O carnaval deste ano vai ocorrer em cenário epidemiológico de covid-19 mais positivo do que nos anos anteriores, avaliam pesquisadores responsáveis pelo boletim Infogripe, divulgado hoje (16) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Apesar disso, são mantidas as principais recomendações de proteção individual e coletiva, a imunização contra a doença e a observação dos sintomas associados. O coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, pede responsabilidade aos foliões.

“A principal recomendação neste carnaval é em relação a quem está com sintomas respiratório próximo às festas, aos blocos e aos desfiles. Se a pessoa está carregando o vírus da covid-19 ou influenza, que também continua em baixa, fica o alerta de evitar passar em grandes eventos porque pode facilitar o processo de aumento de casos na sua localidade”, disse o pesquisador à Agência Fiocruz de Notícias.

Gomes pede ainda que a população se mobilize para buscar a imunização com a vacina bivalente contra covid-19, que vai começar em 27 de fevereiro. Em um primeiro momento, terá prioridade a população com maior risco de desenvolver casos graves de covid-19, como idosos acima de 60 anos e pessoas com deficiência.

“É extremamente importante que a campanha tenha alta adesão. Caso, de fato, haja novo ciclo de aumento de casos nos próximos meses, o que está dentro do esperado, é fundamental ficar em dia com a quantidade de doses recomendadas para o seu caso em particular, de modo que isso não gere impacto significativo em casos graves”.

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O Boletim Infogripe informa ainda que a maioria do país mantém queda ou está em situação compatível com a oscilação natural de casos graves de problemas respiratórios. O cenário de queda é verificado nas faixas etárias adultas, porém há crescimento das síndromes respiratórias graves entre crianças e adolescentes, o que pode estar associado a outros vírus respiratórios e à volta às aulas.

Um ponto que requer atenção é o aumento de casos positivos para os vírus Influenza A e Sars-CoV-2 no estado do Amazonas, nas semanas recentes. Segundo a Fiocruz, apesar do volume relativamente baixo, essa tendência pode ser um indicativo de início de temporada de crescimento de casos.

Presidente da Anvisa rebate CFM e defende uso de máscara

Nesta terça-feira 14, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu responder às criticas feitas pelo presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran da Silva Gallo, sobre a obrigatoriedade das máscaras, certificando que suas decisões são baseadas nas melhores evidências científicas.

Na segunda-feira 13, Gallo enviou um documento ao presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, tratando o uso da proteção como “ideologia” e afirmando que o descarte poderia provocar um problema ambiental. O documento afirma que não há evidência científica de que o uso de máscaras tenha impacto na diminuição de casos de Covid-19.

“O uso de máscaras como sinalização de virtude ou como medida de sensação de pertencimento social jamais pode ser imposto a pessoas que não compartilham de tais ideologias ou comportamentos”, disse.

Em resposta, a Anvisa afirma que baseia suas decisões “nas melhores evidências científicas, alinhadas a organismos nacionais e internacionais de referência como o Ministério da Saúde, OMS e Opas”. A nota diz ainda que cabe à Anvisa fazer a regulação do uso das máscaras nas áreas restritas dos aeroportos e dentro dos aviões. No caso de ruas, prédios públicos, privados, valem decisões do Poder Executivo.

Barra Torres, afirmou nesta quarta-feira (15) que o período do carnaval deste ano dará novos elementos para a agência avaliar se mantém ou derruba o uso de máscaras em aeroportos e aviões. De acordo com Torres, assim como “impôs a restrição” também caberá à Anvisa avaliar a “devida flexibilização ou eventual retirada”. Ele demonstrou preocupação com a circulação do vírus devido à intensa aglomeração de pessoas.

“O objetivo da manutenção do uso de máscara está claro, não somente atrelado a dados estatísticos e epidemiológicos das vinte e quatro horas do dia. O Brasil é a sede mundial da maior concentração de pessoas por um motivo festivo: é o carnaval. Não há como falar do início do carnaval, dos dias que a folhinha do calendário marca, nós sabemos que as celebrações do carnaval e aglomerações já vêm se dando há algum tempo”, disse na abertura da reunião colegiada.

Barra Torres lembrou que a doença deixou mais de 700 mil famílias de luto, além de outras pessoas que foram infectadas e ficaram com sequelas. O diretor presidente da Anvisa ressaltou que o uso de máscaras protege especialmente as pessoas com sistema imunológico mais suscetível a doenças, como crianças, grávidas e idosos.

“Não é razoável que uma celebração como essa à vida, à alegria, ao relaxamento depois de tanto tempo de dor e sofrimento e morte signifique um risco para todas essas coletividades”.

CFM nega evidência científica do uso de máscara

O CFM diz ter analisado diversas publicações científicas sobre o uso da máscara de proteção e outros estudos que afirmam a ineficiência do objeto. No ofício, o Conselho afirmou que a maioria dos assuntos ligados ao coronavírus, como a efetividade das políticas públicas em relação à obrigatoriedade do uso de máscaras pela população em geral é um “um tema ainda controverso”.

Após os estudos analisados, o CFM concluiu não haver evidências plausíveis para uso da máscara de proteção como um meio de reduzir a disseminação do vírus. “Portanto, não há evidência científica de que o uso de máscaras de forma banalizada e disseminada na comunidade tenha algum impacto sobre a transmissão de Covid-19 ou mesmo redução de adoecimento”, concluiu.

O CFM já chegou a defender autonomia de médicos para prescrever hidroxicloroquina contra a Covid-19, remédio que nunca teve comprovação de eficácia contra a doença. Na ocasião, Gallo chamou manifestantes contrários ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de “psicopatas”, durante cerimônia realizada na Câmara dos Deputados no ano passado para comemorar o Dia do Médico (18 de outubro).

Com informações da Agência Brasil e CNN

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