É uma coceira sem fim na barriga, nos braços, nas pernas, nas costas. Por vezes, a pele fica repleta de manchas vermelhas e, como se não bastasse, inchaço e dor podem complementar o quadro. Trata-se da Urticária Crônica Espontânea (UCE), forma mais impactante da urticária. A UCE é muito confundida com alergia, pois ambas apresentam sintomas semelhantes. Porém, ao contrário da alergia, a UCE não é causada por agentes externos como comida, produtos de limpeza ou picada de inseto, mas sim pelo próprio organismo.

As lesões (urticas) coçam intensamente e mudam de lugar, ficando no máximo 24 horas no mesmo local e somem sem deixar marcas. Estas lesões duram mais de 6 semanas e podem estar ou não associadas a inchaço de partes do corpo, principalmente lábios, olhos e boca. Ela atinge cerca de 1,5 milhão de brasileiros, tem maior incidência nas mulheres e prejudica muito a qualidade de vida dos pacientes, sendo pior inclusive para aqueles com hanseníase ou psoríase.

Em 1° de outubro, é lembrado o Dia Mundial da Urticária. A data foi criada por uma organização espanhola, a Asociación de Afectados de Urticaria Crónica (AAUC), para promover a troca de experiências e o conhecimento sobre a doença. E a troca de experiências faz sentido justamente pelo impacto da doença na vida dos pacientes. Interferência no trabalho, nos estudos, privação do sono, isolamento social, impacto nas relações conjugais e familiares são algumas das consequências da enfermidade.

Para ser ter uma ideia do quadro, às vezes a coceira é tão intensa que há privação do sono e a imprevisibilidade das crises gera um estado mental sobrecarregado, aumentando nos pacientes com UCE o risco de transtornos de ansiedade, afirma Luis Felipe Ensina, especialista em Alergia e Imunologia Clínica e coordenador do Centro de Referência e Excelência em Urticária (UCARE).

Levantamento realizado no 1° semestre de 2019 pela Novartis, tendo como base 352 pacientes do Programa Bem Estar com Urticária Crônica Espontânea mostrou a dificuldade de se chegar ao diagnóstico correto: 66% dos consultados afirmaram que foram informados de que as manchas vermelhas apresentadas estavam associadas a quadro alérgico; quando indagados sobre quanto tempo levaram para obter o diagnóstico de UCE após o surgimento do primeiro sintoma, mais da metade (52%) levou mais de um ano.

Outros aspectos interessantes da pesquisa estão relacionados à questão emocional dos pacientes. Eles foram questionados sobre os impactos invisíveis da enfermidade e existe, de fato, uma associação entre a UCE e os transtornos como ansiedade e depressão; 63% tiveram ansiedade após o aparecimento dos sintomas e 37,7% tiveram depressão.

Os impactos não param por aí. A Urticária Crônica Espontânea também afeta o trabalho, 60% dos entrevistados já faltaram algumas vezes por conta da enfermidade e 29% não faltam, mas têm dificuldade de concentração ao desempenhar atividades rotineiras. E, por fim, para 74% os sintomas de UCE afetam e muito a qualidade de vida.

Diagnóstico e tratamento

Apesar de ser uma doença desconhecida por mais de 90% da população8 e ter um enorme impacto na qualidade de vida dos pacientes, o diagnóstico da UCE não é difícil. Na maioria dos casos basta exames de sangue simples e uma história contada em detalhes para o médico.

O diagnóstico da Urticária Crônica Espontânea é realizado pelo dermatologista ou alergologista. A importância de não desistir e procurar o diagnóstico correto é enorme: com o tratamento adequado, 92% dos pacientes podem obter o controle completo dos sintomas da UCE, vivendo com uma qualidade de vida equivalente à de uma pessoa sem a doença.

Como diferenciar urticária aguda da urticária crônica

Cerca de 20% da população apresenta um episódio de urticária em algum momento da vida. Pode acometer pessoas de ambos os sexos, em diferentes faixas etárias, do bebê ao idoso.  A doença se manifesta com lesões (“empolações”) avermelhadas na pele, que coçam muito e incomodam bastante. Podem ter tamanhos diferentes e se juntar formando placas, que duram até 24 horas. As mesmas lesões podem reaparecer em seguida, em outras partes do corpo.

Em algumas pessoas, a urticária pode vir acompanhada de angioedema (“inchaço”), que aparecer em qualquer parte do corpo, sendo mais comum nas pálpebras e lábios. Na maior parte das vezes, não coça. Às vezes, pode ser acompanhado de dor ou queimação. Além disso, desaparece mais lentamente.

Régis Campos, coordenador do Departamento Científico de Urticária da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), explica que existem dois tipos de urticárias. “A aguda é a que dura menos tempo, no máximo seis semanas. É a mais frequente e ocorre, principalmente, nas crianças e adultos jovens. Já a urticária crônica tem duração igual ou superior a seis semanas. Ocorre mais em mulheres entre 25 a 45 anos de idade”.

urticária crônica, por sua vez, pode ser dividida em 2 subtipos:

– Urticária crônica espontânea, que é a mais frequente e as lesões surgem sem que se encontre qualquer fator externo responsável.

– Urticária crônica induzida, em que as lesões são desencadeadas por fatores externos específicos (exemplo frio, calor), identificados pela história clínica e testes de provocação.

urticária crônica, por ter duração prolongada, gera muito desconforto, ansiedade e pode até levar à depressão. Nesses casos, é necessário o acompanhamento do médico alergista juntamente outros profissionais da Saúde.

Conheça os MITOS relacionados à Urticária Crônica

– A pessoa que tem urticária crônica terá também choque anafilático?

MITO. O choque anafilático e edema na glote são mais comuns em pacientes que apresentam urticária aguda, sendo muito raros na urticária crônica.

– Urticária é contagiosa.

MITO.  A doença não é contagiosa e nem transmitida de uma pessoa para outra.

– Estou grávida e tenho urticária. Meu filho também terá?

MITO. O fato de a mãe ter urticária não significa que o filho também a terá.

– Pessoas com urticária crônica devem fazer dieta e evitar corantes, leite e glúten.

MITO. Nem toda pessoa que tem urticária terá obrigatoriamente alergia ao leite e ao glúten. Por isso, não há necessidade desta dieta, a não ser em casos específicos detectados pelo alergista.

Com Assessorias da Asbai e da Novartis

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