Há cerca de três anos, um grupo de médicos, psicólogos e fisioterapeutas vem realizando trabalho voluntário para pessoas carentes em três comunidades na zona sul do Rio de Janeiro: Morro Azul, no Flamengo; Parque da Cidade, na Gávea, e Tavares Bastos, no Catete. Eles atendem voluntariamente crianças, adolescentes e adultos, desenvolvendo um trabalho importante na área da saúde pública.
A iniciativa é do Instituto de Medicina e Cidadania, uma organização sem fins lucrativos, dirigida pelos médicos Luiz Roberto Londres e Marcio Meirelles. Desde sua criação já foram realizados mais de sete mil atendimentos médicos voluntários nas comunidades onde o IMC atua, além de consultórios médicos com consultas com hora marcada.
A ideia é inspirada no trabalho realizado pelo clínico geral Felix Zyngier, de 77 anos, diretor médico do IMC que há 17 anos atua como voluntário na comunidade do Morro Azul, no Flamengo. Recentemente, ele começou a atender também na comunidade Tavares Bastos, no Catete. Desde que iniciou o trabalho junto com o IMC já foram mais de dois mil atendimentos de 2017 até hoje. “Só quem faz o trabalho voluntário, sabe o prazer que dá”, afirma ele – veja abaixo entrevista completa.
E esse negócio de solidariedade é contagiante. Tanto que a rede de amigos só cresce: o IMC conta hoje com 15 profissionais de saúde, de várias especialidades, que atendem gratuitamente os pacientes que precisam de algum atendimento especializado. Esses atendimentos incluem as seguintes especialidades médicas: clínica médica, pediatria, psicologia, ortopedia, ginecologia, cardiologia, cirurgia vascular, dermatologia, homeopatia, oftalmologia, proctologia e urologia e fisioterapia.
O IMC pretende ampliar o trabalho de levar saúde de qualidade a regiões carentes e a todos que não tem acesso a ela, bem como disseminar de forma ampla, conceitos e noções de cidadania. O trabalho também tem como objetivos auxiliar na formação de novos médicos e colaborar para o aperfeiçoamento dos médicos já formados, além de praticar, desenvolver pesquisas e divulgar informações na área da medicina não alopática (integrativa) e disseminar conhecimentos em diferentes áreas da saúde.
‘Trabalho voluntário é a coisa certa a ser feita’
Por que fazer trabalho voluntário?
Dr Félix – Hoje em dia, a noção que eu tenho de trabalho voluntário é que a coisa certa a ser feita. Não tem nenhum país, por mais rico que seja, que tenha dispensado o trabalho voluntário. Na América do Norte e em países da Europa, o trabalho voluntário e filantrópico é estimulado. E essa filosofia é cultivada desde as escolas primárias que ensinam as crianças a partilhar, a ajudar, a estender a mão. Isso seria a justificativa moral do trabalho voluntário.
Qual a importância desse trabalho para a sociedade?
Dr Félix – O governo não dá conta de resolver todos os problemas, no tocante a saúde pública. E muitos países bem mais estruturados têm muito trabalho voluntário. O Canadá, por exemplo, que eu conheço bem, estimula o trabalho voluntário em todas as atividades humanas, tanto para estimular o empreendedorismo, quanto para auxiliar a atividade médica. Enfim, há necessidade do trabalho voluntário em todas as esferas.
O senhor se sente à vontade trabalhando na comunidade?
Dr Félix – Eu me sinto muito à vontade. É uma sensação muito agradável. Você se sente melhor como pessoa. É uma coisa muito boa. É um processo que rejuvenesce. Eu digo isso, sobretudo, aos meus colegas médicos que estão na terceira idade para eles fazerem um trabalho voluntário. Isso não vai tomar muito tempo, não vai ser um dispêndio de energia. E isso dá um dividendo de bem-estar pessoal, uma satisfação íntima muito grande.
Por que acha que há tanta relutância no trabalho voluntariado?
Dr Félix – Nós não temos uma cultura de voluntariado e alguns acham que fazer um trabalho na comunidade é considerado uma atividade menor. Até eu quando ia falar sobre esse meu trabalho para as pessoas, eu ficava constrangido e as pessoas também. Com o passar do tempo, isso foi assimilado. Então, isso que aconteceu comigo pode acontecer com qualquer um. Por isso eu digo: só quem faz é que sente a satisfação que recebe em troca.
Quais são os casos de doença mais comuns que atende na comunidade?
Dr Félix – São os casos que também comuns em postos de saúde: hipertensão arterial, diabetes, condições dermatológicas variadas, problemas respiratórios, problemas reumáticos.
Como vê o trabalho que é realizado pelo IMC?
Dr Félix – O IMC para mim foi muito bom. Quando o IMC foi criado, eu estava trabalhando isoladamente no Morro Azul. Então, com o IMC conseguimos nos reestruturar de uma forma que temos hoje muitos médicos que colaboram conosco em seus consultórios, concedendo horários gratuitos para atender as pessoas que nós encaminhamos. Isso complementa e melhora muito a qualidade do trabalho que é desenvolvido dentro da comunidade.
O fato de eu poder contar com oftalmologista, ginecologista, dermatologista, melhora o atendimento. Os moradores da comunidade são muito agradecidos, pois eles apreciam o valor desse trabalho e o valorizam imensamente. Tudo o que eles querem é a manutenção e expansão de um serviço desse. A gente completa o trabalho que é feito no serviço público.
Pode dar uma mensagem para os colegas médicos?
Dr Félix – Colegas médicos, apresentem-se como voluntários. Nós estamos precisando muito de vocês. Não dá muito trabalho e dá muita satisfação. . Para saber mais sobre o trabalho do IMC, acesse aqui.
Agenda Positiva
Projeto solidário de Wesley Safadão abre inscrições
Curso vai ensinar arte de contar histórias
Em 5 de dezembro, Dia Internacional do Voluntário, serão abertas as inscrições para o curso de 2020 da Associação Viva e Deixe Viver (Viva), organização não-governamental que congrega 1.282 voluntários responsáveis por contar histórias em 90 hospitais do País. O curso “Arte de contar histórias e do brincar no âmbito da Saúde e da Educação” forma cidadãos conscientes a serem voluntários contadores de histórias a partir de valores humanos como empatia, ética, afeto e solidariedade, aprendem a administrar melhor seu tempo, tendo vivencias e dinâmicas sobre o luto e lidar com as perdas e sobre o mundo do lúdico.
A primeira etapa do programa é mais abrangente, pois prepara os alunos para atuar em outras entidades, e não somente em hospitais. Reconhecida pelo profissionalismo com que atuam seus voluntários, a Viva passa a compartilhar, desta forma, sua expertise no treinamento e capacitação de voluntários com outros segmentos do Terceiro Setor
Vestibular social: doação de brinquedo como inscrição
Ação voluntária na Baixada
A Riopae promoverá uma série de ações sociais, dia 7 de dezembro, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A partir das 8h, a Praça da Matriz, no Centro do município, contará orientação jurídica, aferição de pressão e glicose e cortes de cabelo com a Embelezze. Tudo de forma gratuita. Quem tiver com criança, contará com uma série de atividades divertidas e ainda haverá distribuição de brindes.
Com Assessorias