Candidíase e infecções fúngicas são muito comuns nas férias, saiba como evitar
A chegada das férias é o momento esperado para realizar viagens ou até mesmo relaxar em casa, na praia, na piscina do condomínio ou do clube. Estamos vivendo mais uma onda de calor no país, agora associada à chegada oficial do verão. Por isso, é importante reforçar que, em dias mais quentes, as mulheres devem redobrar os cuidados com a saúde íntima.
Enquanto nos entregamos ao merecido descanso, ambientes úmidos e tropicais podem se tornar terrenos férteis para o crescimento de fungos, aumentando o risco de infecções, especialmente nas mulheres. A transpiração corporal aumenta e a região fica mais abafada, o que aumenta as chances de proliferação de alguns fungos e bactérias.
Uma preocupação que normalmente é deixada de lado é o risco de candidíase e infecções fúngicas. A candidíase, em particular, torna-se uma sombra indesejada para alguns, podendo afetar não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional durante esse período de relaxamento.
Suzana Lessa (@drasuzanalessa_), ginecologista e nutróloga, sócia afiliada do Instituto Nutrindo Ideias (@nutrindoideais) de Niterói/RJ, diz que o ambiente quente e úmido proporcionado pela roupa de praia pode ser um fator desencadeante da infecção.
“Mas não é por isso que a mulher deve deixar de aproveitar o período de férias na praia e na piscina, portanto, alguns cuidados podem ser tomados para evitar, como não exagerar no consumo de açúcares e bebidas alcoólicas, evitar ficar com o biquíni molhado por muito tempo e procurar usar roupas íntimas com tecidos respiráveis, como os tecidos 100% algodão”.
Segundo especialistas, o uso de biquíni molhado por horas enquanto curte praia ou piscina é um dos principais vilões da saúde vaginal no verão. O motivo está na combinação da umidade da roupa de banho associada às temperaturas altas da estação, que pode facilitar o desenvolvimento da candidíase. São sintomas da infecção ardência, coceira e corrimento esbranquiçado da vagina.
Candidíase não é IST, mas pode ser passada na hora do sexo
A candidíase é uma infecção causada na maioria das vezes pelo fungo Candida albicans. As mulheres são mais suscetíveis, pois a Candida albicans é um fungo que faz parte da microbiota vaginal sem causar nenhuma doença, mas alguns fatores podem causar a proliferação deste patógeno, causando a infecção chamada candidíase.
É preciso estar atenta a alguns fatores importantes, como estresse, uso de antibióticos, dieta rica em açúcares, alterações hormonais e ambiente vaginal quente e úmido, que podem causar o desenvolvimento do fungo. Esta última condição se torna muito comum em período de férias, principalmente por conta de uma alimentação menos regrada e pelo uso frequente de roupas úmidas e apertadas, como o biquíni.
Isso ocorre porque, em condições de alta umidade e temperatura, o fungo reproduz-se em excesso, gerando problemas ginecológicos. Por isso, durante os períodos mais quentes – que devem se tornar ainda mais frequentes devido às ondas de calor intenso -, o ideal é evitar o uso da peça molhada por longos períodos.
O ginecologista Ilzo Vianna Júnior, chefe do setor de Patologia do Trato Genital Inferior do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), aconselha a levar peças secas para substituir o biquíni molhado após os banhos de piscina e mar.
“É aconselhável evitar o uso constante de tecido sintético e de absorventes diários, pois dificultam a ventilação da região genital e facilitam a reprodução do fungo. Outra dica é dormir sem roupas íntimas”, explica.
Também facilitam a ocorrência da candidíase condições como sistema imunológico debilitado, pacientes em tratamento com medicamentos imunossupressores, antibióticos e corticoides, além do diabetes.
O diagnóstico da candidíase é realizado a partir de exame ginecológico. A análise é essencial para identificar o fungo e descartar outras infecções ou doenças com sintomas semelhantes. O tratamento é feito com medicamentos antifúngicos e os incômodos são suavizados em poucos dias.
“A candidíase não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). O problema pode ser desenvolvido por desequilíbrios de causas variadas no microbioma vaginal. Porém, quando o problema está sintomático, pode, sim, ser passado para o parceiro no sexo”, pontua o ginecologista.
Principais sintomas da infecção fúngica vaginal
Os sintomas da infecção fúngica vaginal incluem:
- Coceira;
- Ardência;
- Vermelhidão e inchaço;
- Dor durante o ato sexual;
- Corrimento vaginal grumoso.
Os sintomas são bem desconfortáveis e assim que a mulher sentir deve procurar orientação médica para o tratamento adequado.
Ana Niederauer, atuante em dermatologia e mestre em farmacologia do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) de Campinas/SP, fala que as áreas mais comuns afetadas são a virilha, axilas, dobras da pele, sob os seios, entre os dedos das mãos e pés e prepúcio do pênis.
“É importante secar muito bem estas áreas após contato com água e utilizar roupas de tecidos naturais e mais leves, como algodão, por exemplo, e também optar por calçados menos fechados e mais ventilados”.
Dicas de prevenção para os homens
É comum no verão que os locais fiquem mais abafados, assim como as pessoas também suam mais, e o tempo de férias e descanso também pode levar ao relaxamento dos cuidados, deixando-nos mais expostos. Erros como utilizar roupas úmidas, calçados fechados em contato com o corpo por tempo mais prolongado estão entre os mais comuns.
Misael do Nascimento, médico especializado em dermatologia e tricologia, com ênfase ao público masculino do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais)/RJ, aponta que as medidas preventivas os viajantes podem adotar para reduzir o risco de infecções fúngicas, especialmente em locais turísticos com alta umidade envolvem:
Optar por roupas que mantenham a temperatura do corpo estável e diminuem a umidade – além do algodão existem muitas marcas que usam nanotecnologia para diminuir a transpiração em camisas, bermudas e roupas íntimas;
Investir na manutenção da integridade da pele com um bom sabonete hidratante (que não seja bactericida);
Hidratar o corpo de forma oral e tópica;
Não compartilhar objetos de uso pessoal, como roupas, calçados, toalhas, pentes e chapéus;
Evitar andar descalço em espaços públicos ou constantemente úmidos, como saunas, vestiários e beira de piscinas.
Tratamento para candidíase e infecções fúngicas
De acordo com Ana, o tratamento convencional está sujeito ao tipo de micose, local atingido e a intensidade do quadro, e isto será determinado pelo seu médico. O tratamento das micoses é mais prolongado, podendo variar em cerca de 30 dias até meses, e inclui a administração de medicações via oral, e/ou tópicos, como cremes e shampoos, por exemplo.
Suzana explica que existem alguns alimentos conhecidos por suas propriedades antifúngicas, como o alho, o orégano, a semente de abóbora e o ácido caprílico presente no óleo de coco. E existem alimentos que podem sim agravar, como o consumo excessivo de alimentos açucarados e ricos em carboidratos refinados que favorecem o crescimento do fungo.
Para manter a saúde íntima em boas condições durante as férias, cuidar da imunidade é sempre importante, porque por si só, já é um fator que pode favorecer infecções. Então, manter uma alimentação variada e rica em nutrientes como frutas e vegetais e evitar alimentos com excesso de carboidrato refinado e açúcar; cuidar da qualidade do sono, pois noites mal dormidas podem afetar o sistema imunológico; ter bons níveis de vitamina D e zinco, evitar roupas coladas e molhadas na região íntima por muito tempo.
Com Assessorias