Com mais de 2,8 bilhões de atendimentos por ano, o Sistema Único de Saúde chega nesta sexta-feira (19) aos 35 anos, consolidando-se como o maior sistema público, gratuito e universal do mundo. O SUS surgiu a partir de um movimento histórico na 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, e  e ganhou forma na Constituição democrática de 1988, que definiu a saúde como direito de todos e dever do Estado.

O sistema foi regulamentado em 1990 pela Lei no 8080/90, implantando no país o conceito do direito universal à saúde para todos os cidadãos brasileiros e que vivem no país. Dados do governo mostram que, atualmente, 76% da população brasileira, de um total de 213,4 milhões de pessoas, dependem diretamente do SUS. Os números indicam ainda 2,8 bilhões de atendimentos ao ano e 3,5 milhões de profissionais em atuação.

Inspirado na NHS (sistema público de saúde do Reino Unido), o sistema público de saúde brasileiro permite o acesso gratuito a serviços de saúde, cobrindo desde procedimentos básicos até os de alta complexidade. O SUS foi fundamental para garantir a vida de milhares de  pessoas durante e no pós-pandemia da Covid, no início desta década, e continua a ser essencial para mais de 70% da população brasileira, que tem nele seu único meio de acesso à saúde.

“Ao longo dessas três décadas e meia, o SUS transformou a realidade da saúde pública brasileira”, avaliou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele lembrou que, antes do SUS, o acesso à saúde pública era restrito a quem contribuía para a Previdência Social.

Antes do SUS, apenas trabalhadores formais vinculados à Previdência Social tinham atendimento garantido nos hospitais públicos. Na prática, apenas 30 milhões de pessoas eram beneficiadas. Para o restante da população, a alternativa era a caridade, serviços filantrópicos ou o pagamento direto.

Hoje, toda a população tem direito aos atendimentos. O SUS é descentralizado, municipalizado e participativo”, completou, ao citar características como universalidade, equidade e integralidade do sistema.

Conheça os principais serviços oferecidos pelo SUS

Dentre os serviços destacados pelo ministro estão a produção e distribuição de vacinas em unidades básicas de saúde (UBS) de todo o país e os tratamentos especializados, incluindo transplantes, hemodiálise, cuidados oncológicos e reabilitação de pacientes.

Padilha comentou ainda serviços como doação de sangue, bancos de leite e ofertas de medicamento, incluindo os de alto custo. Ele também lembrou do atendimento a pessoas com doenças raras, dos tratamentos oncológicos e dos cuidados paliativos ofertados na rede pública.

Brasília (DF), 05/07/2025 - Pacientes realizam cirurgias e exames no Hospital Universitário de Brasília (HUB) como parte do
SUS: 30 mil procedimentos realizados em 2024 (Foto-arquivo: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Saúde da família

Para o ministério, uma das ações de destaque no SUS é a Estratégia Saúde da Família (eSF). Lançada em 1994 com foco na atenção primária, a estratégia conta com equipes presentes em todas as regiões do país. As ações incluem promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento em unidades básicas de saúde (UBS) e em áreas remotas e fluviais, além de consultórios na rua e territórios indígenas. Padilha citou ainda o trabalho de agentes comunitários de saúde.

Temos atendimento específico a pessoas em situação de rua, comunidades indígenas, unidades rurais, ribeirinhas e quilombolas em todo o Brasil e na rede de apoio psicossocial”, disse, ao ressaltar ainda o trabalho do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), criado em 2003.

Transplantes

A pasta ressaltou ainda que o Brasil detém hoje a maior rede pública de transplantes do mundo. Em 2024, o país bateu recorde histórico no SUS, com 30 mil procedimentos realizados. O sistema fornece ainda medicamentos imunossupressores necessários para transplantados.

Vacinação

Graças ao SUS,  quem reside no país têm acesso gratuito às principais vacinas, por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI), o maior programa público de vacinação da América Latina, o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Atualmente, são disponibilizados 48 imunobiológicos, sendo 31 vacinas, 13 soros e quatro imunoglobulinas.

As ações contribuíram para marcos como a erradicação da poliomielite, em 1994, até resultados mais recentes, como a recertificação de país livre de sarampo pela OPAS [Organização Panamericana da Saúde],” destacou o ministério.

O Brasil ainda foi pioneiro na oferta de vacina contra a dengue, ofertada atualmente para crianças e adolescentes com idade entre 10 e 14 anos.

São Paulo (SP), 09/06/2025 - A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo inicia ações de intensificação da vacinação contra a influenza. Posto de vacinação no Terminal Parque Dom Pedro II, no centro da capital paulista. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
.Brasil ainda foi pioneiro na oferta de vacina contra a dengue, segundo o Ministério da Saúde (Foto-arquivo: Paulo Pinto/Agência Brasil)

Brasil Sorridente e Mais Médicos

Para a pasta, a trajetória do SUS é marcada também pela criação do programa Brasil Sorridente, em 2004;  da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em 2004; da Rede Cegonha, atual Rede Alyne, em 2011; e do Programa Mais Médicos, em 2013, dentre outros.

Desde 2023, o governo federal retomou a agenda voltada ao fortalecimento do complexo econômico-industrial da saúde com medidas para reduzir a dependência do Brasil. A expectativa é que, em até dez anos, 70% das necessidades do SUS em medicamentos, equipamentos e vacinas sejam produzidos no país”, completou o ministério.

Distribuição gratuita de medicamentos pelo SUS

Outro destaque foi a criação do Farmácia Popular, em 2004. Dentre os serviços oferecidos, está a distribuição gratuita de 800 itens, entre insumos e medicamentos, de acordo com a última versão do Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais), publicada em 2022. Além disso, é pelo SUS que os usuários podem consultar o valor máximo de medicamentos nas farmácias e drogarias.

O Farmácia Popular também ajuda a movimentar a economia nacional e o setor farmacêutico. Mais de 26% desses medicamentos oferecidos no programa, por exemplo, são produzidos pela indústria Prati-Donaduzzi, no interior do Paraná.

Segundo dados do IQVIA, empresa global de serviços e tecnologia para a indústria das ciências da vida, a farmacêutica paranaense disponibilizou para o SUS um total de 7 bilhões de doses no último ano (entre agosto de 2024 e julho de 2025). A participação acontece por licitações públicas e representa cerca de 20% do faturamento total da Prati-Donaduzzi.

Hoje, a farmacêutica fornece ao SUS 189 apresentações de genéricos, além de medicamentos de referência e os chamados de marca ou similares. Também produz os chamados Non Retail Channel, uma categoria que abrange medicamentos de alto custo, voltados a tratamentos específicos em hospitais e unidades especializadas da rede pública.”

Vigilância sanitária dos alimentos e até oferta de água de qualidade

Todas as pessoas que moram no Brasil utilizam o SUS – e, muitas vezes, sem saber. Isso porque – além das consultas, exames, vacinas, medicamentos e procedimentos mais complexos, como quimioterapia, hemodiálise e transplantes de órgãos -, o sistema público de saúde está presente diariamente na vida dos brasileiros, mesmo quando são usuários dos sistemas privados e de planos de saúde.

Ele vai muito além dos cuidados ofertados nas unidades básicas de saúde, unidades de pronto atendimento e hospitais, atuando ainda em portos e aeroportos e até nos cuidados com os animais. É provável que muitos nunca tenham pensado nisso, mas o SUS está presente nas compras do mercado e em idas aos restaurantes. Isso porque também cabe ao sistema público de saúde, por meio da Vigilância Sanitária, a fiscalização e qualidade de alimentos nos estabelecimentos comerciais de alimentos.

A água que chega à torneira de casa também faz parte de um serviço do SUS. Ela precisa ser distribuída conforme o padrão de qualidade estabelecido na legislação vigente, para que se torne própria para consumo. Nesse contexto, o Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua), estruturado a partir dos princípios do sistema público de saúde, desempenha papel fundamental.

Reduzir a fila, um dos maiores desafios para o SUS

Um dos desafios históricos do SUS, segundo o próprio ministro, diz respeito ao tempo de espera para a realização de consultas, de exames, de diagnósticos e de cirurgias eletivas. “Cenário que foi ainda mais agravado pela pandemia de covid-19”, lembrou.

A expectativa do governo é que a questão seja sanada por meio do programa Agora Tem Especialistas, que tem como foco seis áreas estratégicas: oncologia, cardiologia, ginecologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia.

Para reduzir o tempo de espera por exames, diagnósticos, tratamentos e cirurgias em áreas estratégicas, como oncologia, ginecologia, saúde da mulher, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia”, disse, ao classificar o SUS como “a maior conquista social do Brasil”.

Outra estratégia apontada pelo ministério é a expansão da telessaúde, que pode reduzir em até 30% o tempo de espera por atendimento especializado no SUS e figura como um dos eixos do programa. Os dados mostram que, em 2024, foram registrados 2,5 milhões de atendimentos em telessaúde.

Ainda de acordo com o ministério, por meio do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Saúde, o governo pretende entregar novas unidades básicas de saúde (UBS), salas de teleconsulta, unidades odontológicas móveis, policlínicas, maternidades, centros de atenção psicossocial (Caps) e ambulâncias.

A meta é universalizar o serviço de emergência até o final de 2026 e ele, agora, está presente também em território indígena, com atendimento 24 horas e profissionais bilíngues”, concluiu o ministério.

Leia mais

Autismo: SUS fará teste para diagnóstico precoce aos 16 meses
SUS avalia incluir vacina contra hérpes zóster e PrEP injetável
Cartão do SUS passa a usar dados do CPF do paciente
Saúde não tem esquerda ou direita, diz Lula em mutirão do SUS

Agenda Positiva

Seminário sobre 35 anos do SUS debate soluções

Se nos últimos 35 anos, desde sua regulamentação, o SUS se consolidou como um dos pilares do exercício democrático da cidadania, a próxima década requer do sistema a superação de desafios que vão além das necessárias e essenciais melhorias do acesso e da qualidade do atendimento para a população,

SUS se configura na atualidade como motor de desenvolvimento econômico e de soberania do País, dado seu potencial de também estimular a reestruturação do complexo econômico-industrial da saúde brasileiro, impulsionando sua competitividade nos mercados interno e externo.

Alcançar esse potencial requer, contudo, encontrar soluções para o financiamento sustentável do SUS, a redução das filas para procedimentos e melhorias da infraestrutura e da organização dos serviços. O uso intensivo da tecnologia na gestão e na qualificação da atenção básica também se coloca como necessidade urgente nesse caminho.

Para debater esses temas, a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP), por meio de seu Instituto Walter Leser, e o portal Outra Saúde, com apoio da Fundacentro e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, promovem nesta quinta (18) e sexta-feira (19), o Seminário 35 Anos do SUS, contando com debatedores de peso.

No primeiro dia do evento, que é aberto ao público tanto presencialmente quanto online, o destaque fica por conta da sessão especial sobre “Desenvolvimento: como fortalecer o complexo econômico-industrial da saúde”, com a participação de José Gomes Temporão (Fiocruz), Rosane Cuber (Bio-Manguinhos) e Eduardo Magalhães Rodrigues (FSP-USP), sob mediação do jornalista Gabriel Brito (Outra Saúde).

No segundo dia (19), a mesa “Transformação digital da saúde” reunirá Ana Estela Haddad (Ministério da Saúde), Fernando Aith (FSP-USP) e Luiz Vianna Sobrinho (ISC/UFBA), com mediação de Leandro Modolo (FCMSCSP). Na conferência de encerramento, na sexta-feira (19), estarão Gonzalo Vecina (FESPSP) e Jairnilson Paim (UFBA)M com mediação de Antonio Martins (Outra Palavra).

A programação de quinta-feira (18) conta também com debate sobre “Desigualdades na atenção à saúde” com Luana Alves (Psol-SP), Márcia Couto (FMUSP), Mateus Brito (Conaq) e Rachel Gouveia (UFRJ), contando com a mediação de Luciana Morgado (Núcleo Antirracismo Virgínia Leone Bicudo/FESPSP).

Nesse mesmo serão realizados os lançamentos dos livros “Coleção Comemorativa 100 Anos de Franco Basaglia”, organizado por Rachel Gouveia Passos, e nova edição de “Da Saúde e das Cidades”, de David Capistrano Filho. Na sexta-feira (19) haverá discussão sobre “Financiamento e gestão do SUS, com Mariana Melo (ABrES), Aparecida Pimenta (Cosems-SP), Marilia Louvison (FSP-USP) e mediação de Nivaldo Carneiro Júnior (FCMSCSP).

Acontece também nesse dia a mesa “Saúde dos trabalhadores como eixo estruturante de políticas públicas e ações do SUS, com os debatedores Pedro Tourinho (Fundacentro), Luis Leão (Ministério da Saúde) e Dari Krein (Unicamp), e mediação de Maria Maeno (Fundacentro e Instituto Walter Leser).

Cristo Redentor e sede da DPRJ ganharão iluminação azul em homenagem aos SUS

O Rio de Janeiro se ilumina em azul para celebrar os 35 anos do Sistema Único de Saúde (SUS) nesta sexta-feira, 19 de setembro. A sede da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) e o monumento ao Cristo Redentor receberão iluminação especial em referência à cor que simboliza o SUS. A iniciativa faz parte das ações da Coordenação de Saúde (Cosau) da Defensoria, em parceria com o Consórcio Cristo Sustentável.

A iluminação azul simboliza o reconhecimento da importância do SUS na promoção da saúde, da prevenção de doenças e do cuidado integral da população. Criado pela Constituição Federal de 1988 e formalizado em 1990, o SUS garante acesso gratuito e de qualidade à saúde para os brasileiros, e, assim como a Defensoria, os atendimentos ocorrem independentemente de condição social.

Neste ano, o Sistema Único de Saúde comemora 35 anos de existência, marcando uma trajetória de universalidade, equidade e integralidade que o consolidou como um dos maiores e mais importantes sistemas de saúde pública do mundo. A celebração confirma que a defesa intransigente do SUS é compromisso da Defensoria Pública com o direito universal à saúde da população”, destaca a defensora Renata Pinheiro, subcoordenadora da Cosau.

Para Luiza Maciel, defensora pública e subcoordenadora da Cosau, a iniciativa é simbólica e marca a importância da defesa da saúde pública no Estado do Rio de Janeiro. “A Coordenação de Saúde da Defensoria Pública participa ativamente desse processo, seja extrajudicialmente, monitorando os equipamentos de saúde em todo o Estado, seja judicialmente, quando há rompimento do diálogo com o Poder Público e não há outra alternativa a não ser a judicialização”, comenta.

Exposição interativa dá visibilidade aos marcos regulatórios que contribuíram para o aprimoramento do SUS

Lançada na última terça-feira, em Brasília, objetivo da mostra é sensibilizar o público sobre as medidas que impactaram a qualidade de vida dos brasileiros

A Interfarma – Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa lançou na terça-feira (16) a exposição interativa 35 anos juntos pela saúde de todos”, que tem como principal objetivo explicitar a importância do trabalho dos parlamentares para criarem e aprovarem projetos de lei que oferecem reflexos significativos no bem-estar e saúde dos brasileiros.

A mostra revela marcos regulatórios sensíveis, que mudaram a qualidade de vida no Brasil, como a Lei nº 8.080, que estabeleceu as bases do Sistema Único de Saúde, ou a Lei nº 9.313 que instituiu a distribuição gratuita e universal de medicamentos antirretrovirais pelo SUS.

Os parlamentares são nossos maiores aliados na missão de promover a inovação e melhoria da saúde no Brasil, garantindo que o país tenha acesso a tratamentos e medicamentos inovadores por meio de soluções sustentáveis”, explica Renato Porto, presidente-executivo da Interfarma. “Nossa intenção é dar luz a todos os avanços já obtidos no setor da saúde, graças à parceria entre poder público e privado”, completa.

A mostra também celebra os 35 anos de atuação da Inferfarma e seu trabalho em prol do desenvolvimento de novas moléculas e incorporação de novos tratamentos ao SUS. A Interfarma teve, por exemplo, atuação decisiva para a aprovação e sanção da Lei 14.874/2024 (Lei da Pesquisa Clínica).

Atuamos desde o início para que a lei fosse aprovada e sancionada. Não poderia ser diferente já que a pesquisa clínica é essencial para o desenvolvimento de um medicamento. O Brasil deu um passo decisivo para assumir uma posição de protagonista ao aprovar a Lei”, aponta o presidente-executivo da Interfarma.

Composta por painéis informativos e telas interativas, a exposição está localizada no corredor de acesso ao Anexo I, na Câmara dos Deputados e vai até o dia 26 de setembro. A entrada é livre. Os visitantes poderão navegar ao longo das décadas para descobrir quais foram as leis que mais tiveram impacto para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros e poderão participar de um divertido quizz ao final da visita. A versão virtual também está disponível no site interfarma.org.br.

Com Assessorias e Agência Brasil

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *