Muita gente não gosta de falar nisso, mas não podemos mais empurrar esse assunto para debaixo do tapete porque ele atinge toda a sociedade; é um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas no mundo inteiro.
Mas infelizmente sabemos que esse tema, quando tratado de forma errada na imprensa, pode gerar efeitos negativos, incluindo até mesmo um eventual aumento de casos”, como alerta a jornalista Rosayne Macedo, no quadro Vida e Ação, nesta segunda-feira (1), na Rádio Roquette Pinto.
Por isso, o Portal Vida e Ação, pelo nono ano consecutivo, tem como compromisso dedicar o mês de setembro a abordar esse assunto com ética, responsabilidade e a sensibilidade e seriedade que ele exige. Acompanhe a nossa série Setembro Amarelo. E lembre-se: se precisar, peça ajuda. Conversar pode mudar vidas!
Suicídio em números
Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019 mostrava que são registrados quase 800 mil suicídios em todo o mundo, sem contar os casos não notificados, que podem ultrapassar 1 milhão. É mais do que as mortes por câncer de mama, malária, HIV, além de guerras e homicídios.
No Brasil, 42 pessoas cometem suicídio por dia, totalizando 15.507 mortes em 2021, a maioria delas do sexo masculino e o número tem crescido entre jovens e adolescentes: depois dos acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal, o suicídio é a quarta maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos, segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados em setembro de 2022.
A maioria dos casos está ligada a transtornos mentais não diagnosticados ou não tratados adequadamente, o que reforça a importância do acesso a tratamento psiquiátrico. Por isso, o mês de setembro é simbólico, mas falar sobre saúde mental, prevenção de doenças e reivindicar tratamento gratuito e acessível para todos deve ser feito 365 dias no ano.
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A campanha Setembro Amarelo
Ao longo dos últimos 11 anos, o Setembro Amarelo se consolidou como uma das maiores campanhas de conscientização sobre o tema no Brasil e a missão continua. Com o lema “Se precisar, peça ajuda“, a campanha deste ano busca justamente incentivar as pessoas a buscarem ajuda profissional. A doença mental tratada de forma adequada e com o acolhimento devido, pode prevenir o suicídio de forma efetiva
Também é preciso ampliar o alcance de campanhas para reduzir o preconceito em relação às pessoas que sofrem de transtornos mentais, como a depressão. Por isso, Setembro Amarelo também reforça o papel da sociedade na prevenção. O ponto alto da campanha ocorre em 10 de setembro, data em que se celebra o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, estabelecido pela OMS. Ao longo do mês, estão previstas ações em todo o país para disseminar informações de qualidade, sem fake news e sensibilizar a população.
O trabalho do CVV em favor da vida
O mês também ajuda ampliar o acesso a canais de apoio emocional. Um dos mais conhecidos é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que conta com mais de 3 mil voluntários atuando gratuitamente em todo o país. Todos os atendimentos são feitos por voluntários treinados, com absoluto sigilo e respeito. Em 2024, foram oferecidos 2,7 milhões de atendimentos.
Disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, o CVV pode ser acessado pelo telefone 188, pelo site www.cvv.org.br , via chat e ainda pelo e-mail apoioemocional@cvv.org.br. Em 2025, o Centro de Valorização da Vida apresenta a campanha com o tema “Conversar pode mudar vidas”. O foco é reforçar que o diálogo é uma ferramenta poderosa para acolher quem sofre em silêncio.
O CVV ressalta que a empatia e o acolhimento seguem sendo os pilares da campanha. É importante conscientizar as pessoas sobre a importância de se falar abertamente sobre sentimentos e de se oferecer uma escuta com empatia.
Falar alivia. Ouvir acolhe. E, muitas vezes, uma simples conversa pode ser o ponto de virada na vida de alguém. Por isso, reforçamos que ninguém precisa passar por momentos difíceis sozinho”, explica a voluntária Eliane Soares.
Origem da campanha nos EUA
A campanha Setembro Amarelo teve início nos Estados Unidos, em 1994, a partir de uma tragédia que comoveu uma comunidade. Naquele ano, o jovem Mike Emme, de apenas 17 anos, tirou a própria vida. Mike era apaixonado por carros e havia restaurado um Mustang 1968, que pintou de amarelo.
No funeral, familiares e amigos distribuíram cartões com laços amarelos e mensagens de apoio visando sensibilizar pessoas que enfrentavam dificuldades semelhantes às de Mike e também tivessem dificuldade em compartilhar. Depois da iniciativa da comunidade, isso virou uma campanha nos Estados Unidos.
Inspirado por essa iniciativa da comunidade, entidades como Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Conselho Federal de Medicina e Centro de Valorização da Vida (CVV) passaram a realizar o Setembro Amarelo no Brasil a partir de 2024, para falar mais sobre saúde mental e prevenção ao suicídio, inserindo a campanha no calendário nacional.
Sobre o CVV
O CVV oferece o serviço voluntário de escuta de forma anônima, gratuita e com empatia. Disponível 24 horas de por dia, 7 dias por semana, pode ser acessado pelo telefone 188, pelo site www.cvv.org.br , via chat e ainda pelo e-mail apoioemocional@cvv.org.br .
A instituição conta com cerca de 3 mil voluntários e, permanentemente, as inscrições estão abertas para quem se interessar por fazer parte desta rede. Os treinamentos são gratuitos e podem ser feitos pelo site, em www.cvv.org.br/seja-voluntario .
O CVV é uma entidade independente financeira e administrativamente, mantendo-se por meio de doações de pessoas físicas e jurídicas. Para colaborar, acesse https://www.cvv.org.br/
Para saber mais, acesse www.setembroamarelo.org.br