Atenção aos relógios super-fashion que prometem medir a taxa de glicose sem picadas em pessoas diabéticas ou a taxa de oxigenação no sangue em pacientes com Covid-19, por exemplo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta para o uso de smartwatches (relógios inteligentes) para a medição de glicemia – concentração de açúcar no sangue, comum em pessoas com diabetes mellitus – e de oximetria – saturação de oxigênio no sangue, que se popularizou durante a pandemia.

Na internet, são dezenas de modelos vendidos livremente a preços que variam de R$ 180 a R$ 1.350, de acordo com a marca. Mas na nota técnica, a Anvisa destacou que qualquer aparelho que realize medições reconhecidas como de uso tipicamente médico deve ser regularizado pela agência. E informou que não existe, até o momento, nenhum dispositivo desse tipo regularizado para medição não invasiva de glicose ou oximetria.

“Isso porque ainda não há estudos com evidências robustas sobre a segurança e o desempenho para esta indicação de uso”, destacou a Anvisa. Já aparelhos que medem apenas frequência cardíaca e respiratória, que não são considerados de uso estritamente médico, não estão sujeitos à regulamentação da Anvisa.

Tecnologia não passou por análise da Anvisa

Ainda de acordo com a agência, a medição não invasiva de glicemia por relógios e acessórios do tipo smartwatch representa uma tecnologia em desenvolvimento, que não passou pelo processo regulatório sanitário.

  

“A precisão dos dispositivos médicos avaliados pela Anvisa é crucial, pois erros podem resultar em doses inadequadas de insulina, com sérias consequências imediatas, como choque glicêmico, ou de longo prazo, contribuindo para o agravamento das condições de saúde relacionadas ao controle inadequado da diabetes”, alerta.

Caso seja identificada a veiculação de anúncios de relógios e acessórios do tipo smartwatch que alegam capacidade de realizar medições não invasivas de glicemia, sugerindo ou não seu uso para controle glicêmico, a orientação da agência é que seja feita uma denúncia por meio de um dos canais de atendimento órgão.

“A venda de dispositivos médicos sem a devida regularização é uma infração sanitária, com penalidades previstas pela Lei 6.437/1977”, concluiu a Anvisa.

Atualmente, cinco softwares pasmartwatchra têm aprovação da Anvisa para medir pressão arterial, eletrocardiograma e notificação de ritmo cardíaco irregular. Os produtos regularizados podem ser consultados no site da Anvisa.

Quando usar o teste de glicemia

O Brasil ocupa a sexta posição no ranking dos países com maior incidência de diabetes mellitus, sendo líder entre as nações da América do Sul e Central com o maior número de casos. Nesse cenário, o Brasil já soma 16 milhões de pessoas vivendo com diabetes, dos quais cerca de 40% ainda não descobriram a condição.

Por isso, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) reforçam a importância dos testes de rastreamento como dosagem de glicose e/ou hemoglobina glicada e um eficaz monitoramento da doença quando diagnosticada.

De acordo com a SBPC/ML, a glicemia em jejum, o teste de tolerância à glicose ou a dosagem de hemoglobina glicada podem ser usados para diagnosticar diabetes e identificar pessoas com pré-diabetes.

“Cada exame tem indicações, vantagens, desvantagens e limitações. Por exemplo, a glicemia em jejum exige um jejum de 8 horas. O teste de tolerância à glicose requer uma glicemia em jejum, seguida da ingestão de uma dose padronizada de glicose e uma nova glicemia após 2 horas.

Glicosímetro faz a leitura digital da glicemia

Pessoas com diabetes podem monitorar seus próprios níveis de glicose, para ajustar sua medicação de acordo com as instruções do médico. Isso é feito colocando uma pequena gota de sangue (obtida por punção da pele com uma lanceta) em uma tira reagente, que é inserida em um glicosímetroaparelho que fornece uma leitura digital da glicemia.

A hemoglobina glicada (também chamada hemoglobina A1C ou glico-hemoglobina) também é usada para acompanhamento da pessoa com diabetes podendo ser solicitada de 2 a 4 vezes por ano. Representa uma medida da quantidade média de glicose presente no sangue nos últimos 3 a 4 meses, e ajuda o médico a determinar a eficácia do tratamento.

Para a hemoglobina glicada, não é necessário o jejum de 8 horas ou a coleta de diversas amostras em horas diferentes, mas o exame não é recomendado para todos. Não deve ser usado para o diagnóstico de diabetes gestacional nem em pessoas que tiveram sangramento importante ou transfusões de sangue recentes, pessoas com doenças crônicas renais ou hepáticas, ou pessoas com distúrbios sanguíneos como anemias e determinadas variantes de hemoglobina.

Por outro lado, somente métodos de dosagem de hemoglobina glicada padronizados devem ser utilizados para fins diagnósticos e de triagem. Se o resultado inicial de um exame for anormal, é necessário que ele seja repetido em outro dia para confirmar o diagnóstico de diabetes ou, é necessário um outro teste alterado na mesma amostra.

Oxímetro de pulso foi recomendado na pandemia a idosos

As pessoas se acostumaram a ter sua temperatura verificada durante a pandemia porque a febre é um indicador chave da Covid-19. Mas durante a pandemia, os oxímetros se tornaram uma febre. Todo mundo queria ter um aparelho como esse para monitorar o nível de oxigênio em caso de suspeito da doença. Isso porque há pacientes com Covid-19 que, embora já apresentem uma queda preocupante no nível de oxigênio no sangue, não manifestam sintomas claros de insuficiência respiratória.

Esse fenômeno é chamado de hipóxia silenciosa, e pode adiar o diagnóstico da doença, o que contribui para o aumento de complicações e mortes. Para reduzir esse risco, muitos profissionais têm recomendado o uso do oxímetro por pacientes infectados pelo coronavírus, principalmente pessoas idosas.

“A detecção (da hipóxia assintomática) é crítica para prevenir a progressão da infecção e iniciar o tratamento. Intervenções precoces podem ajudar os pacientes a evitar procedimentos altamente invasivos (ou seja, intubação) e melhorar a alocação de recursos de saúde na comunidade.”

Por isso, o estudo recomendou o uso de oxímetros de pulso portáteis para amplo uso em rastreios da Covid-19 em idosos, porque os dispositivos podem detectar mudanças na saturação de oxigênio sem outras indicações de infecção.

Um novo comentário da professora associada de Enfermagem da Washington State University, Catherine Van Son, e da professora assistente clínica Deborah Eti, propõe que medir a temperatura é um indicador menos útil de infecção em idosos, e que em seu lugar, se utilize um oxímetro de pulso.

Artigo publicado na Frontiers in Medicine em plena pandemia, ano de 2021, mostra que alguns pacientes com a Covid-19 não apresentam sinais visíveis de níveis baixos de oxigênio, como falta de ar, mas apresentam saturação de oxigênio abaixo de 90%. Essa hipóxia assintomática pode estar associada a resultados extremamente ruins.

A|ém disso as temperaturas corporais são mais baixas em idosos. Uma temperatura de linha de base mais baixa significa que a febre pode ser ignorada usando a definição padrão do CDC de 37.8 Graus Celsius ou mais. “Na verdade. mais de 30% dos idosos com infecções graves apresentam febre leve ou nenhuma febre”.

Outros sinais comuns da Covid também podem ser descartados e atribuídos ao envelhecimento, como fadiga, dores  no corpo e perda do paladar ou do olfato.

Com Agência Brasil e Assessorias

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