Há mais de três décadas, o Brasil e as Américas conseguiram eliminar os casos de poliomielite, marcando um momento histórico de saúde pública, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde 1994, o Brasil possui a certificação de área livre da doença e, para este ano, a projeção do Ministério da Saúde é de uma cobertura vacinal de 95% do público-alvo, que são as crianças de até 5 anos.

Entretanto, a doença ainda é identificada em outros países pelo mundo e nenhuma nação está totalmente livre de risco enquanto houver transmissão ativa do vírus, principalmente em regiões onde a vacinação está abaixo da meta desejada de cobertura vacinal.

Desde o lançamento da Iniciativa Global pela Erradicação da Pólio, em 1988, os casos no mundo caíram mais de 99%, mas especialistas fazem um alerta direto para o Brasil: a queda nas coberturas vacinais dos últimos anos abriu brechas que ameaçam décadas de conquistas. O país que já foi referência mundial em imunização hoje enfrenta o desafio de garantir que todas as crianças recebam as doses no tempo certo.

Em 2025, a cobertura vacinal contra a poliomielite no Brasil alcançou 80% em menores de um ano de idade, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Apesar de representar um avanço em relação aos índices anteriores, o número ainda está abaixo da meta de 95% necessária para proteger toda a população infantil.

A baixa adesão às campanhas de imunização tem preocupado especialistas e reacendido o temor pelo retorno da poliomielite, doença erradicada no Brasil há mais de 30 anos. .A vacinação é o meio mais eficaz para manter a poliomielite.  Embora o Brasil tenha sido considerado livre da doença desde 1994, a queda na cobertura vacinal acende um sinal de alerta entre as autoridades de saúde e especialistas.

É ilusório pensar que estamos protegidos se apenas parte das crianças é vacinada”, reforça a médica Luiza Helena Falleiros Arlant, coordenadora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos. “O vírus não reconhece fronteiras: basta uma queda de vigilância e o surto pode começar atingindo justamente os mais vulneráveis.

Mesmo com uma recuperação recente, os dados apontam que ambas as vacinas ainda não chegaram à faixa segura histórica dos 95%.  Segundo ela, enquanto houver poliovírus em circulação em qualquer parte do mundo, todas as crianças permanecem em risco. “Enquanto a pólio não for completamente erradicada, todos os países permanecem em risco de importação do poliovírus selvagem, como já ocorreu em diversas nações”, destaca.

A pólio é causada por um vírus que atinge o sistema nervoso e pode provocar paralisia permanente, especialmente em crianças pequenas. Graças à vacinação em massa, conseguimos controlar a doença, mas o vírus ainda existe. A única forma de impedir a volta dos casos é vacinar. Cada criança sem imunização é uma porta aberta para a reintrodução do vírus.”

Queda na vacinação preocupa especialistas e reacende o risco da poliomielite

O dia 24 de outubro marca o Dia Mundial de Combate à Poliomielite, data criada pelo Rotary Internacional para reforçar a conscientização sobre a vacinação infantil contra a doença.

poliomielite , ou paralisia infantil, é uma doença infecciosa e altamente contagiosa causada pelo poliovírus, vírus intestinal que pode infectar por meio de secreções e que pode provocar paralisia muscular irreversível e, em casos graves, levar à morte.

Segundo Isabela Pires, pediatra da Afya Brasília, a transmissão ocorre principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes de pessoas infectadas, mas também pode acontecer pelo contato com gotículas de saliva. Vale salientar, ainda, que ambientes com saneamento básico precário aumentam o risco de contágio.

Imagem: Divulgação/penedo.al.gov.br.

Luísa da Fonseca, pediatra da Afya Educação Médica Curitiba, explica que o cenário de erradicação da poliomielite no Brasil não é uma condição permanente, ou seja, ela precisa ser mantida por meio de uma cobertura vacinal forte.

A poliomielite é uma doença grave e potencialmente incapacitante, pois o seu vírus ataca o sistema nervoso. Mesmo que o país não registre casos desde 1989, a erradicação global da doença ainda não foi alcançada: o vírus continua circulando em outros países e, com a redução das coberturas vacinais no Brasil, devemos acender um sinal de alerta”, afirma a pediatra.

A pediatra ainda aponta que a vacinação é fundamental para proteger as crianças. Com a queda na cobertura vacinal, causada por fatores como a desinformação ou a falsa sensação de que a doença não pode mais voltar, é preciso estar alerta.

O vírus da poliomielite não respeita fronteiras: basta uma queda na imunização para que ele encontre brechas e volte a causar sofrimento. Por isso, vacinar é um ato de cuidado, responsabilidade e solidariedade, pois cada dose aplicada é um passo firme na manutenção da saúde dos nossos pequenos. Precisamos manter o calendário vacinal deles sempre em dia”, reforça a especialista da Afya.

Vacinas seguras e modernas no SUS e na rede privada

Vacinação protege as crianças e contribui para retomar o crescimento da cobertura vacinal brasileira

No Brasil, o esquema vacinal contra a poliomielite no sistema público de saúde passou a ser exclusivo com vacina inativada poliomielite (VIP), sendo administradas três doses de VIP aos 2, 4 e 6 meses de idade e um reforço com o referido imunobiológico aos 15 meses.

Na rede privada também estão disponíveis vacinas combinadas, como a versão hexavalente acelular, que incluem proteção contra a pólio, difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b. 

Mais do que uma data no calendário, o Dia Mundial de Combate à Pólio é um chamado à responsabilidade de cada família. Vacinar é um ato de proteção, mas também de amor e de memória para manter viva a conquista de um país que já provou que a mobilização coletiva faz a diferença”, afirma a médica.

Queda na vacinação contra a pólio em números

  • A cobertura vacinal contra a poliomielite  busca retomar uma crescente, após dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontarem uma cobertura de 67% no período entre 2020 e 2021.
  • Atualmente, apesar da ampla oferta, a cobertura vacinal está em baixa. Dados de estudos recentes mostram que a média nacional de cobertura contra pólio entre 2013 e 2022 foi de apenas 75,7%, muito abaixo da meta de 95% necessária para proteger toda a população infantil.
  • O país aplicou 23,9 milhões de doses da vacina contra a poliomielite em 2023. Em 2024, o número subiu para 26,7 milhões, mas voltou a cair drasticamente em 2025: apenas 7,8 milhões de doses foram registradas no primeiro semestre, uma redução de quase 59% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Com Assessorias 

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