Tiroide
Evento realizado no Rio levou informações e testes sobre a doença (Foto: Divulgação)

Há seis meses, a dona de casa Sonia Muniz, de 62 anos, descobriu uma alteração na tireoide. “Meu mastologista identificou um nódulo no meu pescoço durante uma consulta e me pediu exame de sangue e ultrassonografia. Daí tive a confirmação”, conta ela, que nesta quinta-feira (25), esteve no  Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (Iede) pela primeira vez para uma consulta. Ela foi encaminhada ao instituto pelo serviço de saúde onde se tratava para avaliar se precisará ser sua submetida a uma cirurgia da tireoide.

A filha dela, Jéssica Muniz Ferreira, 30, acompanhava a mãe e aproveitou a ação para fazer o autoexame da tireoide. Com o auxílio de uma profissional do instituto, foi identificado um nódulo na região. “Nunca desconfiei que pudesse ter algum problema na tireoide. Recentemente, tive queda de cabelo, minha pele ficou ressecada, minhas unhas quebradiças, tenho sentido cansaço e prisão de ventre. Depois de assistir ao vídeo que exibiram aqui sobre o assunto, estou constatando que todos são sintomas de alteração na glândula e realmente devo ter o problema”, relata Jéssica, que já recebeu encaminhamento para uma consulta no instituto na próxima semana.

O aparecimento de nódulos na tireoide também é uma situação comum. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), esses nódulos afetam cerca de 60% da população brasileira durante algum momento na vida. Apesar de 90% deles serem benignos, sempre é necessária uma investigação por um endocrinologista.

Segundo a Federação Internacional de Tireoide, os problemas na glândula são mais comuns em mulheres do que homens. Coração fora do ritmo, intestino desregulado, queda de cabelo, pele ressecada e até depressão podem ser sintomas de doenças da tireoide,uma glândula com formato de borboleta localizada no pescoço, logo abaixo da região mais popularmente conhecida como “gogó”.

Os hormônios produzidos pela tireoide pode influenciar todas as células do organismo, sendo fundamental para o bom funcionamento de praticamente todos órgãos do nosso corpo. As disfunções da tireoide podem ocorrer pela falta ou excesso do hormônio produzido por essa glândula ou até sua inflamação, além dos tumores.

Tiroide

Aumento de ultrassonografias pode explicar casos de câncer na tireóide

Flávia Conceição, presidente da SBEM-RJ, complementa dizendo que os endocrinologistas avaliam que os casos de câncer de tireoide podem ter crescido no Brasil devido ao aumento do número de ultrassonografias. “Devemos lembrar que esse crescimento se deve ao diagnóstico de tumores pequenos. Mas devemos ressaltar que 90% dos nódulos de tireoide são benignos” explica, revelando que a SBEM-RJ discute se os excessos de exames sem indicação precisa podem gerar apenas desgaste para o paciente e aumento de custo ao sistema de saúde.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de tireoide é a sétima neoplasia maligna mais frequente em mulheres brasileiras. No entanto, embora tenha aumentado a frequência no Brasil, a taxa de mortalidade ainda apresenta índices bem baixos devido ao diagnóstico precoce. Na análise da endocrinologista, os nódulos tireoidianos são bastante comuns. Porém, a chance de o nódulo ser um câncer é pequena. “A incidência anual de câncer de tireoide é de cerca de 7-8 por 100 mil habitantes. Na maioria dos casos, a suspeita do diagnóstico surge no exame físico ou na ultrassonografia da tireoide e pode ser confirmado através da realização de uma punção-biopsia no nódulo”, destaca.

SBEM-RJ condena dosagens hormonais não habituais

A solicitação de dosagens hormonais não habituais realizadas aleatoriamente não é uma prática recomendada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Segundo a presidente da regional Rio de Janeiro (SBEM-RJ) Flávia Conceição, a orientação da entidade é que exames solicitados sem motivo podem causar iatrogenia, diagnósticos equivocados e levar a tratamentos desnecessários ou até perigosos para os pacientes.

“Os exames básicos para o diagnóstico das doenças que alteram o funcionamento da tireoide (hipotireoidismo e hipertireoidismo) são a dosagem no sangue do TSH e do T4 livre. A dosagem do TSH está indicada em pessoas assintomáticas a cada cinco anos a partir dos 35 anos de idade; em pessoas com sintomas de disfunção da tireoide; na criança com baixa estatura e também pode ser solicitada na gestante”, esclarece.

Flavia Conceição lembra que a SBEM nacional esclareceu em recente posicionamento que a solicitação de exames, como, por exemplo, T3 livre e T3 reverso, não deve ser solicitada para rastreamento de doenças da tireoide. “Existem diferentes patologias que acometem a glândula tireoide, que podem atrapalhar a produção de hormônios, seja hipo ou hipertireoidismo, e doenças que afetam a anatomia da tireoide, como por exemplo, os nódulos tireoidianos. O médico endocrinologista tradicionalmente é aquele que diagnostica e trata esses distúrbios”.

Ações para marcar o Dia Internacional da Tireoide

Entre os dias 23 e 27 é celebrada a “Semana Internacional de Conscientização da Tireoide”, uma campanha que tem por objetivo conscientizar a sociedade a respeito da tireoide e seus distúrbios. O dia 25 de maio é o Dia Internacional da Tireoide, criado para alertar a população para os problemas de saúde que alterações nessa glândula fundamental para o bom funcionamento do organismo podem causar.

Para marcar a data, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia escolheu o tema “Tenho um nódulo na tireoide – o que fazer? ”. A regional do Rio de Janeiro vai promover ações em todos os hospitais com serviços credenciados com a distribuição de folhetos de orientação sobre as disfunções da glândula tireoide.

A rede de cinemas Kinoplex também apoiará a campanha da SBEM-RJ através da exibição de um vídeo nos monitores instalados próximos às bilheterias das salas do Rio de Janeiro. No site www.sbemrj.org.br, assim como nas redes sociais da SBEM-RJ haverá um conteúdo específico com dicas sobre sintomas de disfunções referentes a anomalias na glândula tireoide.

O Iede também promoveu palestra sobre disfunções tireoidianas, bócio, nódulos e hipo e hipertiroidismo, com distribuição de material informativo, e demonstração prática do autoexame da tireoide.  “É muito importante informar à população sobre as alterações da tireoide, pois estão entre as doenças endócrinas mais comuns e, muitas vezes, evoluem sem diagnóstico por muitos anos. Com mais informação, o próprio paciente pode suspeitar da presença de uma doença tireoidiana se souber quais são os seus indícios”, explica o diretor do Iede, Ricardo Meirelles.

Saiba mais sobre o problema

http://www.sbemrj.org.br/cuidados-com-a-tireoide/

 

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