Com o início oficial do verão neste domingo (21), o Rio de Janeiro se prepara para uma estação que, segundo meteorologistas da Climatempo e do Alerta Rio, terá temperaturas acima da média histórica e chuvas mais irregulares. Diante desse cenário, a Prefeitura e o Governo do Estado intensificaram a divulgação do Sistema de Alertas de Calor e a estrutura de acolhimento nas unidades de saúde.

A meteorologista Hana Silveira, da Climatempo, destaca que a baixa frequência de frentes frias neste verão favorecerá a manutenção do calor por períodos prolongados. Para a última semana de dezembro, a previsão já indica máximas que podem atingir os 37°C, mantendo a cidade em vigilância constante.

Diante dos riscos, as secretarias de Saúde do estado (SES-RJ) e do município do Rio de Janeiro (SMS-Rio) emitiram alertas para que a população reforce os cuidados preventivos. O foco principal das recomendações é o combate à desidratação e à exposição solar excessiva, que teve um aumento expressivo de ocorrências no último período de altas temperaturas.

Para se ter uma ideia, dados da rede municipal revelam a gravidade do cenário: entre novembro de 2024 e março de 2025, o número de atendimentos por queimadura solar nas unidades de saúde dobrou em relação aos meses anteriores. A média saltou de 88 para 182 atendimentos mensais, totalizando mais de 900 casos no período.

Pontos de hidratação: o exemplo da UPA Tijuca

Para mitigar os efeitos das altas temperaturas, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) disponibiliza pontos de hidratação em diversas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Na UPA Tijuca, por exemplo, a estrutura foi desenhada para oferecer acesso rápido à água fresca e acolhimento imediato para quem apresenta sinais leves de desidratação.

Esses espaços contam com poltronas para repouso, oferta de líquidos e monitoramento por profissionais de saúde. A estratégia visa evitar que casos simples evoluam para quadros graves de insolação, que podem causar convulsões e desmaios. A rede estadual ampliou recentemente o número de poltronas e insumos em 11 de suas 27 unidades para garantir que o fluxo de pacientes seja atendido sem sobrecarregar as emergências.

Hidratação deve ser prioridade

A principal orientação dos especialistas é não esperar sentir sede para beber água. De acordo com a nutricionista Eralda Ferreira, da SES-RJ, a sede já é um sinal de que o corpo começou a desidratar. “É preciso manter uma garrafa por perto e beber pequenos goles ao longo do dia”, recomenda.

Além da água mineral, o consumo de sucos naturais, água de coco e frutas ricas em líquido, como melancia e melão, é incentivado para repor minerais. Por outro lado, o consumo de bebidas alcoólicas e refrigerantes deve ser moderado, pois podem agravar a perda de líquidos.

Sinais de alerta para desidratação:

  • Urina escura e em pequena quantidade;

  • Boca seca e dor de cabeça;

  • Cãibras leves e tontura ao levantar;

  • Fadiga e sonolência excessiva.

Cuidados com a pele e prevenção ao câncer

A exposição solar sem proteção é o principal fator de risco para o câncer de pele, além de causar envelhecimento precoce e doenças como micoses e brotoejas. A dermatologista Cristina Bernardes, da SMS-Rio, reforça que o cuidado deve ser contínuo, mas intensificado agora.

As recomendações incluem o uso diário de protetor solar com FPS 30 ou superior, com reaplicação a cada duas horas ou após o contato com a água. Áreas frequentemente esquecidas, como orelhas, nuca, lábios e o couro cabeludo, também devem ser protegidas. O uso de barreiras físicas, como chapéus de abas largas e óculos com proteção UV, é considerado essencial.

Grupos vulneráveis e alimentação

Crianças, idosos e gestantes exigem atenção redobrada. Bebês menores de seis meses não devem ser expostos diretamente ao sol, e crianças acima dessa idade devem usar filtros solares, preferencialmente físicos. Para as gestantes, o risco maior é o surgimento de manchas persistentes na pele.

Na alimentação, a orientação é por refeições leves e fracionadas. Pratos pesados dificultam a digestão no calor, causando mal-estar. O ideal é priorizar saladas, legumes e fibras.

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Entenda o sistema de alertas da cidade

O Centro de Operações Rio (COR) utiliza uma escala de cinco níveis para orientar a população sobre o estresse térmico. Cada nível aciona protocolos específicos de saúde e mobilidade:

  • Calor 1 (Baixo): Rotina normal, sem previsão de índices críticos.

  • Calor 2 (Moderado): Índices entre 36°C e 40°C por até dois dias. A recomendação é atenção redobrada à hidratação.

  • Calor 3 (Alto): Temperaturas entre 36°C e 40°C por três dias ou mais. Reforço na comunicação oficial e alertas por SMS.

  • Calor 4 (Muito Alto): Índices entre 40°C e 44°C por três dias seguidos. Recomenda-se a adaptação de rotinas e suspensão de atividades ao ar livre em horários de pico.

  • Calor 5 (Extremo): Acima de 44°C por três dias. Estágio de crise com foco total na preservação da vida e atendimento emergencial.

Recomendações atualizadas das autoridades

  • Acompanhe os canais oficiais: Verifique o nível de calor do dia pelo aplicativo COR.Rio ou redes sociais da Prefeitura.

  • Use as UPAs preventivamente: Ao sentir tontura ou fraqueza enquanto estiver na rua, dirija-se ao ponto de hidratação mais próximo.

  • Grupos de risco: Idosos, crianças e pessoas em situação de rua devem ser a prioridade na oferta de água e locais refrigerados.

Onde buscar ajuda

A Secretaria de Estado de Saúde mantém pontos de hidratação nas suas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), onde é distribuída água gratuitamente. Na UPA Tijuca, que fica próxima da Praça Saens Peña, o serviço é bastante procurado por usuários e não usuários do equipamento.

Já a rede municipal oferece atendimento especializado em dermatologia via unidades de Atenção Primária (Clínicas da Família e Centros de Saúde). Em casos de queimaduras graves ou sintomas severos de insolação, os cidadãos devem procurar hospitais, UPAs ou Centros de Emergência Regional (CERs).

Na cidade do Rio, para encontrar a unidade de saúde mais próxima, basta acessar a página “Onde Ser Atendido”, no portal da SMS: prefeitura.rio/ondeseratendido.

Com informações da SES-RJ e da SMS-Rio

 

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