Vida pós-câncer: ‘Como se estivesse voltando pro mundo dos vivos’

Jornalista Lilian Ribeiro, que concluiu tratamento contra câncer de mama em maio, desabafa sobre a ‘volta ao normal’ que não mais existe

A jornalista Lilian Ribeiro, da Globonews, revela em suas redes sociais, os desafios no dia a dia para se recuperar após o tratamento de câncer de mama (Reprodução da internet)
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A jornalista Lilian Ribeiro, apresentadora da GloboNews, emocionou o Brasil ao comemorar o fim da 25ª e última sessão de radioterapia para o tratamento contra o câncer de mama postando um vídeo em seu Instagram, na noite de 11 de maio. De lá para cá, ela vive, literalmente, um dia de cada vez, ainda lutando para recuperar a vida que tinha antes da doença, diagnosticada em setembro de 2021. Nesta sexta-feira (1/7), a mãe da Gigi, de 6 anos, fez um desabafo em suas redes sociais sobre a vida pós-câncer:

“O ‘pós-câncer’ é um troço esquisito. Sinto como se estivesse voltando pro mundo dos vivos, depois de passar um tempo olhando pro abismo. E, depois de ter estado lá, acredite, não há como ser a mesma. Cabeça e coração mudaram. O corpo, agora em menopausa forçada e efeitos colaterais de medicações de controle, também é outro. Você quer voltar ao normal, mas aquele normal já não existe. Ele morreu com aquela que você era e não é mais. É preciso aceitar isso”.
Lilian conta que ao ficar livre do tratamento pesado contra o câncer, a paciente sente uma certa pressão de todos que torcem para que volte ao mesmo ritmo de antes. “Todo mundo à sua volta respira aliviado, afinal, você venceu. “Guerreira!”, eles dizem! “Simbora!”, o mundo convoca. “Calma”, é tudo que você queria gritar e nem sempre consegue, porque você também queria ir em alta velocidade, como o resto do mundo”.
“Queria fingir que não teve a vida ameaçada, que não acabou de viver alguns dos piores dias da sua vida. Mas não dá. Essa sensação há de passar, como tudo… como sempre. Mas é processo. Que a gente consiga aceitá-lo e aprender com ele. Por aqui, tô tentando. Se é pra ser inspiração, que seja sobre ser de verdade, nem sempre forte, nem sempre perfeita”, completa.

Vida pós-câncer: foram 7 meses de tratamento

No dia 23 de setembro de 2021, a vida de Lílian mudou pra sempre. Foi quando, após uma mamografia, ouviu da médica Cristina Barbosa que havia dois “nódulos suspeitos” no seu corpo. Nesse dia, ainda desnorteados, ela e o marido foram para a casa de um amigo, que tentavam fazê-la rir,  servindo café e pão de queijo. “Eu não consegui sorrir, mas jamais esquecerei o carinho dele naquela manhã”.
Depois, no programa “Em Pauta”, a jornalista tomou coragem e compartilhou com o país inteiro a sua dor e a vontade de seguir vivendo. Ao longo de todo o tratamento, divulgou todas as etapas, entre elas quimioterapia, cirurgia, recuperação da cirurgia e volta ao trabalho.
“No mesmo Em Pauta, meu amigo pôde anunciar a notícia mais importante da minha vida. Há quem acredite em coincidência. Eu acredito no amor! ❤️“, contou ela, no dia em que anunciou o fim do tratamento de radioterapia, em maio.

Confira o desabafo de Lílian Ribeiro, na íntegra:

‘Voltando pro mundo dos vivos depois de olhar pro abismo’

Sim, eu ando meio sumidinha e falando menos por aqui. Às vezes, a gente precisa se ouvir mais e falar menos, mesmo nesse mundo em que somos convidados a falar e se expor o tempo todo. Mas hoje, senti a necessidade de vir aqui e dizer algumas coisinhas. Pode ter gente que me acompanha passando pela mesma fase.

O “pós-câncer” é um troço esquisito. Sinto como se estivesse voltando pro mundo dos vivos, depois de passar um tempo olhando pro abismo. E, depois de ter estado lá, acredite, não há como ser a mesma. Cabeça e coração mudaram.
O corpo, agora em menopausa forçada e efeitos colaterais de medicações de controle, também é outro. Você quer voltar ao normal, mas aquele normal já não existe. Ele morreu com aquela que você era e não é mais. É preciso aceitar isso.
Todo mundo à sua volta respira aliviado, afinal, você venceu. “Guerreira!”, eles dizem! “Simbora!”, o mundo convoca. “Calma”, é tudo que você queria gritar e nem sempre consegue, porque você também queria ir em alta velocidade, como o resto do mundo. Queria fingir que não teve a vida ameaçada, que não acabou de viver alguns dos piores dias da sua vida. Mas não dá.
Essa sensação há de passar, como tudo… como sempre. Mas é processo. Que a gente consiga aceitá-lo e aprender com ele. Por aqui, tô tentando.
Se é pra ser inspiração, que seja sobre ser de verdade, nem sempre forte, nem sempre perfeita. ❤️

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