Enquete realizada em setembro de 2020 com adolescentes entre 15 e 19 anos pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) constatou que 72% dos respondentes sentiram necessidade de pedir ajuda em relação ao bem-estar físico e mental durante a quarentena. Entretanto, 41% não recorreram a ninguém. Além disso, 46% se disseram mais pessimistas do que antes da pandemia, e 80% disse haver tido sentimentos negativos nos últimos dias, como depressão, ansiedade e preocupação.
Para dar voz a esse público, o Unicef lançou, em parceria com outras instituições brasileiras, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), o programa Pode Falar, um canal de ajuda virtual em saúde mental e bem-estar para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos com o objetivo de reduzir a violência e abuso infantojuvenil, autolesões, tentativas e finalizações de suicídio.
O Pode Falar funciona de forma anônima e gratuita por meio de um chatbot que pode ser acessado no site podefalar.org.br. “Com o longo período de distanciamento social, crianças e adolescentes aumentaram o seu tempo de exposição a telas, ampliando também a preocupação com a sua saúde física e emocional”, afirma Henrietta H. Fore, diretora executiva do Unicef.
Conforme a pandemia entra em seu segundo ano, a internet e a tecnologia continuarão a desempenhar um papel fundamental na vida de meninas e meninos. O Pode Falar surge como um espaço em que adolescentes e jovens podem informar sua demanda, de forma anônima, passar por uma triagem automatizada e ter uma resposta imediata, a depender da complexidade de sua questão, com indicação de materiais de apoio, informações e serviços,” explica Gabriela Mora, Gabriela Mora, oficial do Programa de Cidadania dos Adolescentes do UNICEF no Brasil, que apresenta o canal Pode Falar.
Como funciona o novo serviço
O Pode Falar foi criado no Dia da Internet Segura, celebrado em 9 de fevereiro, em parceria com diversas organizações da sociedade civil e empresas com expertise na área. O atendimento de escuta individual funciona em regime de plantão, em um processo simplificado de encaminhamento, conectado com as plataformas da instituição parceira responsável pelo atendimento.
A iniciativa está dividida em três sessões principais. Na primeira sessão, “Quero me cuidar”, os usuários que acessarem o canal poderão receber vídeos, guias e manuais com orientação para o autocuidado. A segunda sessão, “Quero me inspirar”, permite participar de um processo colaborativo entre pares de dicas sobre como ficar bem; na terceira, “Quero falar”, adolescentes podem receber atendimento humano de escuta qualificada, oferecido por organizações parceiras.
Para utilizar a ferramenta é necessário acessar o site podefalar.org.br e clicar em “Começar a falar.”
Parceiros – O Pode Falar foi idealizado pelo Unicef e implementado em parceria com ASEC (Associação pela Saúde Emocional das Crianças), Instituto Vita Alere, Instituto Syntese, Núcleo do Cuidado Humano da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), CVV (Centro de Valorização da Vida), Programa Vidas Preservadas, Ministério Público do Estado do Ceará, Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará (APDMCE), além de contar com o apoio do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e da SaferNet. O sistema foi desenvolvido pela Ilhasoft e a identidade visual é da Agência Nativa.