Em 2024 no Rio de Janeiro, houve aumento de 10,6% no número de denúncias naCentral de Atendimento à Mulher — Ligue 180, do Ministério das Mulheres.  O número passou de 19.453 em 2023 para 21.528 em 2024. Desse total, 19.584 foram recebidas por telefone e 1.527 por WhatsApp.

O dispositivo central na estratégia de enfrentamento da violência contra a mulher no país totalizou, no ano passado, 112.164 ligações registrados no Rio de Janeiro, um aumento de 2,2% em relação a 2023, quando 109.720 ligações foram computadas.

A violência contra mulheres entre 40 e 44 anos (3.545 vítimas) representa o maior número de denúncias. São as mulheres pretas e pardas as vítimas mais frequentes (12.351). No geral, em relação à frequência da violência 9.899 vítimas disseram que ela acontece diariamente e 4.375 disseram que ocorre ocasionalmente.Foram denunciados 2.651 companheiros(as) e 3.735 ex-companheiros(as).

Entre as denúncias no ano passado, 15.653 foram apresentadas pela própria vítima, enquanto 5.843 foram por terceiros. A casa da vítima ainda é o cenário onde mais situações de violência são registradas: 9.389 denúncias tinham este contexto. A residência compartilhada por vítima e suspeito também é local de grande parte das denúncias no Rio de Janeiro, com 6.522 casos.

Campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica completa 1 ano

Diante deste cenário, iniciativas de enfrentamento à violência contra a mulher se fazem mais do que necessárias, são vitais para garantir a sobrevivência de mulheres que enfrentam um ambiente hostil dentro de suas próprias casas. Neste contexto, a Campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica é uma iniciativa crucial que visa combater a violência contra mulheres em todo o Brasil.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) lançaram oficialmente a campanha em 2020, a fim de que as vítimas, com um X vermelho na mão, pudessem fazer a denúncia silenciosa de violência. Essa campanha, que se tornou Lei Federal nº 14.188/2021 e Lei Estadual nº 9.201/2021 no Rio de Janeiro, foi idealizada pela juíza Renata Gil (foto acima), que também é a idealizadora do Instituto Nós Por Elas.

Neste dia 20 de junho, a campanha Sinal Vermelho completa mais um ano de existência, marcando um período de grande empenho na conscientização e no apoio às vítimas. Para celebrar esta data significativa de uma forma especial e impactante, aproveitando o simbolismo que o Cristo Redentor representa para o nosso país, o monumento estará iluminado todo de vermelho, das 19h às 20h.

Esta ação não apenas reforça a mensagem de combate à violência doméstica, mas também amplia o alcance da campanha, sensibilizando um número ainda maior de pessoas para essa causa tão importante. Em 2021, o Cristo Redentor já foi protagonista de um momento marcante pela causa, quando foi realizada a projeção do sinal vermelho, conforme destacado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A campanha reforça a importância da denúncia, que possibilita à vítima o acesso a medidas protetivas capazes de retirá-la de uma situação de risco iminente. Diante disso, o Instituto Nós Por Elas tem levado a Campanha Sinal Vermelho a cada vez mais pessoas, no Brasil e no mundo”, afirma Renata Gil.

“Pacto Ninguém se Cala” e Plataforma de Treinamento “Não é Não! Respeite a Decisão”
Preocupado com o avanço da violência doméstica no Rio de Janeiro, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ)  lançou oficialmente em maio deste ano o “Pacto Ninguém se Cala” e da Plataforma de Treinamento “Não é Não! Respeite a Decisão”, iniciativa inédita voltada à prevenção de violências contra a mulher em espaços de convivência.
 O evento marca a adesão ao Pacto, firmado em conformidade com a Lei Federal nº 14.786/2023, que institui o Protocolo “Não é Não”, e com a Lei Estadual nº 8.378/2019, regulamentada recentemente pelo Decreto Estadual nº 49.520/2025.
A lei impõe a bares, restaurantes, boates, casas noturnas e promotores de eventos a adoção de medidas concretas de proteção e acolhimento a mulheres em situação de risco, além da capacitação de seus profissionais para identificar e agir diante de diferentes tipos de violência.
A Plataforma de Treinamento “Não é Não! Respeite a Decisão” já está disponível para profissionais de bares, restaurantes, casas noturnas e outros espaços de convivência no estado do Rio de Janeiro. A capacitação é gratuita, on-line e oferece certificado. Basta acessar www.naoenao.rj.gov.br, fazer o cadastro e iniciar o curso, que orienta sobre como identificar, acolher e encaminhar casos de violência contra a mulher nesses ambientes.

Ligue 180 recebeu quase 700 mil ligações de todo o país em 2024

Em 2024, a Central Ligue 180 atendeu 691.444 ligações de todo o território nacional, o que representa um aumento de 21,6% em relação a 2023. O número de atendimentos pelo WhatsApp, lançado em abril de 2023, passou de 6.689 em 2023 (743/mês) para 14.572 em 2024 (1214/mês) — salto de 63,4%.

Para o Ministério das Mulheres, o aumento significativo no número de atendimentos realizados pela Central de Atendimento à Mulher — Ligue 180 reflete a maior confiança da população brasileira no serviço, que vem recebendo uma série de melhorias desde 2023, com a reestruturação prevista na retomada do Programa Mulher Viver sem Violência (Decreto nº 11.431/2023).

2 MIL POR DIA — No total, contabilizando telefonia, WhatsApp, e-mail, entre outros canais de atendimento, o Ligue 180 realizou 750.687 atendimentos em 2024 — média de 2.051 por dia. O número de denúncias feitas à Central Ligue 180 também aumentou, passando de 114.626 em 2023 para 132.084 em 2024. Desse total, 38.470 foram realizadas pela própria vítima e 86.105 foram anônimas.

RAÇA/COR DA VÍTIMA — Dentre os registros em que foi declarada raça/cor da vítima, as mulheres negras representam a maioria (52,8%) das denúncias de 2024, somando 53.431 casos contra mulheres pardas e 16.373 contra mulheres pretas. Além disso, mulheres brancas somam 48.747 denúncias, seguidas por amarelas (779) e indígenas (620). Em 12.134 denúncias, a cor-raça das vítimas não foi identificada.

IDADE — Quanto à idade, os dados apontam que as faixas etárias mais atingidas foram mulheres entre 40 e 44 anos (18.583 denúncias), de 35 a 39 anos (17.572 denúncias) e entre 30 a 34 anos (17.382 denúncias).

TIPOS DE VIOLÊNCIA — Ao todo, 573.131 violações foram reportadas ao Ligue 180 em 2024, uma redução de 3,9% em relação a 2023, quando 596.600 violações foram registradas. Os tipos mais recorrentes foram a violência psicológica (101.007 denúncias); seguida pela física (78.651); patrimonial (19.095); sexual (10.203), violência moral 9.180) e cárcere privado (3.027). De acordo com a metodologia utilizada pela Central, uma denúncia pode conter mais de um tipo de violação de direitos das mulheres.

RELAÇÃO SUSPEITO E VÍTIMA — Os dados de 2024 revelam a predominância de suspeitos com relação íntima e/ou familiar com a vítima: companheiros(as) atuais, com 17.915 denúncias, ou ex, com 17.083 denúncias.

CENÁRIO DAS VIOLAÇÕES — Em relação ao local em que ocorreram as violações, o ambiente doméstico e familiar foi o cenário mais comum. A “casa da vítima” apareceu em 53.019 denúncias, seguida pela “casa onde reside a vítima e o suspeito” (43.097 denúncias) e a “casa do suspeito” (7.006). Já o ambiente virtual (internet) somou 6.920 denúncias.

INÍCIO E FREQUÊNCIAS DAS AGRESSÕES — Os dados indicam que há mulheres que vivenciam situações de violências por longos anos e diariamente. Ao todo, 32.591 denúncias são de violências que acontecem há mais de um ano, e 18.798 indicam que iniciaram há um mês.

Cerca de metade das denúncias (46,4%) apontaram que as vítimas eram agredidas diariamente, o que evidencia a persistência do fenômeno da violência contra as mulheres. “Ocasionalmente” foi a segunda categoria mais frequente, com 23.431 denúncias, seguida de “Única Ocorrência” (19.214) e “Semanalmente” (10.945). A categoria “Mensalmente” foi a menos registrada nas denúncias (2.453). Além disso, 13.982 denúncias não possuem a informação sobre a frequência das violações.

Ligue 180 – como acionar

Em 2023, o Ministério das Mulheres atualizou a base de dados do Ligue 180, que conta com informações sobre endereços e telefones de mais de 2,6 mil serviços especializados da Rede de Atendimento à Mulher, além de informações que tratam de direitos e garantias da mulher em situação de violência.

Para que a população, em especial as mulheres, possa acessar amplamente essas informações, foi lançado em fevereiro de 2024 o Painel Ligue 180, , que passou a atuar de forma totalmente independente da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. O painel está disponível no endereço www.gov.br/mulheres/ligue180.

O Ligue 180 é um serviço público e gratuito do Governo Federal que orienta sobre os direitos das mulheres e sobre os serviços da Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência em todo o Brasil, além de analisar e encaminhar denúncias para órgãos competentes. A central funciona 24 horas, incluindo sábados, domingos e feriados.

A população pode fazer a ligação gratuita (ligue 180) de qualquer lugar do Brasil. Em casos de emergência, deve ser acionada a Polícia Militar, por meio do telefone 190. Pode acionar o canal via chat no Whatsapp, clique aqui:  (61) 9610.0180 ou aponte a câmera para o QRCode.

Ligue 180

Com Assessorias

 

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