A campanha Novembro Azul é um movimento mundial de conscientização que incentiva os homens a cuidarem da própria saúde com a realização de exames regulares preventivos. Menos abordada que o câncer de próstata, a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) também é uma condição comum que afeta homens, especialmente à medida que eles envelhecem.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), cerca de 50% dos homens acima dos 50 anos apresentam algum grau de aumento da próstata, e essa proporção aumenta para 80% entre os que têm mais de 80 anos. A falta de tratamento adequado pode levar a quadros de insuficiência renal aguda, formação de pedras na bexiga e infecções urinárias.
Apesar da alta prevalência, uma pesquisa realizada pelas seccionais de Rio e São Paulo da Sociedade Brasileira de Urologia e pelo laboratório Apsen mostra que uma boa parcela da população masculina tem informação errada sobre o problema ou nem sabe que ele existe.
A HPB é uma condição que aumenta o tamanho da próstata, levando a desdobramentos clínicos que também requerem acompanhamento constante. Seus efeitos podem comprometer a qualidade de vida, causando sintomas como dificuldade para iniciar a micção, urgência para urinar, aumento da frequência urinária, especialmente à noite (noctúria) e a sensação de que a bexiga não se esvazia completamente. Esses sintomas podem interferir significativamente nas atividades diárias e no descanso noturno.
Uma das técnicas mais avançadas para o tratamento da HPB é a embolização da próstata, um procedimento endovascular minimamente invasivo. “A embolização é mais rápida, permitindo acessar tanto vasos mais distais quanto vasos proximais, o que, hipoteticamente, diminui a chance de uma recanalização dos vasos”, explica o Dr. Joaquim Motta, radiologista Intervencionista.
Realizada por via endovascular, sem necessidade de cortes abdominais, a embolização da próstata reduz o fluxo sanguíneo das artérias que abastecem o órgão, levando a uma diminuição do seu tamanho em até 50% dentro de seis meses. Esse método oferece diversas vantagens em comparação com as cirurgias tradicionais, incluindo uma recuperação mais rápida e menor desconforto ao paciente.
O estudo do Prof. Dr. Marc Sapoval, radiologista intervencionista e uma das maiores referências internacionais no assunto, apresentado recentemente no Congresso da Sobrice, reforça a viabilidade clínica da aplicação da embolização para pacientes que apresentam reações adversas, efeitos colaterais ou que não conseguem aderir a um tratamento medicamentoso. Para esses pacientes, a embolização se destaca como uma opção de tratamento menos invasiva, oferecendo uma alternativa eficaz à cirurgia ou intervenções mais agressivas.
De acordo com o também radiologista intervencionista, Dr. Rubens Pierry, a técnica de embolização é realizada com anestesia local, geralmente uma punção na virilha ou no punho. “Por meio de pequenos cateteres e microcateteres com poucos milímetros de diâmetro, conseguimos acessar a circulação próxima à próstata e injetar medicamentos que provoquem uma redução progressiva no tamanho da glândula”, explica.
Essa diminuição gradativa traz uma melhora nos sintomas obstrutivos da HPB em médio e longo prazo. “Além disso, alguns detalhes anatômicos são avaliados durante a consulta, especialmente com exames de imagem, mas, em geral, a embolização pode ser realizada em próstatas de qualquer tamanho”, ressalta o Dr. Pierry.
HPB ou câncer de próstata?
Urologista explica como saber a diferença entre as duas doenças
Com temas relacionados à saúde masculina ganhando destaque, a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) e o câncer de próstata emergem como temas cruciais. No cenário urológico, diferenciar entre essas condições torna-se vital, e é aqui que o Antígeno Prostático Específico (PSA) desempenha um papel crucial no diagnóstico.
Para explicar melhor, o urologista Roberto José Colombo, a Hiperplasia Prostática Benigna, ou HPB, é uma condição urológica comum que afeta a próstata, uma glândula do sistema reprodutor masculino. “Por isso é fundamental entender a importância dos seus sintomas e buscar orientação médica especializada para um diagnóstico preciso”, afirma.
O médico reforça que para distinguir HPB e câncer de próstata é necessário estar atento aos sintomas, realizar exames de sangue, toque retal e biópsia como ferramentas essenciais. O aumento do PSA pode indicar ambas as condições, mas níveis mais elevados estão frequentemente associados ao câncer.
“Exploramos os principais métodos diagnósticos, como o exame de toque retal, a dosagem do PSA e exames de imagem. A combinação dessas abordagens é muitas vezes necessária para um diagnóstico preciso da HPB”, explica o especialista.
Alguns fatores como idade, histórico familiar, hormônios masculinos, etnia, estilo de vida e doenças crônicas podem influenciar o desenvolvimento da HPB, por isso, compreender esses fatores é importante para a prevenção e o manejo da condição.
Para finalizar, o médico explica que embora ambas as condições afetem a próstata, a HPB envolve um crescimento não canceroso, não aumentando o risco de câncer de próstata. “Manter a frequência nas consultas médicas e entrar em contato sempre que surgir alguns dos sintomas é crucial para o diagnóstico precoce e tratamento adequado”.
Motivo de terror para homens, tratamentos modernos para problemas benignos na próstata trazem poucos riscos à vida sexual
Técnicas modernas para tratar o aumento benigno da próstata oferecem poucos riscos de perda de ereção e de diminuição da ejaculação
Dentre os problemas de saúde que chegam com a idade, a hiperplasia prostática benigna (HPB) é um dos mais recorrentes entre os homens. Popularmente conhecida como “aumento de próstata”, a condição normalmente começa entre os 40 e os 45 anos de idade. Aos 50 anos, 50% dos homens terão sido acometidos. Aos 70 anos, a proporção sobe para mais de 80%.
O urologista Fernando Leão, especialista em doenças da próstata, explica que a HPB afeta praticamente todos os homens nas faixas dos 50 e 60 anos. “Cada um vai ter essa doença em intensidade diferente. Alguns vão ter sintomas leves ou moderados, enquanto em outros as ocorrências são mais graves”, diz.
De acordo com Fernando, mesmo sofrendo com esses sintomas, é comum que homens evitem procurar um médico por medo das possíveis consequências dos tratamentos de próstata.
A resistência maior em procurar um médico logo no início é porque tudo que se fala relacionado à próstata, os pacientes já entendem que qualquer tratamento vai ter um risco elevado de impotência sexual e de incontinência urinária. Mas não é bem assim mais. Isso já mudou. O tratamento da HPB raramente vai levar a essas sequelas, ao contrário do que acontece com o câncer de próstata, que é a doença maligna”, explica.
Tratamentos para próstata costumam ser motivo de pânico para homens. Medo de problemas de ereção, da diminuição da ejaculação e da incontinência urinária são alguns dos motivos que fazem com que muitos adiem a procura por um médico, o que pode acabar provocando problemas ainda mais sérios de saúde. O que grande parte dos pacientes não sabe, porém, é que tratamentos modernos para um dos problemas mais recorrentes, a hiperplasia prostática benigna (HPB) trazem baixos riscos e poucos efeitos colaterais.
Entre os sintomas mais associados à HPB estão o aumento da frequência miccional noturna (vontade de urinar durante a noite), redução da força do jato de urina e sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga. Alguns ainda sentem ardência ao urinar, o que é conhecido como disúria. Outros também podem ter hesitância miccional – quando precisam esperar até 30 segundos para começar a urinar.
De acordo com Fernando, mesmo sofrendo com esses sintomas, é comum que homens evitem procurar um médico por medo das possíveis consequências dos tratamentos de próstata. “A resistência maior em procurar um médico logo no início é porque tudo que se fala relacionado à próstata, os pacientes já entendem que qualquer tratamento vai ter um risco elevado de impotência sexual e de incontinência urinária. Mas não é bem assim mais. Isso já mudou. O tratamento da HPB raramente vai levar a essas sequelas, ao contrário do que acontece com o câncer de próstata, que é a doença maligna”, explica.
O especialista diz que, de fato, o tratamento cirúrgico para o câncer traz risco de impotência e de incontinência urinária. Porém, mesmo estes hoje em dia são menores do que os tratamentos utilizados há alguns anos, o que muitos ainda não levam em conta. “Essa desinformação faz com que o paciente demore ou postergue sua ida a um urologista para se tratar de forma correta”, comenta.
O atraso na busca por reabilitação pode trazer consequências sérias, como quadros de insuficiência renal aguda, formação de pedras na bexiga e infecções urinárias de repetição, que podem levar à morte. Tudo isso sem contar a piora na qualidade de vida, que se manifesta por meio das noites mal dormidas devido às idas repetidas ao banheiro, acarretando indisposição e irritabilidade no dia a dia.
Dentro as diversas técnicas para o tratamento da HPB, como a cirurgia a laser e a ressecção transuretral, uma tem se destacado por ser menos complexa, proporcionar recuperação mais rápida e, ainda, trazer menos riscos à vida sexual.
Com uso aprovado no Brasil em 2023, a tecnologia Rezum está disponível no exterior desde 2015. A técnica, considerada minimamente invasiva, consiste na liberação de doses controladas de vapor d’água na próstata por meio de um catéter inserido na próstata. O resultado é a destruição térmica do tecido prostático e, consequentemente, a melhora no fluxo urinário.
Fernando destaca que, assim como os demais tratamentos, o Rezum não traz riscos de impotência sexual ou de incontinência urinária, mas apresenta vantagens relevantes. “O Rezum tem dois diferenciais importantes. É uma cirurgia, mas é feita a nível ambulatorial, com sedação a porte anestésico menor. Não há necessidade de internação. A segunda vantagem é poder preservar a ejaculação em cerca de 80% dos casos. As demais técnicas têm índices de no máximo 40 a 50%”, explica.
Desta forma, o tempo em que as terapias para problemas da próstata provocavam pavor nos homens pode estar perto de acabar. “As técnicas modernas, como o Rezum, têm oferecido uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes e apresentado resultados excelentes. A perspectiva é que, com o passar dos anos, os homens ganhem mais confiança e percebam que esses tratamentos não são nenhum bicho de sete cabeças”, conclui.
Estudo mostra que cirurgia a laser é mais eficaz para próstata aumentada
Uma pesquisa publicada pelo World Journal Urology, mostrou que quando utilizada a técnica HoLEP (cirurgia a laser) para a hiperplasia benigna da próstata (HPB), os resultados são excelentes mesmo em próstatas muito grandes. O estudo com 754 pacientes, divididos em 2 grupos de próstatas maiores e menores, foi realizado pelos médicos urologistas Alexandre Iscaife e Fernando Gómez Sancha e equipe.
A HoLEP, ou Enucleação Endoscópica da Próstata a Laser, é uma técnica cirúrgica minimamente invasiva usada para tratar o aumento benigno da próstata (Hiperplasia Prostática Benigna). Essa doença causa sintomas urinários progressivos com grande comprometimento da qualidade de vida podendo culminar com o uso de sonda vesical, infecções, sangramentos e até insuficiência renal.
O procedimento é feito com um ureteroscópio muito fino e delicado, instrumento que possui uma microcâmera e um laser de alta potência, que deverá ser inserido pela uretra (o canal por onde a urina sai). Utilizando o laser, o cirurgião consegue remover toda a parte interna da próstata que cresceu e que obstrui a passagem da urina. O tecido removido é aspirado para fora da bexiga (após morcelação interna), já a parte externa da próstata é mantida intacta, aliviando a pressão sobre a uretra e restaurando o fluxo da urina. Todo o material é enviado para análise patológica.
De acordo com Alexandre Iscaife, pioneiro no uso dessa técnica no Brasil, a cirurgia HoLEP é minimamente invasiva, o que resulta em recuperação mais rápida, menor sangramento, hospitalização curta e risco muito baixo de reoperação no futuro. “A maioria dos pacientes podem ir para a casa no mesmo dia da cirurgia, após a alta, independente do tamanho da próstata” afirma o médico.
A pesquisa está disponível neste link: https://pubmed.ncbi.nlm.
Com Assessorias




