O administrador de empresas Jean Nassif Mokarzel Neto, de 40 anos, descobriu a Doença de Crohn há 15 anos. Ele chegou a tomar remédios via oral e realizar cirurgias, inclusive de urgência, para colocação – e, depois, retirada – de bolsa de colostomia, mas acabou ganhando a possibilidade de mudar para a chamada Terapia Infusional.

O tratamento consiste na administração de medicamentos imunológicos, via agulha ou cateter. Segundo especialistas, a terapia infusional tem se apresentado como uma forte aliada no combate a Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), lembradas neste mês pela campanha Maio Roxo, em especial a retocolite ulcerativa e a Doença de Crohn, patologia inflamatória séria do trato gastrointestinal causada por desregulação do sistema de defesa do corpo.

Esse tipo de tratamento promete cicatrizar completamente as inflamações, controlando 100% dos sintomas e levando conforto e segurança ao paciente acolhido. O método é utilizado em centros de infusão especializados e melhora a qualidade de vida dos pacientes.

O empresário passou a fazer o tratamento subcutâneo, com a medicação Humira, de protocolo biológico, e realiza acompanhamento pelo Vera Cruz Hospital, em um centro clínico com profissionais médicos e de enfermagem especialistas nas DIIs, que são qualificados para realizar o diagnóstico preciso e garantir o tratamento adequado, individualizado e qualificado.

Terapia imunobiológica como aliada

A gastroenterologista Cristina Flores, presidente do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB), explica que atualmente existem quatro classes de medicamentos utilizados no tratamento das doenças inflamatórias intestinais.

“Temos medicamentos orais que diminuem inflamação, mas não interferem no sistema imunológico; os corticosteroides, que podem interferir no sistema imunológico e devem ser usados por um período curto de tempo; os imunossupressores, que atuam no sistema imunológico, reduzindo sua atividade, e os imunobiológicos, que aparecem como um avanço da medicina contra as DIIs nos últimos tempos”, orienta a especialista.

A terapia imunobiológica é desenvolvida por engenharia genética, atuando em várias etapas do processo inflamatório e bloqueando algumas substâncias que desencadeiam inflamação e fazem com que a doença se manifeste. Como se trata de doenças que desequilibram o sistema imunológico, o objetivo desse tratamento é regular essa disfunção.

“Os imunobiológicos controlam a inflamação intestinal e, consequentemente, previnem – ou pelo menos retardam – o dano intestinal progressivo e suas consequências. Eles permitem ao paciente atingir a remissão sustentada, melhorando a qualidade de vida e atividade laboral com redução dos recursos de assistência médica, cirurgias e hospitalizações”.

Segundo o último Consenso da GEDIIB (2023), os imunobiológicos são recomendados para os casos moderados e graves das DIIs. “Esse material, completo e inédito no Brasil, serve como diretriz para os médicos e beneficia os pacientes. Ele direciona o diagnóstico e tratamento adequados dessas doenças”, declara a presidente da entidade.

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Confira o depoimento do paciente

“Comecei a perder muito peso e ter febres intermitentes e diarreia. Ninguém descobria o que eu tinha. Como estava muito fraco, um médico me orientou a fazer um check-up. Fiquei internado no Vera Cruz e constatou-se o Crohn.

Sempre se começa o tratamento com o protocolo de imunossupressores e outros fármacos, mas meu caso estava avançado, eu não respondia mais e tive uma pancreatite medicamentosa por causa de um dos remédios. Após complicações, no fim de 2010, com essa mudança de protocolo, pela terapia infusional, comecei a melhorar.

Claro, eu me cuido, evito excessos, mas levo uma vida normal. Tenho uma sensibilidade maior no intestino em razão da doença e das cirurgias e fico mais suscetível a bactérias, por exemplo.

Às pessoas com doenças inflamatórias imunomediadas, sei que passamos por uma fase de não aceitar, mas depois, em vez de questionar, é importante seguir o tratamento. Ter um médico em que se confie e seguindo as recomendações, as respostas vêm naturalmente, junto à melhora. Nunca deixei minhas atividades e não deixo que isso me limite.

Talvez, se eu tivesse feito alguns exames logo nos primeiros sintomas, não teria um agravamento e não precisaria ter passado por tantas cirurgias. Portanto, se você não está se sentindo legal, vá ao médico, faça os exames. Se for algo mais importante, quanto antes o início do tratamento, mais rápida será a resposta para qualquer tipo de problema de saúde”.

Dificuldade no diagnóstico das doenças intestinais

Segundo Luiz Carlos Bertoncello, médico coloproctologista e coordenador do Centro de Infusão de Imunológicos do Vera Cruz Hospital, a Doença de Crohn pode ter identificação mais difícil por apresentar uma variedade de sintomas, geralmente associados ao emagrecimento e à dor abdominal.

Assim como a retocolite ulcerativa, é uma inflamação crônica relativamente frequente e de difícil diagnóstico. “As duas doenças não têm cura, demandam supervisão médica constante e a maior incidência é em adultos jovens”.

Os principais sintomas da retocolite são dores abdominais e diarreia com sangramento. A principal diferença entre elas é que a retocolite atinge apenas a região do intestino grosso, enquanto o Crohn aparece em qualquer setor do aparelho digestivo, podendo ocasionar, em alguns casos, obstrução intestinal.

“As duas são provenientes de alterações no sistema imunológico do intestino e têm como consequência a inflamação. As origens são desconhecidas, mas pesquisas apontam que fatores hereditários, de interação ambiental e microbiota intestinal podem desencadeá-las. Problemas emocionais e estresse são agravantes”.

Tratamento também pode envolver cirurgia robótica

O tratamento das DII pode ser feito por meio de medicamentos como imunossupressores e imunobiológicos, mudanças na alimentação e, em casos mais graves, com cirurgia robótica, onde ocorre a retirada das áreas mais afetadas.

“A cirurgia robótica traz mais precisão, segurança e assertividade na operação. Para o paciente, esses três fatores são extremamente benéficos já que permitem um menor tempo de recuperação e possibilidade de uma qualidade de vida melhor, pois os cortes necessários para tirar a parte mais afetada são menores e menos doloridos”, afirma o Dr. Fernando Bray, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Santa Catarina – Paulista.

Com Assessorias

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