Por que algumas culturas consideram cachorros animais de companhia, enquanto outras espécies, como porcos e vacas, são tratadas como alimento? Essa é a pergunta que norteia o conceito de carnismo, termo cunhado pela psicóloga e pesquisadora Melanie Joy, PhD, autora do best-seller internacional Por que Amamos Cachorros, Comemos Porcos e Vestimos Vacas, obra traduzida para diversos idiomas e considerada referência para entender as bases psicológicas e sociais da alimentação baseada em animais.
De acordo com Joy, o carnismo funciona como um sistema de crenças invisível, que molda comportamentos individuais e coletivos em relação ao consumo de animais. Esse sistema se mantém a partir de mecanismos sociais e psicológicos que tornam o ato de comer carne algo aparentemente “natural” e “inevitável”.
Para a autora, a indústria da carne se apoia em três mitos centrais: a ideia de que comer animais é normal, natural e necessário. “Todo sistema opressor é justificado por mitos semelhantes — até que a verdade os torna absurdos”, afirma.
Outro aspecto destacado por Joy é o fenômeno descrito como “saber sem querer saber”. Muitas pessoas reconhecem, ainda que de forma implícita, que a produção de carne envolve práticas violentas, mas optam por não estabelecer conexões entre esse conhecimento e suas escolhas alimentares cotidianas. Essa distância entre consciência e ação, segundo a pesquisadora, contribui para a manutenção de padrões culturais de consumo.
A discussão proposta por Melanie Joy dialoga diretamente com transformações em curso no mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o consumo global de carne quase quadruplicou desde os anos 1960. O Brasil ocupa posição de destaque nesse cenário: é o segundo maior consumidor de carne bovina do planeta e está entre os principais exportadores mundiais.
Paralelamente, cresce a procura por alternativas vegetais. Dados de 2023 da consultoria Euromonitor apontam que o mercado de produtos plant-based movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano no país, com tendência de expansão contínua.
Nesse contexto, a reflexão sobre carnismo ganha relevância não apenas ética, mas também ambiental e de saúde pública. Estudos científicos indicam que a pecuária intensiva está entre os principais vetores de emissão de gases de efeito estufa e uso de recursos naturais, além de estar associada a doenças crônicas ligadas ao consumo excessivo de produtos de origem animal”, disse a autora, em evento recente promovido pela SVB.
Além disso, é reconhecida internacionalmente por seu trabalho em psicologia social, comunicação e ativismo voltado à transformação social, sendo convidada frequente em conferências globais sobre direitos animais, meio ambiente e saúde pública.
A psicóloga é referência para ativistas, comunicadores e interessados em aprofundar práticas de comunicação efetiva e prevenção de burnout no ativismo. A proposta é oferecer ferramentas práticas para quem atua em defesa dos animais, da sustentabilidade e da saúde, conciliando impacto social e cuidado pessoal.
Ciência e esporte lado a lado: campanha apresenta atletas veganos de alta performance
A relação entre nutrição vegana e desempenho esportivo já é tema de documentários internacionais, como “Dieta dos Gladiadores” (2019) e “Dieta dos Gêmeos – Você é o que você come” (2023), que contribuíram para a disseminação de informações sobre o assunto. No entanto, ainda persistem dúvidas e preconceitos, especialmente entre praticantes de atividades físicas e profissionais da área da saúde.
A alimentação vegana é frequentemente debatida e tem ganhado espaço tanto nas buscas da internet quanto no dia a dia das pessoas, seja através da presença de produtos veganos ou do aumento do número de adeptos. A ciência tem reforçado os benefícios de uma dieta baseada em vegetais para a saúde humana. Estudos sólidos e de grande abrangência mostram que a alimentação vegana não apenas é viável, mas também pode ser um fator determinante para uma vida mais longa, saudável e ativa.
No Abril Vegano deste ano, a SVB lançou o “Guia de Nutrição Esportiva Vegana”, o primeiro do gênero no Brasil e um dos poucos no mundo. Escrito pelo nutricionista Filipe Testoni, coordenador do Departamento de Nutrição Esportiva da SVB, e organizado pela nutricionista Alessandra Luglio, diretora do Departamento de Saúde e Nutrição da instituição, o guia explora, de forma abrangente, a nutrição esportiva sob a perspectiva vegana.
Embora ainda haja resistência, a ideia de que uma dieta baseada em vegetais é insuficiente para um bom desempenho esportivo tem perdido força. O que falta, muitas vezes, é informação sobre como estruturar essa alimentação de forma eficiente. O Guia de Nutrição Esportiva Vegana da SVB vem para preencher essa lacuna”, diz Felipe Testoni, autor do guia.
A obra fornece diretrizes práticas e embasadas cientificamente para desmistificar a relação entre veganismo e performance esportiva. Para ampliar o acesso ao conhecimento sobre nutrição vegana no esporte, a SVB disponibiliza gratuitamente a versão digital do guia, que pode ser acessada no site www.nutricaoesportivavegana.
Campanha ‘Veganos são Fracos? Não Caia nessa Mentira!
Responsável pela campanha Segunda Sem Carne, SVB lança campanha para desmistificar a nutrição vegana no esporte
O lançamento do guia fez parte da ação de comunicação lançada no Dia da Mentira (1° de abril) para desmistificar um dos maiores mitos sobre a alimentação vegana: a suposta fragilidade dos veganos. Com a mensagem “Veganos são fracos? Não caia nessa mentira!“, a campanha foi veiculada por meio de vídeos exibidos em painéis, backlights nas estações de metrô de São Paulo, aeroportos e academias, destacando atletas veganos de alta performance que são a prova viva de que a dieta 100% vegetal é compatível com alto rendimento esportivo.
A ação contou com atletas consagrados que demonstram que a dieta vegana é plenamente compatível com alto rendimento. Guilherme Abomai se tornou o primeiro fisiculturista vegano a conquistar o “pro card” ao vencer a categoria Open no peso acima de 102 kg do Mr. Olympia Brasil. Amanda Schott, destaque no Levantamento de Peso Olímpico, é medalhista de bronze em campeonatos mundiais e tetracampeã brasileira.
Já Macris Carneiro, levantadora da seleção brasileira de vôlei, tem um histórico repleto de conquistas, incluindo três títulos da Superliga, quatro do Sul-Americano de Clubes e medalhas olímpicas. Esses atletas demonstram que é possível competir e vencer em alto nível seguindo uma alimentação baseada exclusivamente em vegetais.
A campanha “Veganos são Fracos? Não caia nessa mentira!” busca provocar reflexão e incentivar o público a conhecer mais sobre os benefícios da alimentação vegana, especialmente no esporte, mostrando que a escolha por um estilo de vida baseado em vegetais pode estar diretamente ligada à saúde, performance e bem-estar.
Fundada em 2003, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SBV) é referência nacional na promoção do vegetarianismo e do veganismo, desenvolve campanhas de alcance nacional, como a “Segunda Sem Carne”, projetos em parceria com escolas e empresas e atua junto ao poder público para incentivar políticas voltadas à alimentação saudável e sustentável.
Ao escolher o veganismo, você se torna parte de uma mudança positiva que beneficia o meio ambiente, os animais e as futuras gerações. Se você faz parte dos 74% da população que cogitam a possibilidade de deixar de consumir carne. Junte-se aos 14,7 milhões de brasileiros que já estão fazendo a diferença!”, enfatiza a SVB.
Com Assessorias






