Reduzir a mortalidade de mães e bebês é um desafio para a saúde pública no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, o país registrou 1.325 mortes maternas e 40.025 mortes neonatais apenas em 2023. A razão de mortalidade materna chegou a 117 por 100 mil nascidos vivos em 2021 por conta do impacto da pandemia, e o índice passou para 55,3 em 2023.
Para diminuir essas estatísticas, o governo federal está investindo em hospitais com infraestrutura para atender os casos mais complexos, em partos prematuros.  Mais 18 hospitais da rede Amigo da Criança serão habilitados pelo Ministério da Saúde, somando 335 unidades no Distrito Federal e mais 25 estados.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou em Brasília (DF), avanços nos cuidados à saúde na primeira infância. Ele apresentou as novas instituições habilitadas como Hospitais Amigos da Criança em todas as regiões do país. Com as novas unidades, o governo reconhece práticas de cuidado humanizado que fortalecem a atenção integral desde o parto até os primeiros dias de vida.
A rede de hospitais é mais uma das ações do ministério que pretende no âmbito da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança – a exemplo da Rede Alyne, lançada em 2024, com a meta de reduzir em 25% as mortes maternas até 2027, por meio da ampliação de exames de pré-natal e no financiamento de leitos e bancos de leite humano.

Além disso, 56 hospitais passam por atualização de código de habilitação, processo que, segundo o ministério, “amplia o escopo da rede de hospitais ao incluir o Cuidado Amigo da Mulher, garantindo a permanência da mãe e do pai junto ao recém-nascido de risco”. Estão previstos um total de R$ 25 milhões na iniciativa, que contava, até então, com R$ 12 milhões anualmente.

Exemplo de hospital em Brasília

Brasília (DF), 06/10/2025 – O ministro da saúde, Alexandre Padilha, durante entrevista coletiva onde faz um balanço e apresenta novas medidas sobre a intoxicação por metanol no país. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Foto-arquivo: Valter Campanato/Agência Brasil

O anúncio das novas unidades foi feito pelo ministro Alexandre Padilha, durante visita ao Hospital Universitário de Brasília (HUB), unidade que, segundo ele, é “um exemplo de hospital amigo da criança”.

Aqui vemos o cuidado humanizado em cada detalhe, a dedicação das equipes e a formação de profissionais comprometidos com o acolhimento. A pediatria nos ensina muito sobre empatia e escuta, desde se abaixar para falar com a criança até entender o papel da família nesse cuidado”, acrescentou.

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Estado do Rio tem dois hospitais Amigos da Criança na Baixada

Referência em parto humanizado, HMãe lidera o ranking de nascimento de crianças no estado e também faz a diferença nos indicadores de aleitamento materno
Paciente internada no Hospital da Mãe, em Mesquita (Foto: Divulgação / SES)
O Estado do Rio de Janeiro tem dois hospitais agraciados com o título do Ministério da Saúde, assegurando a qualidade no atendimento às gestantes e aos seus bebês. O primeiro foi o Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart (HMulher), em São João de Meriti, em 2022 e o segundo foi o Hospital Estadual da Mãe de Mesquita, na Baixada Fluminense, que obteve a certificação em janeiro de 2024, após 18 meses de avaliações.

Referência em parto humanizado, o HMãe lidera o ranking de nascimento de crianças no estado, com a taxa de um bebê nascido de parto natural a cada 12 horas. A unidade também faz a diferença nos indicadores de aleitamento materno, já que os bebês e as puérperas têm estímulo de toda a equipe para que a amamentação seja realizada na primeira hora de vida, reforçando as iniciativas em prol do aleitamento materno.

Mãe realizando o método canguru, de contato pele a pele com bebê prematuro, durante internação em UTI Neonatal. (Arquivo pessoal)

Inaugurado em 2012, o Hospital Estadual da Mãe de Mesquita é referência no atendimento de gestantes do SUS com perfil de baixa e média complexidade na Baixada Fluminense. O hospital é adepto das técnicas de humanização, dentro do conjunto de boas práticas realizadas nas maternidades estaduais, que visam à qualidade no atendimento.

Entre as ações, além da yoga e shantala, estão também os serviços de banho de ofurô para o bebê, Método Canguru e Redes Terapêuticas, que promovem o relaxamento e o bem-estar do recém-nascido, técnicas que também remetem ao ambiente intrauterino.

O “polvo terapêutico”, feito de crochê, é colocado dentro da incubadora para que a criança interaja naturalmente com os tentáculos, que se assemelham ao cordão umbilical, promovendo a sensação de segurança e conforto.

Além disso, a unidade conta com o “Espaço Corujinha”, que é uma sala de apoio à amamentação, que acolhe as puérperas, gestantes e acompanhantes para rodas de conversa e palestras, visando à conscientização sobre a importância do ato, além de esclarecimentos sobre os cuidados com o bebê, autocuidado e apoio psicológico. Também é estimulada a coleta para o Banco de Leite do HMãe. Cerca de 400 mães são atendidas mensalmente no espaço.

Hospital Amigo da Criança: como funciona este selo

Criado em 1992, o título de Hospital Amigo da Criança é concedido pelo Ministério da Saúde aos hospitais que seguem os dez passos para o sucesso do aleitamento materno, conforme diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
De acordo com pesquisa do MS, nascer em hospitais com este selo de qualidade aumenta em 9% a chance de o recém-nascido ser amamentado na primeira hora de vida. Além disso, a oferta apenas de leite materno até o 6º mês de vida em nascidos nesses hospitais foi de 60,2 dias, contra 48,1 em outras unidades.
Para ser amigo da criança, o hospital deve também respeitar outros critérios, como o cuidado respeitoso e humanizado à mulher durante o pré-parto, parto e o pós-parto, garantir livre acesso à mãe e ao pai e permanência deles junto ao recém-nascido internado durante 24 horas, e cumprir a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira Infância (NBCAL).

Além disso, um dos requisitos para conseguir a certificação é a qualificação de 100% do quadro de colaboradores da unidade. A capacitação, que reúne aulas teóricas e práticas, enfatiza o manejo correto da amamentação, estimulando mudanças nas condutas, conhecimentos e habilidades dos profissionais de saúde no dia a dia.

Da Agência Brasil e SES-RJ, com Redação

 

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