A próstata é uma glândula que faz parte do sistema reprodutor masculino responsável por produzir uma secreção fluida para nutrição e transporte dos espermatozoides. Situa-se logo abaixo da bexiga e à frente do reto, sendo atravessada pela uretra, canal que se estende desde a bexiga até a extremidade do pênis e por onde a urina é eliminada.

A cada dia 42 homens morrem em decorrência do câncer de próstata e aproximadamente 3 milhões vivem com a doença. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo tumor que mais mata os homens, estando atrás somente do câncer de pulmão. A estimativa em 2017 foi de 61.200 novos casos e cerca de 13.772 óbitos causados pela doença, – o que equivale a uma morte a cada 38 minutos. São estimados para este ano 68.220 novos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

O câncer de próstata é uma doença silenciosa e a detecção precoce é a chave para a definição do tratamento mais adequado e, em geral, com melhores resultados, além de diminuir  os riscos de impotência sexual e incontinência urinária.

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que os homens a partir da puberdade devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada. No entanto, uma pesquisa realizada pela revista Saúde e o Instituto Lado a Lado pela Vida em agosto, com 2.405 homens, mostrou que 59% deles não costumam ir ao urologista.

Ainda hoje, existe grande disparidade entre sociedades médicas a respeito do rastreamento para câncer de próstata. No entanto, segundo o urologista Lessandro Curcio, que atende no Hospital Federal de Ipanema, no Rio de Janeiro, já é possível afirmar que existe consenso em recomendar inicio do rastreamento aos 50 anos para homens sem fator de risco e 45 para homens com história familiar (parentes de primeiro grau com câncer de próstata), homens da raça negra e obesos mórbidos.

A periodicidade de um a 8 anos dependendo avaliação de risco. Além disso, o mais importante  é que deve-se avaliar se vale a pena continuar  com o rastreamento  em pacientes com câncer de próstata acima de 75 anos ou com expectativa de vida menor que 10 anos”, relembrou Dr. Lessandro. 

Os exames deverão ser realizados após uma análise dos fatores de risco pelo urologista e ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de dez anos. 

Para uma prevenção eficaz, ir ao urologista regularmente é decisivo. É o especialista que realiza o exame de toque retal e pede a dosagem do PSA. Como mensagem importante, fica a necessidade de fazer uma primeira consulta preventiva na faixa dos 40 anos e seguir as orientações médicas de seguimento”, destaca.

Quando é preciso realizar o exame PSA

O diagnóstico do câncer de próstata é feito por exames de dosagem do Antígeno Prostático Específico (PSA), moléculas que, em alta dosagem no organismo, podem indicar câncer de próstata e, principalmente, o exame de toque retal. O PSA é um exame que consiste na análise da dosagem de uma proteína que basicamente só é produzida na próstata, assim como o toque retal onde o especialista apalpa o órgão e verifica a existência de um nódulo na região posterior da glândula. 

Entre os homens acima de 50 anos atendidos pela rede privada ou planos de saúde, 89% disseram já ter feito o PSA e 65% o exame de toque. Entre os atendidos pelo SUS, 45% nunca foram submetidos ao toque retal e 16% não fizeram o exame de PSA. 

O PSA é o marcador mais utilizado no auxílio ao diagnóstico de câncer de próstata. Isoladamente, o PSA elevado não significa necessariamente que o indivíduo tem câncer de próstata, por isso a necessidade do toque retal”, esclarece o médico urologista Lessandro Curcio, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia no Rio de Janeiro e membro da Associação Americana e Europeia  de Urologia.

Desse modo, o diagnóstico final se faz através de biópsia prostática, com retirada de, no mínimo, oito fragmentos e análise histopatológica destes. Para indicar corretamente a biópsia, o urologista precisa levar em consideração vários fatores, dentre eles o toque retal. A finalidade desse exame é detectar qualquer alteração na próstata (endurecimento, nódulos) que possa estar relacionada com a presença do câncer. Apesar de desconfortável, é parte fundamental da avaliação prostática, servindo também para auxiliar na decisão da melhor forma de tratamento, caso o câncer esteja presente.

Prevenção ainda é o melhor remédio

Apesar dos novos tratamentos disponíveis hoje, o médico urologista Marcos Tobias Machado, responsável pelo setor de cirurgia robótica urológica no Hospital Brasil e Rede D’Or, e afirma que a prevenção ainda é a melhor opção para combate ao câncer. “Infelizmente, 10 a 20% dos casos já são diagnosticados em fase mais avançada, ou seja, já com presença de disseminação da doença fora da próstata (metástases). Nesse cenário, a cura já não é mais possível, tendo o paciente um tempo de sobrevida de 3 a 5 anos”, explica.

Para o urologista Marcos Tobias Machado, o maior obstáculo à prevenção é o educacional. “No momento em que o homem compreender a necessidade de vir ao médico, ser examinado e realizar exames preventivos para evitar doenças de evolução silenciosa mas potencialmente letais, como a hipertensão arterial, diabete, stress e o câncer de próstata dentre muitas outras, esse cenário deve mudar”, afirma o professor do setor de uro-oncologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC).

A campanha Novembro Azul surgiu, inicialmente na Austrália, em 2003. No Brasil, a primeira ação foi realizada em 2014, com mais de 2.200 ações em todo o país. “A iniciativa é um grito de alerta para que os homens, esposas e governantes se atentem para a necessidade de os homens realizarem exames preventivos, no sentido de preservação da sua sobrevida e qualidade de vida. Isso inclui a saúde integral do homem, cardiovascular, hormonal, genito-urinária e psíquica, dentre outras”, completa Dr. Marcos Tobias Machado.

Muitos homens, por preconceito e desconhecimento, têm medo de fazer os exames periódicos, mas o acompanhamento frequente é a melhor arma no combate à doença que, na fase inicial, não apresenta sintomas. O Dr. Coelho recomenda que os exames são feitos periodicamente a partir dos 50 anos. “Para casos em que existe histórico familiar da doença, o acompanhamento deve começar mais cedo, mas deve ser avaliado pelo médico” conclui o especialista.

Com Assessorias

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