com relação a isso. “O problema é quando essa sensação atinge níveis elevados e começa a desencadear alterações na saúde”, comenta.

Empresas devem investir em programas de saúde

Por isso, ressalta, é muito importante que as empresas invistam em programas e atividades que ajudem os colaboradores a aliviar o estresse, como, por exemplo, disponibilizar um espaço para descanso no horário de almoço e um ambiente de trabalho mais acolhedor. Além disso, que as empresas proporcionem uma capacitação para encarregados e supervisores evitarem atitudes no relacionamento com os trabalhadores que os levem a se estressar. E orientar os funcionários para que, caso sofram assédio moral, discriminação ou outras pressões, busquem apoio no RH.

A psicóloga comenta ainda que quando o trabalhador é indicado pela empresa (ou pleiteia) uma mudança de função, ele também é submetido a uma avaliação psicológica obrigatória, de acordo com a determinação das Normas Regulamentadoras 33 e 35 (NR-33 e NR-35). Esta checagem integra o conjunto de exames que todo profissional contratado por meio da Consolidação de Leis do Trabalho (CLT) tem que fazer, seja periodicamente ou para alteração de cargo. E, segundo a psicóloga do Seconci-SP, se na avaliação for identificado que o trabalhador apresenta sinais de estresse intenso, por exemplo, ele pode vir a ser considerado inapto naquele momento.

Dicas para aliviar o estresse:

·         Pratique atividades físicas: o ato de se exercitar alivia a tensão e ajuda a relaxar;

·         Adote o hábito de expor seu desconforto aos superiores ou colegas que o incomodem;

·          Insira atividades mais prazerosas na sua rotina, como ouvir música ou passear com a família;

·         Evite sobrecarga de trabalho: quando estiver em período de folga (ou férias), tente relaxar e descansar.

Fonte: Seconci-SP,  com Redação

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