Antes visto com preconceito e desconfiança, o veganismo tem aumentado continuamente em todo o mundo. Esse crescimento, inclusive no Brasil, é movido pela difusão de informações sobre os impactos da alimentação onívora na saúde humana, o meio ambiente e os animais.

Com base em dados do Ibope, de 2018, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) calcula que já são 30 milhões de vegetarianos e 7 milhões de veganos no país. E ao contrário do que muitos pensam, a alimentação à base de plantas é recomendada para todas as idades e também para mulheres no período de gravidez e amamentação.

O nutrólogo Eric Slywitch, diretor da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), ressalta que não existe nenhuma condição de saúde que exija a alimentação onívora, mas que é importante fazer acompanhamento com um profissional atualizado sobre o assunto.

“O que muda é que temos pontos de maior atenção em uma dieta e na outra. Por exemplo, sabemos que em uma dieta onívora, o ácido fólico é muito solicitado e preconizado para evitar má formação fetal no começo da gestação. Geralmente, em vegetarianos e veganos, se a alimentação tem bastante frutas e verduras, costuma ser uma dieta bem rica em ácido fólico. Poderíamos até dizer que a necessidade de suplementar teoricamente é menor, dependendo das escolhas da pessoa”, explica Slywitch.

A vitamina B12 também é muito importante, especialmente no início da gestação. Apesar da suplementação ser frequentemente associada aos veganos, o nutrólogo aponta que até 40% da população onívora mundial tem carência de B12. “Isso é um dado muito marcante, que muitas vezes os onívoros desprezam e acabam tendo uma falta de cuidado por conta disso”, reforça.

Outro ponto de atenção, segundo Slywitch, é o uso da forma ativa do ômega 3 (DHA), geralmente derivado de peixe. Na alimentação sem animais, utiliza-se óleo de alga. O cálcio também pode ser obtido através da alimentação vegetal, mas é importante usar uma bebida fortificada ou um suplemento.

“Tem se falado muito na vitamina colina, que acabamos prescrevendo também nesse período. O ferro é fundamental para todas as mulheres, pois a gestação gasta muito ferro e mulheres vegetarianas e veganas que menstruam têm uma prevalência um pouco maior de deficiência de ferro em relação às onívoras, então os ajustes também são necessários”, explica.

Introdução alimentar e desenvolvimento

No período da introdução alimentar, aos seis meses de vida, o nutrólogo pontua que a proporção dos alimentos é muito importante: “Muitas pessoas acham que vegetarianos vivem à base de salada e colocam muito legume e verdura no prato. Isso faz com que a caloria dessa dieta seja baixa e essa criança não cresça e se desenvolva”.

Segundo o especialista, é fundamental que o prato da criança seja constituído por um terço de cereais, um terço de leguminosas (feijões, ervilha, lentilha, grão de bico) e um terço de verduras e legumes. “Sempre colocamos um pouco de óleo, pode ser de abacate, de linhaça, azeite de oliva para aumentar a inserção calórica. Uma criança recém-nascida precisa de 100 calorias por quilo de peso”, ressalta.

A mesma atenção para a B12 e o cálcio recomendadas na gestação valem para as crianças, uma vez que possuem uma função extremamente importante para o desenvolvimento físico e neurológico. No caso do cálcio, o nutrólogo aponta que há uma dificuldade em sua análise bioquímica, por ser um exame mais complexo de se realizar em uma criança pequena.

“Geralmente, só depois dos 5 anos conseguimos essa dosagem. Então, nosso cuidado é garantir fontes alimentares que, somadas, cheguem à necessidade de cálcio da criança. É importante fazer a soma e complementar, se necessário, com suplemento ou bebida vegetal fortificada com cálcio”, conclui Slywitch.

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