Por Alexandre Luiz Seo
O câncer de mama é a neoplasia maligna de maior prevalência entre as mulheres no Brasil. Em 2016, ocorreram mais de 57 mil casos novos em nosso país. Também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos desta doença.

O Inca (Instituto Nacional de Câncer) recomenda o início do rastreamento com exames mais frequentes de mamografia a partir dos 50 anos, a cada dois anos, em casos em que não há sinais e sintomas suspeitos.

Porém algumas sociedades médicas e organizações internacionais indicam o início aos 40 anos, com exame de mamografia anual, visando o diagnóstico precoce, possibilitando assim um tratamento menos agressivo e uma chance de cura de 90%.

Deve-se levar em conta histórico familiar de câncer de mama para o início do rastreamento da doença. Todas as mulheres, independentemente da idade, devem conhecer seu corpo para saber o que é e o que não é normal em suas mamas.

A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres. A mamografia diagnóstica, exame realizado com a finalidade de investigação de lesões suspeitas da mama, pode ser solicitada em qualquer idade, a critério médico.
No entanto, não apresenta uma boa sensibilidade em mulheres jovens, pois nessa idade as mamas são mais densas e o exame apresenta muitos resultados incorretos.

Outras doenças comuns em mulheres

O mês de outubro traz à tona o câncer de mama em decorrência das ações do outubrorosa. Porém, existem muitas outras doenças e é de suma importância destacá-las quando falamos sobre saúde da mulher.

câncer de mama é o tumor maligno mais prevalente na população feminina, atingindo 57.000 novos casos por ano no Brasil, seguido do Câncer colorretal (17 mil novos casos/ano) e câncer de colo uterino (16 mil novos casos/ano).

Apesar de menos prevalente, o câncer de colo uterino é responsável por 5.000 mortes de mulheres por ano. Por isso a importância do diagnóstico precoce por meio de exames de rastreamento e da prevenção com o uso da vacina de HPV.   Além dos tumores malignos, outras doenças são frequentes na saúde feminina como:

Tumores Benignos

 Estes podem ser os miomas, nódulos que crescem na parede do útero. A maioria das mulheres não apresentam sintomas, porém dependendo do tamanho, da quantidade e da localização, é possível apresentar sintomas como dor no abdômen, sangramento uterino, dificuldade para engravidar, entre outros.

Outro tumor benigno são os pólipos. O pólipo uterino surge por meio do crescimento desordenado de células na parede interna do útero, o endométrio.  Na maioria das vezes são benignos, não apresentam riscos à saúde e podem ser identificados em exames de rotina. Um dos principais sintomas é um fluxo mais intenso ao longo da menstruação ou um sangramento irregular.

Os cistos ovarianos também entram nesta lista. Eles significam o acúmulo de líquido dentro do órgão. A maioria ocorre como parte do processo de ovulação. Esses cistos geralmente desaparecem em alguns meses sem qualquer tratamento.

Quando os cistos são grandes e não desaparecem sozinhos, é necessário o acompanhamento profissional. Os sintomas podem ser: sangramento fora do ciclo menstrual, dor ao ter relações sexuais, dor pélvica, entre outros.

Infecção do trato urinário

As infecções do trato urinário (ITUs) estão entre as queixas mais frequentes em consultas de atendimento primário, principalmente quando se trata de mulheres. A explicação para maior incidência em mulheres é devido a anatomia do sistema urinário feminino, já que a uretra é mais curta e mais próxima do ânus.

De acordo a Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Brasileira de Urologia, essa infecção é a segunda mais comum na população mundial, ficando atrás apenas dos problemas respiratórios.

Vulvovaginites

A Vulvovaginite é uma inflamação da parte externa do órgão genital feminino.   Os sintomas mais frequentes são: corrimento, vermelhidão e coceira intensa na vulva.

O diagnóstico pode ser feito apenas analisando os sintomas. Em casos mais severos, será feita a coleta de uma amostra de secreção vaginal para testar e descobrir qual a causa da infecção.

 Endometriose

A endometriose é uma doença que se caracteriza pela presença do endométrio fora da cavidade uterina. O principal sintoma é dor na região inferior do abdômen e na região pélvica.

O diagnóstico pode ser feito através do exame de Laparoscopia para verificar a presença de tecido endometrial e algumas vezes através de uma biópsia.

infecções sexualmente transmissíveis (iSTs)

As ISTs são infecções transmitidas através de relação sexual com alguém que seja portador da infecção. Existem aproximadamente 13 tipos de ISTs, a maioria causada por bactérias e vírus.

O uso da camisinha é a principal formas de evitar as ISTs. Por isso o uso de preservativos é altamente recomendável em qualquer tipo de contato sexual.

Prevenção e diagnóstico precoce de doenças  

O Brasil, semelhante ao que ocorre em outros países em desenvolvimento, vive uma transição epidemiológica que marca a diminuição da mortalidade por doenças infecciosas e o aumento da mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis.

Desta forma, o importante na prevenção de quaisquer doenças são ações que promovem saúde com ações básicas, não de tratamento, mas sim de controle dos agravos.

No caso do câncer, o diagnóstico precoce permite uma abordagem terapêutica mais efetiva, com melhor prognóstico para o paciente. Para o câncer de mama, o autocuidado e a rotina de acompanhamento tornam-se indispensáveis para o diagnóstico precoce.

Não obstante, existem atitudes e hábitos rotineiros que podem retardar o aparecimento de doenças, tanto em mulheres quanto homens como:
  • alimentação equilibrada e saudável;
  • manter-se bem hidratado;
  • prática de atividade física;
  • manter o peso corporal adequado;
  • evitar hábitos nocivos como tabagismo e alcoolismo;
  • organizar a agenda adequando as horas de trabalho, lazer e de descanso e
  • cuidar de sua saúde mental.
São ações básicas, mas costumeiramente negligenciadas no nosso dia a dia.

Telemedicina facilita o atendimento

Vivemos em um país de dimensões continentais. O Sistema Único de Saúde (SUS), implementado há 3 décadas, apesar de possuir as políticas de saúde bem estruturadas, apresenta como desafio atingir uma parcela da população que não tem acesso adequado à saúde, normalmente moradores distantes dos grandes centros.

A telemedicina pode ser uma grande oportunidade de proporcionar atenção a saúde primária em especial a população feminina, bem como acesso a especialistas muitas vezes não presentes em áreas afastadas.

Também tem como objetivo promover acompanhamento de pacientes que precisam de um serviço mais rápido, acesso direto, sem a necessidade de deslocamento até o ambulatório ou hospital, tudo isso sem contar o custo reduzido.

Vale ressaltar que a telemedicina não substitui o exame clínico tradicional, com anamnese, exame físico e exames complementares, quando estes se fazem indispensáveis. Nestes casos, as pacientes serão orientadas a procurar um serviço de saúde presencial, porém com informações adequadas para a continuidade no cuidado com sua saúde.
Alexandre Luiz Seo é gestor médico na ViBe Saúde. Formado em Medicina pela FMABC, especialista em ginecologia e obstetrícia pela FMABC e pós-graduado em gestão de saúde pela FGV
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