Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam que, entre 2020 e 2022, devem ser diagnosticados mais de 65 mil novos casos de câncer de próstata por ano no Brasil. Nos homens, esse é o tipo mais comum da doença, representando 29% do total de diagnósticos. Por normalmente não apresentar sintomas nas fases iniciais, o câncer de próstata deve ser alvo de exames de rotina para homens com mais de 45 anos, visando o diagnóstico precoce e maior chance de cura.

Fatores como a falta de informação e o preconceito com o principal exame de diagnóstico da doença (toque retal) são obstáculos que atrapalham o tratamento do problema na sociedade.  Quando se fala em câncer de próstata, o tipo de tumor mais frequente entre homens e cuja campanha de prevenção acontece este mês, Novembro Azul, logo se pensa em duas formas de detecção: o exame PSA e o toque. Mas o que pouca gente sabe é que, uma vez constatada a doença, os testes genéticos podem ser de grande ajuda para identificar a melhor forma de combater o tumor e prestar orientação familiar.

Através de um exame de saliva, é possível analisar se houve alterações genéticas que levaram à mudanças no DNA, provocando a formação do tumor. “Pacientes que tiveram o câncer em função da mutação de genes podem ser beneficiados com drogas específicas, serem incluídos em estudos e ter acesso a tratamentos ainda não disponíveis no mercado. Se seus parentes também tiverem a alteração, poderão descobrir a doença cedo, favorecendo o prognóstico ”, diz a oncologista Bárbara Sodré, do Hospital Marcos Moraes, do Grupo Oncoclínicas.

A médica alerta que o exame ainda não é rotina para todo paciente com câncer de próstata. A indicação é para aqueles que desenvolveram a doença muito cedo, de forma muito agressiva ou metastática. Segundo Bárbara, o câncer de próstata, que acomete principalmente pacientes acima dos 65 anos, costuma ser silencioso, ou seja, não apresenta sintomas. Nos casos em que aparecerem sinais, os mais comuns são alterações nos hábitos urinários, que podem ser reduzidos ou ficarem mais frequentes.

Quanto antes a doença for detectada, maiores são as chances de cura, mas, mesmo em estágios mais graves, as esperanças são grandes. “Avançamos muito em termos de terapia nos últimos anos, a sobrevida vem aumentando. O tratamento vai depender de diversos fatores, principalmente se a doença é localizada ou metastática”, diz Bárbara, acrescentando que o cuidado deve ser multidisciplinar.

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4 dúvidas sobre o câncer de próstata

A oncologista Bárbara Sodré, do Hospital Marcos Moraes, tirou algumas das principais dúvidas a respeito da doença. Confira:

Quais são os fatores de risco?

— Além de mutações genéticas, também podem contribuir para o surgimento do câncer de próstata a obesidade, o tabagismo e o sedentarismo. Manter o peso em dia, ter uma dieta rica em fibras e se exercitar pelo menos 150 minutos por semana, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)  são atitudes que melhoram a qualidade de vida e ajudam a combater o surgimento de diversas doenças.

Sou obrigado a retirar a próstata se eu tiver um tumor?

— Depende do caso. Se o tumor estiver localizado, seu médico pode optar pela cirurgia. Nos casos em que a doença já se espalhou, é preciso avaliar se a retirada trará algum benefício.

Se eu retirar a próstata, vou sofrer de impotência sexual?

— Pode acontecer, principalmente se a cirurgia é aberta. Nos casos em que a retirada é feita por videolaparoscopia ou robótica, o risco é reduzido.

Câncer de próstata tem cura?

— Sim. Avançamos muito em termos de terapia nos últimos anos, a sobrevida é alta. É possível conviver com o câncer de próstata por anos.

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