O fator mais importante para evitar a doença é o rastreamento, conforme explica Rachel Riechelmann, oncologista do A C Camargo Center. “O método inicial é a pesquisa de sangue oculto nas fezes, que pode evidenciar a presença de um tumor. Mas o exame principal para o diagnóstico é a colonoscopia, porque, além de visualizar, fazer a biópsia e diagnosticar o câncer, se o paciente tiver pólipos, na própria colonoscopia já é possível retirá-los. Ou seja, esse exame faz o diagnóstico e trata.”
Segundo Rachel, o rastreamento hoje é preconizado para pessoas a partir dos 45 anos de idade, de acordo com sociedades internacionais, para quem não tiver histórico familiar para a doença. Quem tiver histórico, o ideal é começar o rastreamento 10 anos antes da idade com a qual o familiar foi diagnosticado. Por exemplo, um pai que descobriu a doença aos 54 anos, os filhos devem iniciar o rastreamento aos 44.
“Um aspecto que ajuda na definição do melhor tratamento para cada paciente, é a informação sobre os marcadores tumorais. É um exame a mais que ajuda no acompanhamento e na resposta ao tratamento de pacientes com câncer colorretal“, explica
Maioria dos pacientes só descobriu doença no check up anual
“Precisamos de mais conscientização e de estratégias efetivas de prevenção para o câncer colorretal, segundo tipo mais comum no Brasil. Precisamos de um programa nacional de rastreamento do câncer colorretal que comece, no mínimo, oferecendo o exame de sangue oculto nas fezes. Estamos diante do segundo tipo de tumor mais incidente em homens e mulheres e nada fazemos a respeito”, diz Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia.
59% dos pacientes não praticavam atividade física
Esse tipo de tumor fortemente associado aos hábitos de vida como alimentação e prática regular de atividades físicas. Dentre os participantes da pesquisa, 54% disseram que não se atentavam a questões de alimentação saudável antes do diagnóstico e 59% não praticavam nenhuma atividade física. Apenas 11% acreditam que tinham uma dieta rica em consumo de frutas e vegetais e 41% praticavam alguma atividade de uma a três vezes na semana.
A pesquisa foi realizada entre setembro e dezembro de 2019, por meio de questionário on-line enviado para pacientes com câncer colorretal e seus familiares ou cuidadores. Contou com 310 respondentes, sendo 34,2% pacientes; 37,1% familiares e 28,7% outros. Dentre os respondentes, 53,2% eram usuários de planos de saúde, 35,2% usuários do SUS e 5,2% usuários da saúde privada.
“O câncer colorretal é uma doença mais frequente em pessoas com mais de 50 anos. No entanto, temos notado que maus hábitos de saúde como obesidade, falta de exercício físico, alimentação ultraprocessada, entre outros, estão alterando a faixa etária de incidência do tumor , fazendo com que pessoas mais jovens desenvolvam a doença. Um exemplo que marcou muita gente foi o caso recente do ator Chadwick Boseman“, afirma Luciana Holtz.
O tumor mais frequente entre adultos jovens
“Nesta população, os tumores também se apresentam de forma mais agressiva, se comparados aos característicos do paciente que descobre a doença entre a sexta e sétima década de vida. Eles podem ter uma biologia mais agressiva, além de serem descobertos em estágios mais avançados, pelos sintomas serem negligenciados nesta população”.
“Sangramento perceptível nas fezes, mudança no funcionamento do intestino (diarreia frequente ou prisão de ventre), dores abdominais, anemia recorrente e perda de peso muitas vezes são confundidas com doenças benignas do trato gastrointestinal, como as hemorroidas. Isso pode retardar o diagnóstico de pólipos intestinais, aumentando as chances da identificação de tumores colorretais. Portanto, é fundamental não ignorar os sintomas”, afirma Dr. Thiago Jorge.
Quando o exame de colonoscopia deve ser feito?
“A recomendação é que a primeira colonoscopia seja realizada aos 45 a 50 anos. Mas, se houver histórico positivo na família, ou outros fatores de risco, o rastreamento deve ser iniciado antes, de acordo com recomendação do especialista”, ressalta Dra Aline.
Tratamento com cirurgia minimamente invasiva
Segundo o Dr Thiago Jorge, quando o diagnóstico é feito em fase inicial, o procedimento cirúrgico para a retirada do segmento intestinal acometido pelo tumor e dos linfonodos correspondentes é suficiente para conter a progressão da doença. Em casos mais avançados, o tratamento pode incluir quimioterapia e radioterapia.
“A cirurgia geralmente é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos (pequenas estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo) dentro do abdômen. Outras etapas do tratamento incluem a quimioterapia, associada ou não à radioterapia”, pontua.