Dia 14 de novembro é o Dia Mundial de Combate ao Diabetes, uma doença que atinge milhões de brasileiros e, conforme apontam pesquisas, está diretamente associada à obesidade. Uma estimativa da Sociedade Brasileira de Diabetes, em 2021, apontou a existência de pelo menos 12,5 milhões de indivíduos com a doença no Brasil. Cerca de  60% dos brasileiros estão com sobrepeso e 22% com obesidade, segundo dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, em 2021.

De acordo com informações da International Diabetes Federation (IDF), o diabetes pode causar cegueira, insuficiência renal, amputações, infarto do miocárdio, entre outras complicações. Enquanto o diabetes do tipo 1 tem a genética como fator determinante, o ganho de peso associado ao sedentarismo está relacionado ao desenvolvimento do diabetes do tipo 2, doença crônica e progressiva, que afeta outros órgãos e tem sido sugerido como um desencadeador da doença de Alzheimer.

Agora pesquisadores do Laboratório de Morfometria, Metabolismo e Doenças Cardiovasculares (LMMC), do Instituto de Biologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), procuram descobrir possibilidades futuras de prevenção e tratamento para a obesidade e diabetes.

“O diabetes é uma comorbidade da obesidade. Então, se você evita a obesidade, você também está prevenindo o diabetes”, alerta Márcia Barbosa Águila, professora e coordenadora do estudo.

A partir de um experimento com roedores, um dos estudos busca compreender os efeitos das práticas de jejum intermitente com o treinamento intervalado de alta intensidade na redução de gordura em órgãos como o fígado, por exemplo.

Segundo a educadora física Patrícia Paiva, autora da pesquisa, os dados preliminares indicam que ambas as práticas, quando realizadas de forma independente, possuem eficiência para reduzir esse acúmulo de gordura. Ela alerta, inclusive, que realizar as duas práticas conjuntamente pode levar a perda de massa magra, por exemplo. A pesquisadora ressalta que está  finalizando a análise dos dados e deve apresentar suas conclusões até o fim de 2022.

“Começamos com a parte experimental, com animais, depois passamos às pesquisas com humanos. Por isso, iniciamos com roedores,  pois temos o controle do experimento . Depois testamos a translação desse conhecimento para humanos”, explica a professora.

Sobre a evolução da doença, que não possui cura, mas pode ser controlada com medicamentos, dietas e práticas físicas, Márcia Águila explica:

“Geralmente, a pessoa com aumento de volume corporal também apresenta sobrecarga no pâncreas, que, com a glicemia aumentada, recebe um excesso de estímulo para produzir insulina e pode começar a falhar. É possível até regredir a resistência à insulina se diminuir essa sobrecarga, mas, após certo ponto, há um comprometimento da secreção de insulina e então a pessoa se torna diabética”.

O sedentarismo é outro elemento que contribui para a alta incidência de sobrepeso e o consequente aumento de risco para o desenvolvimento da diabetes do tipo 2. Esse fator se agravou durante a pandemia, associado ao alto consumo de alimentos ricos em gordura e carboidratos.

“Além disso, o alto custo dos alimentos torna as pessoas mais pobres mais vulneráveis a esses problemas de saúde, porque elas acabam recorrendo a produtos mais baratos e ultraprocessados – sua composição com altas quantidades de carboidratos e farináceos contribuem para a obesidade e são uma sobrecarga para o pâncreas”, explica a nutricionista.

 

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