Uma em cada quatro pessoas (25,7%) entrevistadas por uma pesquisa online da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) disse ter tido pensamentos suicidas nos seis meses anteriores ao levantamento. Além disso, mais da metade relataram desejos de se isolar completamente ou desaparecer.
Dados preliminares do levantamento mostram ainda que 25,2% dos participantes afirmaram “não se sentir bem” no momento da pesquisa e 30,9% se declararam tristes ou decepcionados, mas ainda com esperança de melhorar.
A pesquisa inédita “Como você está? Uma pesquisa nacional sobre saúde mental e sentimentos na vida adulta” foi realizada em 2025 como parte das ações da campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio.
O objetivo da ABP foi reunir informações para reforçar a mensagem da campanha. O levantamento  revelou um panorama da saúde mental dos brasileiros adultos e reforça a necessidade de ações efetivas para a prevenção do suicídio no país.

A pesquisa ouviu pessoas adultas de todas as faixas etárias entre 18 e maiores de 65 anos e que vivem nas 27 unidades da Federação. O estudo abrange diferentes níveis variados de escolaridade e condições profissionais diversas, incluindo trabalhadores formais e informais, empreendedores, estudantes, servidores públicos, desempregados e aposentados. 

Esses dados reforçam a importância de pensar em ações para cuidar destas pessoas levando em consideração aspectos sociais e demográficos e combater o estigma que ainda impede muitos de buscarem tratamento médico”, destaca a ABP.

Metade já buscou atendimento com profissional de saúde mental

A pesquisa mediu também a disposição das pessoas em procurar ajuda. Do total de pessoas consultadas, 54,1% informaram que sabiam onde buscar auxílio especializado diante de uma crise intensa.

Outros 33,2% relataram que conversariam com alguém próximo. Ainda assim, menos de 10% das pessoas disseram nunca ter buscado ajuda ou não acreditarem na necessidade de procurar. 

Um dado considerado positivo pela ABP é que 50,9% das pessoas já procuraram atendimento com psiquiatras ou psicólogos pelo menos uma vez e estão sendo acompanhadas por profissionais especializados. 

Para a ABP, isso indica uma crescente conscientização sobre a importância do cuidado com a saúde mental e diminuição do estigma, relacionado a essas condições.

Esse resultado mostra que há uma crescente conscientização sobre a importância do cuidado com a saúde mental e prevenção da doença, embora ainda haja muitos desafios a serem enfrentados. Esse resultado também aponta a diminuição do estigma com os temas relacionados à doença mental, algo que a ABP tem trabalhado intensamente desde 2011″, diz a entidade.

No entanto, o cenário é ainda mais desafiador quando se observa o acesso ao atendimento especializado. Sobre o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), a pesquisa mostrou que 31,6% dos consultados responderam que, caso necessário, buscariam o SUS para o tratamento.

Por outro lado, 50,9% disseram que procurariam atendimento particular e 33,8% considerariam algum serviço oferecido pelo plano de saúde. Já 9,8% mencionaram a possibilidade de recorrer ao apoio de instituições como ONGs ou universidades.

Esses dados indicam que há uma consciência da população sobre a necessidade de cuidados e quais são os canais de acesso disponíveis, mas também revelam disparidades. A realidade de um sistema público de saúde insuficiente, com longas filas e recursos limitados, é uma uma barreira. Já o atendimento privado amplamente citado é uma opção restrita a uma parte da população“, afirma a associação.

O principal objetivo da pesquisa é compreender os principais desafios enfrentados pela população adulta brasileira em relação às doenças mentais e como as pessoas reagem diante da necessidade de ajuda, se elas sabem onde e como buscar suporte.

As informações coletadas serão utilizadas para traçar um panorama nacional e orientar a criação de materiais informativos sobre as doenças mentais e ações de prevenção ao suicídio mais alinhados com a realidade dos brasileiros.

No dia 8 de setembro, foi sancionada a Lei nº 15.199, que estabelece o dia 10 de setembro como o Dia Nacional de Prevenção do Suicídio e o dia 17 de setembro como o Dia Nacional de Prevenção da Automutilação no Brasil.

ABP acredita que a responsabilidade de prevenir doenças mentais e consequentemente prevenir o suicídio é um plano coletivo que envolve ações de conscientização, educação e cuidado o ano inteiro. As doenças mentais devem ser tratadas como qualquer outra doença física que necessita de atendimento especializado, exames clínicos e tratamento. A saúde mental deve ser uma prioridade nas políticas de saúde pública.

Os dados completos da pesquisa estarão disponíveis em breve no site da Campanha Setembro Amarelo .

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Se precisar, peça ajuda

Qualquer pessoa com pensamentos e sentimentos de querer acabar com a própria vida deve buscar acolhimento em sua rede de apoio, como familiares, amigos e educadores, e também em serviços de saúde. De acordo com o Ministério da Saúde, é muito importante conversar com alguém de confiança e não hesitar em pedir ajuda, inclusive para buscar serviços de saúde.

Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone (188), e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias.

Serviços de saúde que podem ser procurados para atendimento: 

Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde);

UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro; Hospitais;

Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita).

Da Agência Brasil com ABP

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